Maior procura para “fazer” a unha pode causar aumento na ocorrência de doenças
25 de agosto de 2019

Especialista alerta que rotatividade em salões de beleza e esmalterias têm aumentado e diz que clientes devem ficar atentos

De repente, um sintoma surge aqui ou ali. Por vezes uma febre, a perda de apetite ou em outra ocasiões até dores abdominais aparecem e se caracterizam como indícios de algo que tanto homens como mulheres não sabem de onde surgiu. O fato é que muitos deles não imaginam que o simples palito, luva, lixa ou alicate da manicure pode provocar desde doenças consideradas como simples até a Hepatite B e a AIDs – transmitidas pelo contato com o sangue.

Especialistas chamam a atenção dos clientes que também há o risco de contaminação por fungos. Eles alertam que, geralmente, o cliente senta na cadeira, relaxa, começa a conversar e não percebe se os profissionais estão utilizando os apetrechos corretos, incluindo os Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

O segundo lado da moeda também existe. Cada vez mais os salões de beleza e esmalterias estão buscando estratégias para oferecer serviços de qualidade e preocupados com a saúde dos clientes. No entanto, segundo Bernarda Lyra, proprietária do Spa das Unhas Internacional, localizado na rua Engenheiro Mário de Gusmão, no bairro Ponta Verde, um fator deve ser levado em consideração: a maior procura do público pode provocar um aumento no número de casos de doenças.

“Antigamente, os estabelecimentos eram para mulher, mas agora, com essa ‘onda’ das barbearias, tem muito homem fazendo a unha. Às vezes, o salão tem muita rotatividade de alicate, por exemplo. Ele tem que ficar mais ou menos uma hora na esterilização, mas, às vezes, não dá tempo e acaba acontecendo o reuso do alicate”, explicou ela, que possui certificado internacional em unhas.

“FAZER” AS UNHAS COM SEGURANÇA

Os salões de beleza e esmalterias participam ativamente do dia-a-dia, principalmente, de diversas mulheres. Aliás, a pergunta “me indica um lugar/pessoa para ‘fazer’ as unhas?” é constante em uma conversa entre amigas. Em razão disso, os estabelecimentos que não buscam manter os cuidados necessários acabam sendo os mais procurados.

Bernarda Lyra alerta que os clientes devem ficar atentos se a esmalteria é segura

Bernarda afirma que a confiança e o valor são determinantes para as clientes. “A pessoas hoje procuram muito o preço, principalmente para fazer pé e mão. Não olham a higiene das coisas. É preciso se perguntar por que em um lugar custa R$ 20 e no outro R$ 50. No segundo é mais caro porque usa materiais descartáveis e no outro não tem nada disso.”

É, por isso, que a proprietária do Spa das Unhas Internacional alerta que, apesar das mulheres terem conhecimento do risco, muitas esquecem de exigir o direito como consumidora e são atendidas sem os materiais apropriados.

“Ela não exige que a manicure use luva na hora de retirar a cutícula, por exemplo. E isso é o básico, por que se a manicure não usa luva e corta a cliente, tirando um ‘bife’,  como chamam no popular e, logo após atende outra cliente, ela passa a doença para a outra”, explicou.

A Vitória Maurício, de 64 anos, é uma das pessoas que sofreram com a falta de cuidados. Ela contou que sempre se precavia e levava o próprio alicate para as sessões de beleza, mas, naquele dia específico, resolveu arriscar e foi até à esmalteria sem o objeto.

“A manicure não estava usando nada. Minhas unhas ficaram rachadas e com um listra branca, como se tivesse um calo. Elas ficaram fofas. Eu passei um ano fazendo tratamento e a dermatologista proibiu de fazer as unhas. O tratamento é muito demorado. Hoje só faço a unha com podólogo”, relatou.

ATENÇÃO AOS CUIDADOS!

Na era em que a saúde e o bem-estar estão cada vez mais na moda. O cuidado com as unhas não é frescura e não pode ser deixado de lado. Dessa forma, Bernarda Lyra frisa que a realidade dos estabelecimentos que não fazem o uso da proteção precisa ser alterada.

Ainda de acordo com ela, as profissionais de beleza, além de fazer uso dos EPIs – toalhas descartáveis, luvas, lixas de pé, palitos de pé -, devem deixar todos os demais instrumentos totalmente esterilizados.

“A doença não aparece mais pela falta de prevenção ou pelo não uso dos EPIs e sim, por que a doença vem de um alicate mal esterilizado. Muitos salões e esmalterias ainda usam forninhos de esterilização, que não eleva muito a temperatura. Eles até esterilizam, mas não combatem a hepatite e a AIDs”, informou.

Apetrechos devem ser esterilizados em um equipamento com alta temperatura

Uma segunda alternativa é a utilização de um papel que muda de cor quando o objeto está completamente higienizado e torna possível que o cliente tenha conhecimento disso. Entretanto, a especialista aconselha que o ideal é a compra de uma máquina Autoclave – esterilizador de materiais e artigos médico-hospitalares -, que possui um vapor em alta temperatura.

ESMALTERIAS FECHADAS 

Tanto a segurança com a limpeza dos utensílios como o local merecem atenção especial, mesmo que, recentemente, o cabeleireiro, manicure e pedicure terem sido classificados como atividade de baixo risco, sendo não mais obrigatório a obtenção de um Alvará de funcionamento pelos estabelecimentos.

Com isso em vista, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que continuará realizando fiscalizações com o objetivo de minimizar os riscos sanitários relacionados a essas atividades a partir da denúncia da população. Além disso salões e esmalterias já foram fechados ou multados por irregularidades.

O órgão também recomendou que os locais devem “ter produtos registrados pela Anvisa, não trabalhar com produto “em vencimento”, assegurar o cuidado na esterilização dos instrumentos e higienizar o material de trabalho.”

As denúncias para acionar a Vigilância Sanitária podem ser acionadas por meio do número 3315-5241 ou do site da Governança chamado Colab.

Secretaria Municipal de Saúde recomenda que salões de beleza trabalhem com “produtos registrados pela Anvisa”

FOTO: SHUTTERSTODY

G1