Propostas foram encaminhadas ao governo no estado. Federação destaca importância de acelerar investimentos em saneamento
Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2015
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro enviou ao governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, nesta terça-feira, 24 de fevereiro, sugestões de medidas para minimizar as consequências da crise hídrica, e preparar a população e as indústrias para o enfrentamento de um período prolongado de escassez.
O setor industrial, responsável por 827 mil empregos diretos, já vem fazendo sua parte: nos últimos dois anos, 56,7% das indústrias fluminenses adotaram ações de racionalização do uso água, o que levou a uma redução de 25,6% no gasto de água nesse período. Os dados são de uma pesquisa recente realizada pela FIRJAN.
Desde o início do ano passado, o volume de água dos quatro reservatórios localizados no Rio Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de 75% do estado do Rio, vem diminuindo e ameaça o fornecimento constante de água para mais de 12 milhões de pessoas e mais de 3.800 indústrias, somente no território fluminense.
Desde então, algumas ações foram implementadas pelos órgãos responsáveis, sendo a de maior reflexo a redução das vazões transpostas do Rio Paraíba do Sul para a Bacia do Rio Guandu. Hoje, essa vazão alcança o menor valor já praticado em 85 anos. O Sistema FIRJAN tem representado e apoiado as indústrias fluminenses, desde o início dessas discussões, na busca de soluções que minimizem os impactos dessas reduções na disponibilidade de água e em suas atividades.
Na carta ao governador, o presidente do Sistema FIRJAN, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, destaca a importância de investimentos em saneamento. Um rio saneado é sinônimo de novas fontes de abastecimento. Entre as medidas sugeridas pela Federação há, por exemplo, a aceleração da implementação da Nova Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, que atenderia adicionalmente 4,5 milhões de consumidores na Baixada Fluminense e Região Metropolitana. A criação de condições diferenciadas e incentivadas para projetos de dessalinização de água do mar é outra ação fundamental apontada pela Federação.
“Temos absoluta certeza de que o Governo do Estado do Rio de Janeiro está empenhado em garantir as condições necessárias para continuarmos no caminho do desenvolvimento sustentável e que uma situação grave como a que passamos hoje demanda esforço e participação de todos”, afirma Eduardo Eugenio, na carta.
Confira abaixo o texto na íntegra da carta, em que estão listadas todas as sugestões da FIRJAN.
Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2015
Ilmo. Sr.
Luiz Fernando Pezão
Governador
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Prezado Senhor Governador,
Face à crise hídrica de proporções inéditas pela qual passa o estado do Rio, o Sistema FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – vem manifestar sua preocupação em relação à realidade enfrentada pelas Indústrias fluminenses e seus reflexos para toda a sociedade.
Desde o início do ano passado, o volume de água dos 4 reservatórios localizados no Rio Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de 75% do estado do Rio, vem diminuindo e ameaça o fornecimento de água para mais de 12 milhões de pessoas e mais de 3.800 indústrias, somente no território fluminense.
Desde então, algumas medidas de gestão foram implantadas pelos órgãos responsáveis, tendo como maior reflexo a redução das vazões transpostas do Rio Paraíba do Sul para a bacia do Rio Guandu. Hoje essa vazão alcança o menor valor já reportado em 85 anos. O Sistema FIRJAN tem representado e apoiado as indústrias do estado do Rio, desde o início dessas discussões, na busca de soluções que minimizem os impactos dessas reduções na disponibilidade de água e em suas atividades.
O setor industrial tem muito que mostrar. Sendo responsáveis por 827 mil empregos diretos, as indústrias do estado do Rio há muito vêm implementando ações de redução no consumo e reúso de água. Segundo dados de uma pesquisa feita pelo Sistema FIRJAN, 56,7% das indústrias já adotaram alguma medida de redução do consumo de água, o que levou a uma redução média no consumo de 25,6%, nos últimos 2 anos.
Porém, mesmo essa evolução pode não ser suficiente para enfrentar uma crise prolongada, com perspectivas de agravamento, como a que estamos vivendo. Não há discussão quanto à prioridade do abastecimento humano em caso de escassez. Tal princípio já faz parte da Política Nacional de Recursos Hídricos desde 1997. Porém, é importante que a indústria fluminense tenha oportunidade de participar das decisões e da busca de alternativas que garantam sua capacidade de produzir e gerar empregos, com o apoio necessário do Governo, em todos os níveis.
Nesse sentido gostaríamos de sugerir algumas medidas que consideramos importantes para enfrentamento dos desafios atuais e futuros:
- Acelerar a implementação das ações para melhorias dos Sistemas de Abastecimento de Água, como o projeto da Nova Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, o que seria capaz de atender a um aumento populacional de 4,5 milhões de consumidores na Baixada Fluminense e Região Metropolitana do Rio de Janeiro;
- Acelerar a implementação das ações para melhoria dos Sistemas de Coleta e Tratamento de Esgoto, visando a expansão, dos atuais 59%, para 90% de atendimento da rede coletora e, dos atuais 35%, para 70% de tratamento dos esgotos sanitários coletados, previstas para 2030;
- Criar condições diferenciadas e incentivadas para a outorga e para o uso da água subterrânea pelas indústrias do estado do Rio, onde for tecnicamente viável;
- Criar condições diferenciadas e incentivadas, para a implementação de projetos de dessalinização de água do mar;
- Seguindo os exemplos dos projetos do Aquapolo, em São Paulo e Água Viva, na Bahia, promover o estabelecimento de Parcerias Público Privadas, ou outro modelo de negócio que viabilize técnica e financeiramente o fornecimento de água de reuso de Estações de Tratamento de Água ou de Esgoto, para a indústria fluminense.
Temos absoluta certeza de que o Governo do Estado do Rio de Janeiro está empenhado em garantir as condições necessárias para continuarmos no caminho do desenvolvimento sustentável e que uma situação grave como a que passamos hoje demanda esforço e participação de todos.
A indústria fluminense vem fazendo sua parte e vai continuar contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Estado do Rio de Janeiro
Atenciosamente,
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente do Sistema FIRJAN
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