Hortiterapia, horticultura ou terapia horticultural. Os termos se referem à prática de jardinagem usada como meio terapêutico
Viver nos grandes centros urbanos tem inúmeras vantagens. Mas é fato que o crescimento das cidades trouxe a diminuição da natureza ao redor. Por isso, muitos defendem que levar um pouco das cores e cheiros das plantas para dentro de casa pode ser benéfico. Aliás, algumas pessoas descobriram que, mais do que ter, cultivar plantas é uma forma de higiene mental. Elas seguem a máxima: está estressado? Vá plantar!
Hortiterapia, horticultura ou terapia horticultural. Os termos ainda não são tão conhecidos, mas se referem à prática de jardinagem usada como meio terapêutico.
“Os benefícios alcançados com a terapia horticultural incluem alívios emocionais e de tensões. Além disso, dedicar tempo às plantas desenvolve habilidades manuais e criativas, afeto e responsabilidade”, explica Dominique Cristina Josiane Bester, terapeuta ocupacional, que trabalha com terapia verde.
Segundo ela, a técnica faz com que os pacientes toquem, sintam, cheirem e vejam tanto as plantas quanto o próprio estado emocional.
Para Dominique, a desconexão com o natural e orgânico prejudica o corpo, a mente e as emoções. Até mesmo a capacidade de se relacionar com o outro e com o espaço em que vivemos pode ser impactada, ela analisa.
Vários benefícios
Ricardo Monezi é professor e pesquisador. Ele tem doutorado em Psicobiologia e Práticas Integrativas e Complementares de Saúde e pós-doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e garante que os benefícios são vários e para todas as idades.
Conforme o professor, existem evidências científicas de que lidar com a terra colabora com todas as dimensões construtivas do ser humano. Ou seja, conforme o professor, o cultivo e a proximidade com a natureza ajudam em questões biológicas, psicológicas, sociais e espirituais. Não no sentido religioso, detalha, mas no que diz respeito aos valores da vida.
“Segundo alguns estudos, trabalhar com o verde ajuda na diminuição da liberação de hormônios relacionados ao estresse. E isso reduz as chances de infartos e derrames, por exemplo. Também controla a ansiedade e é um fator protetivo contra a depressão”.
Alívio na correria
A professora Natália Martins conta que descobriu a paz nos momentos em que cuida das plantas. “É instante de pausa, é um alívio na correria. Eu cuido e converso com elas”. A prática começou despretensiosamente ao cuidar de um trevo que ganhou de um amigo.
Depois, vieram outras inúmeras flores e plantas e, com elas, um hábito que hoje divide com a filha Yasmin, de 8 anos. “É interessante que consigo ensiná-la muitas coisas. Mostro que a plantinha não precisa de um monte de coisas, mas de um pouco de água e amor. E para nós (seres humanos), o principal também é o amor e o cuidado”.
Natália conta que o hábito de regar as plantas todos os dias ajuda a filha a desenvolver senso de responsabilidade e, mais do que isso, faz com que as duas ganhassem um momento só delas.
De acordo com Monezi, a prática de cultivar plantas e flores é benéfica para todas as idades. Inclusive para as crianças e adolescentes. “É algo que exercita um valor que tem se perdido que é a paciência. Além disso, conseguimos apresentar o ciclo da vida. Você percebe que aquela planta, aquela erva ou flor, é um espelho do que você é”.
Espaço
O casal Wanderley e Silvia Lopes sempre amou plantas e comemorou, ao mudar-se para uma casa, a chance de ter mais espaço para elas. “Temos um jardim em casa e somos adeptos da cultura sem agrotóxico”, conta Wanderley gabando-se do pepino que tirou do pé e consumiu no almoço, pouco antes da entrevista.
“É uma delícia. É diferente. A gente sabe o que está consumindo. Nessa prática, descobrimos benefícios para tudo”. Além de ter uma alimentação mais saudável, Wanderley confessa que acordar de manhã, abrir a janela e ver os coloridos das azaleias e rosas, não tem preço. “Fora que isso atrai borboletas e pássaros e é lindo”.
Nas flores, o resgate da memória
As memórias da aposentada Denise Bobadilla sempre estiveram povoadas de plantas e flores. “Vi meu pai construir jardins”, relembra. Mas a correria do dia a dia, a afastou da prática, apesar de sempre ter feito questão de manter flores de verdade em casa.
Porém, foi depois da aposentadoria que ela encontrou tempo e a calma para cultivas plantas, flores e temperos. Mesmo no apartamento. “Minhas plantas ficam nas janelas e na área de serviço. E para quem quer plantar, morar em apartamento não é uma desculpa”, diz ela.
O tomate cereja, a salsa, manjericão e outros temperos ficam na cozinha. “Vão muito bem com luz indireta. O gengibre que você compra no mercado, quando estiver só no cotoquinho, dá para colocar na água, esperar crescer um pouquinho de raiz e aí plantar”, ensina. Aliás, o hobby já faz com que Denise repasse conhecimento e ela também ajuda as amigas a plantar.
Apartamentos
Denise explica ainda que algumas plantas como a zemioculcas, samambaias e a espada-de-são-jorge se desenvolvem muito bem em apartamentos.
Fonte: A Tribuna
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