Coaf aponta movimentação estranha em gabinetes do PSOL, PT, PSC e PDT
13 de dezembro de 2018

A Procuradoria-Geral de Justiça instaurou um procedimento criminal há cerca de quatro meses para investigar as circunstâncias das movimentações dos funcionários de Alerj. A apuração também tem como alvo os deputados aos quais estão vinculados os servidores. 
O relatório do Coaf foi produzido no âmbito da Operação Furna da Onça, que prendeu no mês passado dez deputados estaduais. Ele foi elaborado a pedido do Ministério Público Federal, que solicitou todas as comunicações de movimentações atípicas envolvendo pessoas nomeadas na Alerj. 

A menção no relatório não significa a prática de algum ilícito. O volume da movimentação, por sua vez, não é medida para a suspeita que eventualmente recaia sobre os deputados. O deputado Marcos Abrahão (Avante), preso na Furna da Onça, teve uma movimentação atípica de só R$ 289 mil. 

Apenas quatro dos dez deputados alvo da operação foram mencionados no relatório do Coaf. O gabinete que apresentou a maior movimentação entre eles foi o de Luiz Martins (PDT), com R$ 18,5 milhões, quarto da lista geral. 

O gabinete com o maior volume de comunicações é o do petista Andrè Ceciliano. Foram mencionados quatro assessores com movimentação atípica de, somados, R$ 49,3 milhões. 

A maior parte se refere a entradas e saídas na conta de Elisângela Barbieri, que movimentou R$ 26,5 milhões em sua conta, segundo o Coaf. 

O segundo da lista é o deputado Paulo Ramos (PDT), cujo gabinete registrou movimentações atípicas de R$ 30,3 milhões. Elas estão concentradas em nome de Luiz Felipe Conde, cuja conta recebeu e retirou R$ 18,6 milhões, segundo o Coaf. 

Márcio Pacheco (PSC) aparece em terceiro com uma movimentação atípica de R$ 25,3 milhões envolvendo assessores de seu gabinete, de acordo com o relatório do órgão financeiro. O volume está distribuído entre nove funcionários. 

O deputado André Ceciliano (PT) disse, em nota, que a funcionária que concentra as movimentações atípicas “pertence a uma família de empresários da cidade de Paracambi”,onde o petista foi prefeito por dois mandatos.”Ceciliano ressalta ainda que o próprio Ministério Público Federal afirma que o fato de constarem no relatório não significa que tenham praticado condutas ilícitas”, disse o deputado. 

Paulo Ramos (PDT) afirmou que o principal assessor citado pelo Coaf é advogado e tem como justificar as entradas e saídas de recursos de suas contas. Ele afirmou que boa parte dos valores se referem a causas judiciais ganhas. 

Márcio Pacheco (PSC) disse, em nota, que “recebeu com surpresa, através imprensa, a notícia sobre movimentações financeiras envolvendo colaboradores de seu gabinete”. 

“Ele esclarece que sempre agiu com honestidade e transparência, e que está apurando as informações e agirá no caso, como sempre agiu, de acordo com a lei. O deputado informa ainda que não pode se responsabilizar por transações bancárias de ex-assessores; inclusive, alguns desligados do gabinete desde 2013”, afirmou a nota. 

Eliomar Coelho (PSOL) disse, por meio de sua assessoria, que está “à disposição para qualquer esclarecimento, caso venhamos a ser oficialmente citados”. “As práticas do meu mandato são a maior prova de que denunciamos e repudiamos relações injustificáveis e inaceitáveis”, afirmou o deputado. 

MOVIMENTAÇÃO SUSPEITA DE FUNCIONÁRIOS DA ASSEMBLEIA DO RJ EM 2016 (EM MILHÕES) 

André Ceciliano (PT) 
R$ 49,3 

Paulo Ramos (PDT) 
R$ 30,3 

Márcio Pacheco (PSC) 
R$ 25,3 

Luiz Martins (PDT) 
(preso) R$ 18,5 

Dr. Deodalto (DEM) 
R$ 16,3 

Carlos Minc (PSB) 
R$ 16,0 

Coronel Jairo (PSC) 
(preso) R$ 10,2 

Marcos Müller (PHS) 
R$ 7,8 

Luiz Paulo (PSDB) 
R$ 7,1 

Tio Carlos (SD) 
R$ 4,3 

Pedro Augusto (MDB) 
R$ 4,1 

Átila Nunes (MDB) 
R$ 2,2 

Iranildo Campos (SD) 
R$ 2,2 

Márcia Jeovani (DEM) 
R$ 2,1 

Jorge Picciani (MDB) 
(preso) R$ 1,8 

Eliomar Coelho (PSOL) 
R$ 1,7 

Flávio Bolsonaro (PSL) 
R$ 1,3 

Waldeck Carneiro (PT) 
R$ 0,7 

Benedito Alves (PRB) 
R$ 0,5 

Marcos Abrahão (Avante) 
(preso) R$ 0,3 

Wanderson Nogueira (PSOL) 
R$ 0,3 

Fonte: Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)