Popularmente conhecida como “virose da mosca” tem diferentes possibilidades de transmissão. Higiene das mãos e dos alimentos estão entre os cuidados
Entre 30 de dezembro do ano passado e o último dia 12 de janeiro, foram registrados 11.106 casos de Doenças Diarreicas Agudas (DDA), popularmente chamada de “virose da mosca”, segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Se comparado ao mesmo período de 2018, houve redução de 7,7% das notificações. Em todo o ano de 2018, foram 307.311 casos de DDA, sendo o pico entre os meses de fevereiro e março (84.741). Em 2017, foram 314.840 casos, segundo a Sesa.
Com a doença, a pessoa infectada apresenta aumento de evacuações, com fezes aquosas ou com pouca consistência. Entre os sintomas: náusea, vômito, febre, dor abdominal e muco ou sangue nas fezes. A doença, em geral, dura entre 2 e 14 dias. Após 24 horas, se o número de evacuações e vômitos não diminuir, é necessário procurar uma unidade de saúde.
Segundo a técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Caroline Muniz, o Estado não vive uma situação de surto. “A gente faz, todo ano, um diagrama de controle, onde é calculado uma média móvel e o limite superior. Se (o número de casos) ultrapassar esse limite superior, é que podemos considerar um surto”, explica.
Caroline lembra que o Ceará teve um período de surto em fevereiro do ano passado. “Este ano estamos dentro do limite esperado. Alguns municípios estão tendo um número de casos maior do que o esperado, mas isso é avaliado caso a caso. Às vezes, não é nem que aumentou o número de casos, mas as coordenações das vigilâncias estão mais ativas, e acaba tendo maior descoberta de casos”, informa a técnica.
O período de sazonalidade da doença, entre janeiro e abril, coincide com parte da quadra chuvosa do Estado – que vai de fevereiro até o fim de maio. Ou seja, é época em que há maior incidência de precipitações. Cenário que propicia um maior número de casos da doença em relação ao restante do ano.
Em 2018, houve mais de 4 milhões de casos de DDA no Brasil, conforme nota técnica da Sesa. A doença tem relação direta com as precárias condições de vida e saúde dos indivíduos, em consequência da falta de saneamento básico e desnutrição crônica, entre outros fatores. Motivos esses que poderiam estar ligados a uma maior presença de moscas e ao diagnóstico popular associado ao inseto.
“Não existe uma virose da mosca. O que nós sabemos é que as moscas são um indicativo de falta de higiene, de material orgânico estragando, de sujeira.
Onde tem muita mosca é porque tem sujeira. E não há dúvida que as moscas pousam em um local e pousam em outros, e podem trazer consigo bactérias, vírus etc. Por isso que esses quadros são mais gastrointestinais: diarreias, vômitos, febre etc.”, esclarece o médico infectologista Anastácio Queiroz.
Ainda conforme Queiroz, no período de chuvas há um maior risco de contaminação da água, e, consequentemente dos pés e das mãos, principalmente nas comunidades em condições mais precárias.
Uma vez que a Doença Diarreica Aguda é transmitida por vírus, bactérias e parasitas, não só a mosca pode ser um vetor, mas rato, barata, formiga e o ser humano também podem transmitir esses microorganismos. Por isso, a higienização correta das mãos e dos alimentos é fundamental para prevenir a DDA.
Para evitar a propagação da DDA, os especialistas citam, entre os cuidados, lavar as mãos com água e sabão, antes das refeições e ao manipular alimentos, aleitamento materno, além de ingerir água e alimentos de procedência segura, e ter cuidado com as condições sanitárias em geral.
DDA
Transmissão
Transmissão direta: pessoa a pessoa (por exemplo, mãos contaminadas) e de animais para pessoas.
Transmissão indireta: ingestão de água e alimentos contaminados e contato com objetos contaminados (por exemplo, utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos hospitalares).
Agentes etiológicos de origem infecciosa
Vírus: Rotavírus, adenovírus entérico, calicivírus, astrovírus e outros;
Parasitas: Giardia lamblia, Entamoeba histolística e Cryptosporidium;
Bactérias: Shigella, Salmonella, Escherichia coli e Vibrio cholerae.
Fonte: OPOVO
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