Procurador da República Rafael Brum Miron disse que presos relatavam em mensagem a vontade de morrer durante os Jogos para conseguir ir ao paraíso
O procurador da República Rafael Brum Miron, da Operação Hashtag, afirmou que o FBI, a Polícia Federal norte-americana, alertou o Brasil sobre pelo menos seis suspeitos de compor uma célula terrorista internacional do Estado Islâmico no País. O relatório da polícia norte-americana era “sucinto”, segundo o procurador, mas apontava para os investigados e advertia sobre o radicalismo deles.
A Operação Hashtag prendeu 10 suspeitos na última quinta-feira (21). Todos foram levados para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Nesta sexta-feira (22), no final da tarde, outro procurado, que estava foragido, se entregou em uma pequena cidade na fronteira da Bolívia. Nas missões de buscas nos endereços dos alvos da Hashtag realizados pela Polícia Federal foram apreendidos “objetos de apologia” ao Estado Islâmico.
A operação ocorreu quando faltavam 15 dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, quando o Brasil receberá atletas de todo o mundo, incluindo países que foram alvos de ataques recentes do grupo. Os mandados foram expedidos pela 14.ª Vara Federal de Curitiba, onde morava o suposto líder do grupo.
Os riscos de um atentado terrorista no Brasil diminuíram “sensivelmente” após a prisão dos suspeitos de fazer parte de uma célula do Estado Islâmico no Brasil, afirma o procurador. Os investigadores monitoraram as conversas dos investigados e descobriram uma possibilidade concreta de atentado durante os Jogos do Rio.
“Eles são amadores, são. Mas não conheço suicida experiente”, afirmou o procurador. “Eles não têm técnicas muito apuradas. Mas, para dirigir um caminhão e atropelar 80 pessoas, não precisa de muita técnica. Existe a preocupação. Neste processo, ela é séria. Por isso essas pessoas estão presas.”
Desde maio, a Operação Hashtag se debruçou sobre mensagens trocadas pelo aplicativo de mensagens Telegram e por meio de redes sociais e achou conversas em árabe, inglês e português. “Tinha notícia de firme propósito (de promover um atentado), embora sem dar data, sem dar local: ‘Sim, eu quero, eu tenho de morrer para ir para o paraíso’, coisa desse tipo”, afirmou o procurador.
A Operação Hashtag prendeu mais de 11 suspeitos e expediu 14 mandados, incluindo os de busca e apreensão e de condução coercitiva, amparada na Lei Antiterrorismo. Foi a primeira vez no País que a lei, promulgada em março, foi aplicada na prática. “O Brasil permite uma punição de risco ao terrorismo. A legislação brasileira é muito ampla. Existia o risco concreto? Existia. Mas tinha data, lugar, programação? Não, não tem isso. Eu acredito que os riscos, em virtude dessas prisões, diminuíram sensivelmente”, disse Brum de Miron.
Fonte: Último Segundo – iG
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