Hoje (27/01) é o Dia Mundial em Memória do Holocausto
27 de janeiro de 2016

A dura lição do Holocausto

Há 71 anos, no dia 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas entraram no campo de extermínio nazista de Auschwitz, na Polônia, para liberar os poucos sobreviventes.

Diante do avanço das forças aliadas, os nazistas vinham esvaziando o campo no qual mais de 1 milhão de pessoas, a grande maioria judeus, foram exterminadas.

Permaneceram apenas algumas centenas, como os mais fracos e doentes, que não tinham força para participar das infames “marchas da morte”. A tentativa nazista de esconder o genocídio, porém, foi em vão, como os próprios soldados soviéticos perceberam ao se depararem com pessoas em condições sub-humanas e evidências como roupas, malas e sapatos das vítimas.

Aquela data, libertadora ainda que tardia, foi escolhida pela ONU para marcar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que celebramos hoje. Mais do que nunca, o mundo precisa refletir sobre o crime inominável que matou 6 milhões de judeus no coração da “moderna” Europa pelo simples fato de serem judeus.

Hoje, infelizmente, está claro que as lições do Holocausto não foram aprendidas. A intolerância explode e mata em várias partes do mundo, embalada por ferramentas poderosas de comunicação, capazes de promover o ódio com eficiência inédita na história.

O antissemitismo cresce de forma alarmante, principalmente pela Europa e pelo Oriente Médio, agora conduzido por campanhas de ódio –cada vez mais explícitas– contra Israel.

Poucas décadas depois do Holocausto, judeus novamente temem andar pelas ruas europeias, em decorrência do antissionismo (a negação do direito de os judeus terem seu Estado em Israel), atualização do antissemitismo de outrora.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse no último sábado (23) que os alemães, e os europeus em geral, precisam fazer mais para combater o crescente antissemitismo na região. O presidente e o primeiro-ministro franceses já disseram o mesmo, após vários ataques contra judeus no país.

Neste mês de janeiro, um professor de escola judaica foi agredido em Marselha, ao ser identificado como judeu, por usar um quipá na cabeça. Assustado diante de tantos ataques, o líder da comunidade judaica local sugeriu que os judeus parassem de usar sinais externos que identificassem sua religião.

Numa manifestação contra Israel nas ruas da Alemanha há pouco tempo, ouviram-se gritos de “Hamas, Hamas, judeus à câmera de gás”. O extremismo jihadista ataca em Paris, Copenhague, Toulouse e Jerusalém.
No Brasil, ainda estamos longe desse tipo de radicalismo e ações violentas. Presenciamos, no entanto, ataques contra homossexuais e praticantes de religiões de matriz africana.

E, cada vez mais, grupos de interesse, que trazem o antissemitismo em sua essência, promovem o mesmo ódio a Israel e as mesmas campanhas discriminatórias de ataques e boicotes contra o Estado judeu.

Criticar o governo de Israel ou o de qualquer outro país é um direito de todos, mas escolher Israel como Estado pária vai muito além do aceitável e só pode ser fruto da ignorância, da intolerância ou de ambos.

Por isso, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) escolheu o combate à intolerância como tema deste ano na comemoração do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

O mundo e o Brasil não devem esquecer o que aconteceu (e ainda acontece) na Europa para que tudo aquilo não se repita.

A intolerância não pode ser tolerada, seja contra os judeus ou contra qualquer outro grupo. É essa a lição maior do Holocausto, e consideramos um dever compartilhá-la.

Aprendemos a distinguir quando a intolerância começa. E como ela termina

dia mundia do holocausto

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