Nem bem foi lançado, já no primeiro dia o Projeto Tubarões da Baía da Ilha Grande, liderado pelo Instituto Mar Urbano (IMU), registrou 105 tubarões galha-preta (Carcharhinus limbatus), nessa região, no litoral do Rio de Janeiro.
O avistamento aconteceu a 150 km do centro da cidade, em local mantido em segredo para proteger a espécie que está ameaçada de extinção e animou os cientistas que querem descobrir por que tantos tubarões apareceram juntos na Baía da Ilha Grande.
As imagens registradas por eles são inéditas e não há precedentes no litoral brasileiro – há, pelo menos, três anos, pesquisadores tentavam encontrar esses tubarões! E, como o projeto está programado para acontecer nos próximos 30 meses, eles seguirão monitorando o cardume para compreender melhor o comportamento da espécie, também de onde vieram, o que os levou à baia e para onde seguirão.
Cação é tubarão!
O tubarão galha-preta pode chegar a 3 m de comprimento e pesar mais de 123 kg, mas é um animal inofensivo e, por isso, vulnerável à pesca. Sua carne é muito apreciada por brasileiros e turistas.
Segundo Ricardo Gomes, diretor do IMU, é muito fácil encontrar o galha-preta à venda. “O Brasil hoje é um dos maiores mercados de carne de tubarão do planeta! A gente come muito tubarão aqui, com o nome de cação. Tudo que é espécie de tubarão ameaçado e raia é vendida na feira como carne de cação”, denuncia.
Em 2017, a ONG Sea Shepard fez campanha para alertar os consumidores brasileiros de que “cação é tubarão”. Como não existe legislação que exija rotulagem correta desses alimentos (apenas no Paraná, desde dezembro de 2022) – informando, por exemplo, qual espécie de tubarão e raia está sendo vendida -, o que acaba em nosso prato, muitas vezes, são espécies ameaçadas de extinção.
Por isso, além de atuar na área de pesquisa, a equipe do Projeto Tubarões da Baía da Ilha Grande quer também conversar com as comunidades de pesca artesanal.
Seu intuito é compreender a dinâmica da pesca dos tubarões nessa região, além de trabalhar com educação e conscientização de adultos e crianças sobre a importância de se proteger espécies ameaçadas como o galha-preta.
“Nós cariocas cultivamos a tradição da praia, mas ainda temos uma longa trajetória para avançar na cultura oceânica. Temos uma riqueza muito grande perto de nós que ainda não é conhecida”, destaca Gomes.
O projeto tem aporte da Shark Conservation Fund (SCF) e do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto) e parceria da Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da Estação Ecológica (ESEC) Tamoios.
A seguir, assista ao vídeo gravado pelo Instituto Mar Urbano e divulgamos no Instagram:
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Foto: reprodução do vídeo
Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.
Fonte: Conexão Planeta
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