O PSDB passará a obstruir votações de projetos do governo até que rito do impeachment seja retomado na Câmara; já o PSB pode propor governo de transição
Depois de várias tentativas de implodir o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), a oposição volta a se assanhar. Desta vez a estratégia não será atacar, mas cruzar os braços. A delação premiada feita pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), divulgada na quinta-feira (3), e a convocação de Luiz Inácio Lula da Silva pela Polícia Federal na 24ª fase da Operação Lava Jato no dia seguinte reascenderam os planos de encurtar o segundo mandato da petista. Agora, a promessa é paralisar as atividades do Congresso Nacional numa nova ação para debilitar o governo.
Desde sexta-feira, dia da convocação de Lula pela PF, líderes de partidos se enfiaram em reuniões e mais reuniões com o objetivo de afinar a melhor estratégia para o momento – seja para dar sustentação política ao governo da presidente Dilma Rousseff, seja para encurtar sua permanência no Palácio do Planalto. Desta vez a missão parece ser mais fácil para os oposicionistas.
O PSDB, por exemplo, vai obstruir todas as votações na Câmara dos Deputados. Com isso, temas importantes para o governo, principalmente os da pauta econômica, ficam em banho-maria.
Os tucanos esperam com isso forçar o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a retomar os trabalhos da Comissão do Impeachment que julgará o pedido de afastamento da presidente DIlma. Apesar das diferenças entre os regimentos e de ter menos representantes, o partido pretende colocar em prática no Senado uma reação semelhante.
Com uma estratégia de discurso menos partidário, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) diz: “É preciso estancar esta super-bactéria da corrupção, O País é governado por um comitê da crise, simplesmente não há mais o que governar.” Para o tucano, as denúncias de Delcídio do Amaral contra Lula e outros integrantes do governo tornaram a crise ainda mais grave. Segundo Cunha Lima, a estratégia de boicotar as votações no Congresso é a forma mais adequada de pressionar para, com um novo governo, retomar os trabalhos.
Segundo outro tucano, o deputado Nelson Marchezan (RS), a iniciativa tucana reflete as condições precárias não só no governo. “As denúncias se espalharam por todos os Poderes. É a presidente sob investigação e risco de impeachment, são os presidentes da Câmara [Cunha] e do Senado [Renan Calheiros, do PMDB-AL] investigados na Lava Jato, é o possível envolvimento de um ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça] em irregularidades. Não votar os projetos no Congresso é uma forma de pressionarmos para que a situação volte a um estado de normalidade”, analisa.
PSB na oposição
O PSB, que já flertou com o governo, anunciou na sexta-feira que se afastará da Presidência. Uma ala dentro do partido, no entanto, propõe que Dilma entregue o cargo. Para que isso se vialize a ideia é que a presidente forme um governo de transição até a escolha de seu substituto, que poderia ocorrer junto com as eleições de outubro para prefeito.
Um dos defensores dessa ideia é Júlio Delgado (MG). “O governo vem errando sem parar. Não é mais uma questão partidária, mas administrativa. O governo da presidente Dilma acabou. Seria melhor que ela escolhesse uma saída honrosa. Um pacto de união entre os partidos poderia ser uma saída para que o Brasil não ficasse paralisado até a realização de novas eleições”, opina Delgado.
Paralelamente, PT e PCdoB, da base do governo, tentam enxergar alguma vantagem no agravamento da crise, como a mobilização dos militantes. Desde sexta-feira, quando Lula foi obrigado a depor na PF, partidários têm dado demonstrações de apoio ao PT. Difícil saber por ora, no entanto, como esse tentativa de vitimizar o ex-presidente (e Dilma, de certa forma) podem quebrar a nova investida da oposição.
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