Ação coordenada entre a Polícia Civil e o Bope mira lideranças do Comando Vermelho que teriam migrado do Pará para a localidade de São Gonçalo
Uma operação da Polícia Civil e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da PM, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, deixou, ao menos, 13 suspeitos mortos e três pessoas feridas, nesta quinta-feira (23). A ação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) na região mira o cumprimento de mandados de prisão contra lideranças do Comando Vermelho (CV) de outros estados que estariam abrigados no complexo.
Um dos mortos identificados na ação é Leonardo Costa Araújo, o Leo 41, que é apontado como um dos chefes da facção no Pará. O criminoso seria um dos responsáveis por série de ataques no estado do Norte contra agentes de segurança pública. Ao todo, desde 2021, mais de 40 agentes foram mortos no Pará.
O grupo comandado por Leo ainda seria responsável por ter orquestrado o assalto no Village Mall, na Barra da Tijuca, em junho do ano passado, que terminou com um segurança morto.
Além dos membros da facção de outros estados, a operação também mira lideranças que tem ordenado a invasão de territórios na Zona Oeste do Rio.
De acordo com a Polícia Civil, a ação começou ainda no início da manhã e logo na chegada das equipes do Core, com apoio de helicóptero blindado, houve uma intensa troca de tiros. Os agentes entraram em confronto.
Até o momento, o número de mortos ainda não foi confirmado pela corporação. Duas mulheres teriam sido baleadas durante a ação e socorridas para o Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), no Colubandê. As feridas foram identificadas como Roseni Paulino Dias, 53 anos, e Sonia Maria da Silva, 62.
De acordo com a neta de Sonia Maria, ela estava indo buscar uma receita médica no Posto de Saúde da Palmeira, para conseguir comprar remédios em uma farmácia por um preço melhor, quando acabou sendo atingida por um disparo. Ela foi socorrida por militares em um caveirão. O estado de saúde dela é estável.
A operação segue em andamento na região com apoio de cinco blindados, dois helicópteros e 80 homens, entre membros do Bope, da PM, do Core da Polícia Civil, e ainda agentes da polícia do Pará, que também atuam na operação. Diversas armas como pistola, fuzis, espingarda, revólver e metralhadora foram apreendidas.
Ainda nesta tarde, um blindado do Core chegou a unidade trazendo novos corpos de mortos na operação. Na traseira do blindado grande quantidade de sangue escorria. O Hospital Estadual Alberto Torres (Heat) informou que até o momento registrou a entrada de 16 pessoas baleadas em seu Centro de Trauma. Deste total, 13 foram a óbito. As outras três pessoas, duas mulheres e um homem, continuam em atendimento e estáveis.
Crianças se protegem de tiros
Imagens que circulam nas redes sociais mostram diversos alunos de uma escola da rede municipal de educação de São Gonçalo abaixados para se proteger dos tiros. De acordo com a prefeitura da cidade, todas as escolas da região não funcionaram na tarde desta quinta-feira (23) por causa da operação.
“A decisão foi tomada prezando pela segurança de alunos e funcionários, para evitar a circulação de moradores e crianças no entorno durante um possível confronto”, disse o órgão em nota.
Duas unidades de saúde também permaneceram fechadas durante o confronto.
Castro elogia trabalho das polícias
O governador Cláudio Castro (PL) elogiou o trabalho feito pelas polícias Civil e Militar durante as operações realizadas no Salgueiro, em São Gonçalo, e no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, contra a expansão de facções de outro estado no Rio. Castro fez menção a Leo 41, líder de uma organização criminosa do Pará, e a um outro suspeito, que seria chefe de uma facção do Sergipe.
“Confiamos nas nossas polícias, que operam num cenário mais desafiador do que qualquer capital do mundo. Parabéns ao Bope e à Core, não vamos admitir que o Rio seja usado como esconderijo de bandidos de outros estados” escreveu.
Quem também se pronunciou foi Helder Barbalho (MDB), governador do Pará. O político parabenizou o trabalho da Polícia Civil do Rio e do próprio estado na operação que resultou na morte de um dos criminosos mais procurados da região.
“A Polícia Civil paraense deflagrou uma operação conjunta com a Polícia Civil do Rio de Janeiro tendo como alvo integrantes de facções criminosas do Pará. Leonardo Araújo, conhecido como ‘L41’, foragido da justiça, morreu em confronto com os agentes de segurança. Ele era a principal liderança da maior organização criminosa que atua no Pará e ordenou diversos ataques também no Rio”, disse o governador.
Fonte: Meia Hora
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