Com a Igreja totalmente lotada por fieis foi celebrado Missa, pelo Padre Jefferson Silva Oliveira na Igreja Nossa Senhora Aparecida da Paroquia Maria Mãe da Igreja, em homenagem a Santa Padroeira do Brasil. Na homilia o Padre Jefferson fala sobre a santidade da Mãe de Jesus: “Maria é um grande dom de Deus à humanidade. Não por acaso o anjo a denominou cheia de graça. Ela é, de fato, agraciada por Deus. Maria, como judia autêntica, sempre aprendeu a amar a Deus. O que ela não sabia é que Deus a amava tanto assim. Ao nos dirigirmos a ela, temos um exemplo de amor que nos encoraja a não desanimar neste mundo cheio de tantas negações deste amor”.
No final da Missa foi servido um suculento bolo para comemorar também o dia das crianças.
Sobre Nossa Senhora Conceição Aparecida
Em outubro de 1717, três pescadores, ao lançarem sua rede no rio Paraíba, colheram a imagem de Nossa Senhora da Conceição, no lugar denominado Porto do Itaguassu. Esta imagem foi chamada de “Aparecida” – aquela que apareceu.
Inicialmente, a vizinhança, aos sábados, se reunia para rezar em torno à imagem. A devoção – junto com os milagres obtidos, cuja intercessão era atribuída a ela – cresceu rapidamente. O Papa Pio XI declarou e a proclamou Nossa Senhora Aparecida, a construção da nova Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, solenemente dedicada por João Paulo II, a 4 de julho de 1980.
Assim se expressaram os Bispos da América Latina e do Caribe, por ocasião da Conferência de 2007: “[Nossos povos] também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela veem refletida a mensagem essencial do Evangelho. Nossa Mãe querida, […] desde Aparecida, convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo”.
2. Recordando a Palavra
O livro de Ester nos apresenta a figura de uma mulher que e intercessora a favor de seu povo. Ester é uma mulher judia que conquista o coração do rei Assuero. Disso resulta que ela é feita rainha. O povo de Ester – o judeu – está condenado ao extermínio. Todos serão mortos por causa de Mardoqueu, que não aceitava ajoelhar-se diante de Amã, alto dignitário do rei.
Ouvimos que Ester toca a ponta do cetro do rei. Isso significa que ela reconhece sua realeza, não com o objetivo de tirar proveito próprio, mas para todo o povo ao qual pertence e representa. Então, diante da possibilidade de pedir o que quisesse para si, Ester pede que seja concedida a vida a ela e a seu povo. Ester o faz munida de sua beleza física e da confiança inabalável em Deus.
O Apocalipse nos coloca diante de duas figuras antagônicas: uma mulher e um monstro.
Ambos aparecem como dois sinais no céu. Os sinais transmitem uma mensagem e orientam a nossa ação. O primeiro grande sinal no céu é uma mulher formosa: aparece vestida de sol, com a lua sob os pés e com doze estrelas na cabeça. O outro sinal é um monstro horrível: grande, vermelho, com sete cabeças e 10 chifres.
A mulher aparece como sinal de vida: está grávida e aponto de dar à luz; em seguida, dá à luz um filho homem. O monstro é sinal de morte: está para matar o filho da mulher, além disso, com sua cauda arrasta a uma terça parte das estrelas. […] A vida aparece formosa, porém débil e frágil; a morte aparece como uma força horrorosa e poderosa.
No confronto entre a vida e a morte, no entanto, o que triunfa é a vida. Como conseqüência disso, a mensagem fundamental desta apresentação mítica é uma mensagem de esperança (RICHAR, Pablo. Apocalipse, reconstrução da esperança. Petrópolis: Vozes, 1997. 2ed., p.174)
Esta mulher é figura do povo de Deus – o antigo Israel -, do qual nasceu Jesus segundo a carne, e o novo Israel – a Igreja, Corpo de Cristo. Nesse sentido, se pode ler este texto numa ótica mariana, pois Maria é figura da Igreja: o que se aplica a Maria é aquilo que a Igreja já é e ainda se deve tornar.
O Evangelho nos apresenta as Bodas de Canaã, primeiro sinal (João não fala em milagres) feito por Jesus. O texto contém impressionante riqueza de detalhes. Não podemos aqui abarcar todos.
A narrativa inicia dizendo que houve uma festa, e a mãe de Jesus estava presente. Maria pertence inicialmente à Antiga Aliança. Maria está presente desde o início da obra de Jesus. Lembremos que na cruz – a hora -, João assinala que ela também estava lá. Estando Jesus e seus discípulos convidados para este casamento, acontece que vem a faltar o vinho.
Maria avisa seu filho deste ocorrido. Jesus responde-lhe que sua hora ainda não chegou, e a chama de mulher. Mulher é um termo normal para tratar uma senhora. Ele tem aqui o sentido de superar a individualidade: Jesus não está falando apenas a Maria, mas a todo Israel. Se Maria inicialmente pertence à Antiga Aliança, o apelativo “mulher” pode denotar certa ruptura: Jesus faz-lhe ver a necessidade de romper com o passado.
Embora Jesus pertença à tradição israelita, é também Filho de Deus. A tradução exata de sua pergunta seria: que há entre mim e ti? A hora de Jesus, no quarto evangelho, é a cruz: a hora da glorificação do Filho. O que Jesus fará é um sinal do que ele realizará na cruz. Maria, a qual representa Israel, percebe que o vinho da Antiga Aliança acabou, esgotou-se. Ela percebe isso, mas não tem a solução. Ela sabe, contudo, há solução para esse problema: Jesus.
Maria orienta, então, os serventes para que façam tudo o que Jesus disser. Ela, que é primeira dos que crêem, orienta a confiança do povo para Jesus.
As seis talhas vazias nos indicam que “os utensílios do judaísmo ficaram inúteis, mas agora vão servir para uma realidade nova. Jesus dá às talhas um novo destino: manda enchê-las com água. No simbolismo judaico, a água é associada à Torá. Essa não falta, vinho sim – falta a alegria messiânica”. As talhas são seis, número de imperfeição (sete menos um), novamente para mostrar a incapacidade dos utensílios judaicos.
Jesus mandou colocar água nas talhas. De onde vem essa água? Não está dito, mas é lógico que ela vem de uma fonte ou de um poço. É a água da criação original. O sinal de Canaã é uma figura da aliança de Deus. Ele significa que a aliança de Deus com Israel transfere-se para a nova aliança, assim a água passa para o vinho.
O vinho dado por Jesus está para água como o Espírito Santo está para o batismo de João. Encheram-se os jarros até borda: Israel chegou ao limite do que podia apresentar.
Temos então a água que, quando servida, se revela vinho, e vinho de altíssima qualidade: o melhor. Em Israel quem oferece a festa de casamento é o noivo. No entanto, nesta festa, quem é o noivo? Muitas vezes se disse que o noivo é Jesus. Não pode ser, pois o próprio texto diz que ele foi convidado para a festa. Se Maria, junto com os serventes, é figura de Israel, o noivo. Israel é a noiva. Entre eles é que acontece a Nova Aliança. É Deus quem providencia o vinho melhor e mais abundante do tempo messiânico que se inaugura.
Tu guardaste o vinho bom ate agora. “Agora” indica o momento em que começa a manifestação messiânica de Jesus. Com ele se inaugura uma radical novidade em Israel, que supera, assim como a qualidade do vinho, qualquer expectativa.
Lendo a narrativa na perspectiva de que Deus é o noivo e Israel é a noiva, quem é, então, Jesus? Ora, se o mestre–sala diz que o noivo guardou o melhor vinho até agora, é conclusão lógica que Jesus é o vinho novo, é o melhor de Deus, agora oferecido à humanidade.
O que foi tirado das talhas e vinho, é um vinho melhor. Não é apenas um milagre, é um sinal. O significante não é o vinho como tal, mas a passagem da água para o vinho.
Este foi o início dos sinais de Jesus; manifestou a sua glória e os discípulos creram nele. O sinal não tem valor por si, mas por aquilo que representa. Transformar água em vinho não tem grande valor em si; o que vale é o sinal, a realidade para qual este fato remete: a missão messiânica de Jesus. Por fim, os sinais de Jesus têm duas finalidades: manifestar a sua gloria e suscitar a fé dos discípulos. É isso que acontece em Canaã.
3. Atualizando a Palavra
Pela breve exegese das leituras percebemos algo fundamental na pregação a respeito de Maria: no centro do mistério cristão está Jesus Cristo. Maria é a primeira crente, que, por seu exemplo e sua materna intercessão, nos ajuda a seguir seu filho. Deus guardou o melhor vinho até agora. Maria ajuda na apresentação deste vinho à humanidade.
Ester usou de sua beleza e confiança em Deus para interceder junto a ao rei. Vemos nela a figura de Maria, uma antecipação: Maria é a toda santa, pura e bela, mulher de fé inabalável que, por sua condição de
especial santidade entre as criaturas – rainha do céu e da terra -, intercede com especial eficácia junto a seu filho.
O apocalipse nos mostra que o dragão quer, na verdade, matar o filho da mulher. No entanto, como este é levado para junto de Deus e de seu trono, ele passa a perseguir a mulher que gerou este filho. É o que se passa com a comunidade joanina do final do primeiro século: sofre perseguição por causa de Cristo.
Na fragilidade – igual à da mulher -, só subsiste por causa da ação de Deus em seu favor. Maria é mulher frágil, simples, humilde. Contudo. Ação de Deus em sua vida, completada por uma adesão plena de sua vontade e liberdade a Deus, faz com que ela se entregue à sua missão de seguir e apontar para seu Filho, o filho de Deus, o Messias.
Em João, percebemos a função de Maria como intercessora, a qual apresenta nossos pedidos ao Filho, como sua mãe e especial seguidora, afirmou João Paulo II, por ocasião da dedicação da Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser. E, como outrora em Canaã da Galileia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida é muito especial na história de fé de todos nós, brasileiros e brasileiras. Ela continua exercendo a dupla função de apresentar nossas preces a Cristo e de pedir que façamos o que Ele nos diz. Sua pessoa nos aproxima de Jesus de maneira impressionante.
Maria é santa e, desde seu nascimento, já foi concebida sendo preservada de toda a mancha da culpa original. Em Maria, não existe a experiência que temos do pecado original, manifestada em nossa tendência a nos afastarmos de Deus e nos voltarmos sobre nós mesmos, numa atitude de egoísmo. Nela tudo é experiência de uma vida que se orienta total, indivisa, santa e livremente para Deus.
Gostaríamos de ser como ela. Olhamos para Maria, pedindo que consigamos nos aproximar sempre, como ela, de Deus. Enfrentamos, porém, limites, obstáculos, frustrações. Maria é a única das pessoas humanas – excetuando Jesus Cristo, Deus e homem – que está plenamente na glória de Deus. Por isso, ela não é apenas santa, é santíssima, pois contempla, em plenitude, o Santo dos Santos: Deus.
Ela já ressuscitou – em corpo e alma assunta ao céu. Cremos que esse é o destino para o qual somos chamados em Cristo. Por graça de Deus chamados à comunhão com Ele. Maria é a concretização plena desta comunhão. Olhar para ela nos enche de esperança na caminhada.
Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (Cf. Lc 1,38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigênito, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7).
Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egito a fim de salvá-lo da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19-51), transmitiu-se aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. At 1,14; 2,1-4).
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