Consumir sem destruir o meio ambiente
9 de junho de 2019

Série da Folha de Pernambuco aborda quais maneiras mais conscientes de consumir e produzir sem afetar tanto o meio ambiente

A humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da terra, segundo estudo do Ministério do Meio Ambiente. Se esse padrão se mantiver, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender as necessidades de água, energia e alimentos da população.

Para evitar o colapso é essencial pensar em formas de consumo mais conscientes. É com essa proposta que a Folha de Pernambuco inicia, neste fim de semana, uma série de reportagens sobre o consumo consciente em três frentes. Nesta primeira, vamos imergir no universo da moda e decoração.

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No próximo fim de semana, nosso foco será um dos mercados que mais crescem no País, o de cosméticos. Por último, trataremos do segmento da alimentação. A ideia é mostrar os desafios para conseguir um ponto de equilíbrio entre os recursos disponíveis e seu uso de forma racional. Afinal, consumir de forma consciente é uma questão de hábito. Pequenas mudanças em nosso dia a dia têm grande impacto no futuro.

Construir de hábitos consumo consciente em uma sociedade extremamente consumista não é tarefa fácil. Segundo a pesquisa “Panorama do Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações”, realizada ano passado pela Akatu, apenas 24% dos brasileiros revelam ter hábitos conscientes de consumo. “Falar de consciência em uma sociedade voltada para ostentação de coisas supérfluas é muito complicado.
Somos bombardeados 24 horas por dia para consumir e já estamos habituados a fazer a coisa errada”, diz o mestre em consumo, Tiago Monteiro. Segundo ele, para a construção de qualquer novo hábito é necessário uma atmosfera favorável à mudança. “Se você quer fazer uma dieta, precisa ter o hábito de ir à academia. Se quer começar a poupar, precisa deixar de gastar com outras coisas, como restaurantes e roupas sem necessidade. A construção de um novo hábito não á fácil, pois é preciso deixar outros antigos. Isso é que torna tudo mais complicado. Porque a gente já esta habituado a fazer a coisa errada há muito tempo.”

Há 14 anos, artista plástico André Menezes retira do lixo sua matéria-prima de trabalho

Há 14 anos, artista plástico André Menezes retira do lixo sua matéria-prima de trabalho

Em sua pesquisa, a Akatu revelou que, mesmo diante de um percentual grande, de 76% de brasileiros que não aderem ao consumo consciente, mudanças sutis demonstram um passo importante em prol dessa construção de hábitos. Por isso, dividiu esses comportamentos em três frentes: iniciantes, engajados e conscientes.

No primeiro perfil, o fator economia (bolso) pesa na escolha. Evitar deixar a lâmpada acessa à toa, por exemplo, é uma ação feita mesmo para os que são indiferentes ou estão iniciando um consumo mais consciente. Já os “engajados” estão no estágio do planejamento, uma vez que suas práticas sustentáveis incluem o planejamento de compra de roupas e de alimentos. Os conscientes, por sua vez, têm comportamentos mais ativos, que vão além da casa, incluindo até mesmo votar em um político que defende temas sociais ou ambientais.

A preocupação com a cadeia ética

Embora ainda muito embrionário no Brasil, o consumo consciente já faz parte da vida de muita gente, em especial na hora de escolher o que vestir. Tem quem não compre uma só peça de roupa sem antes saber se na sua cadeia de produção houve exploração de trabalho infantil ou escravo.
Marca pernambucana, Viva Yemanjah! recebeu selo internacional que atesta que em todo seu processo de produção não houve exploração de mão de obra infantil
Marca pernambucana, Viva Yemanjah! recebeu selo internacional que atesta que em todo seu processo de produção não houve exploração de mão de obra infantil Foto: Arthur de Souza

Fonte: Folha de Pernambuco