Informação e conscientização são fundamentais para a preservação das diferentes espécies de abelhas. Saiba mais sobre a importância desse inseto
Muito se fala hoje sobre a redução no número de abelhas no mundo todo e o impacto que isso terá em nossa vida. Mas essa é só a ponta do iceberg: pouco se discute o declínio nas populações de abelhas brasileiras sem ferrão e o reflexo desse fenômeno em nossa biodiversidade e sociedade.
Nem todo brasileiro sabe que a abelha que conhecemos, aquela listrada e com ferrão, é uma espécie exótica, introduzida no país com a chegada da corte portuguesa, no início do século 19, e que, nos anos 1950, cruzaria com exemplares africanos que escaparam de um estudo em Rio Claro, no interior paulista. Sim, essa abelha híbrida que pica por aí não é genuinamente brasileira.
No mundo existem cerca de 20 mil espécies de abelhas, sendo 400 delas sem ferrão. Destas, 300 ocorrem naturalmente por aqui. É um tesouro pouco conhecido pela população, que costuma confundi-las com outros insetos e chega a matar seus enxames.
Uma forma de preservá-las é esclarecer os cidadãos e reconhecer o potencial do mel dessas abelhas, especialmente em receitas culinárias. Tais insetos são trabalhadores incansáveis e, verdade seja dita, seu principal produto não é nem o mel nem a própolis, mas o serviço prestado com a polinização das plantas.
Cerca de 70% do que comemos depende de agentes polinizadores como as abelhas. Não é à toa que Albert Einstein já havia afirmado que “se as abelhas desaparecessem da face da Terra, a espécie humana teria somente mais quatro anos de vida. Sem abelhas não há polinização. Ou seja, sem plantas, sem animais, sem homens”.
Além de sustentar a cadeia da alimentação, as abelhas nos presenteiam com mel, um ouro líquido que substitui o açúcar e oferta outros benefícios. É uma pena que ainda tenhamos poucas pesquisas com os méis das abelhas nativas. Já se sabe, porém, que são mais ricos que os das abelhas com ferrão, sobretudo por seus efeitos antibióticos.
Ainda assim, é uma arapuca pensar no mel apenas como algo a ser usado quando se fica doente: isso limita suas possibilidades. Ora, embora o Brasil seja um dos maiores produtores do mundo e possua alguns dos melhores méis, nosso consumo per capita é 25 vezes menor que o dos alemães e 15 vezes inferior ao dos americanos.
Para continuar a ter um mel de qualidade como o das abelhas nativas, precisamos conscientizar a população sobre o perigo de extinção que elas enfrentam e disseminar o papel que seu mel pode ter em nossas refeições — para o nosso prazer e a nossa saúde.
*Eugênio Basile é sócio-proprietário da Mbee, empresa de cultivo e produção de méis de abelhas com e sem ferrão
Fonte: Mbee
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