BrasilAgro (AGRO3): analistas divergem sobre companhia após balanço, mas ações sobem forte com dividendo de R$ 3,24 por papel
7 de setembro de 2023

Companhia registrou lucro líquido de R$ 242,7 milhões, quase oito vezes mais que no mesmo período do ciclo 2021/22 (R$ 31,1 milhões)

Por Felipe Moreira, InfoMoney

Fazenda do Meio, da BrasilAgro, na Bahia (Divulgação)

Fazenda do Meio, da BrasilAgro, na Bahia (Divulgação)

A BrasilAgro (AGRO3), cujo foco está na compra e venda de propriedades rurais e na produção de grãos, fibras e bioenergia, anunciou seu resultado na noite da véspera. O quarto trimestre da safra 2022/23, encerrado em junho, terminou com lucro líquido de R$ 242,7 milhões, quase oito vezes mais que no mesmo período do ciclo 2021/22 (R$ 31,1 milhões).

Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia cresceu de R$ 66,9 milhões para R$ 365,2 milhões, e a receita líquida total aumentou 92%, para 673,5 milhões.

As ações tiveram forte alta, de 5,88%, a R$ 25,75, na sessão desta quarta-feira (6), também levando em conta a proposta de dividendos de R$ 320 milhões em dividendos (R$ 3,24 por ação), sendo quase R$ 80 milhões acima do lucro registrado pela companhia no trimestre.

Apesar dos números à primeira vista expressivos e da forte reação na Bolsa, a XP Investimentos classificou os resultados trimestrais como fracos, destacando o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ligeiramente acima de suas projeções devido (i) à redução dos preços das commodities; (ii) a estratégia da empresa de adiar as vendas, que trouxe resultados negativos à medida que os preços continuavam caindo; e (iii) aumento nos custos de insumos agrícolas e fretes na safra 22/23.

Segundo relatório, as vendas agrícolas foram uma surpresa positiva, o que permitiu à empresa anunciar uma proposta de dividendo de R$ 320 milhões (yield de cerca de 12,8%).

Com relação ao futuro, a BrasilAgro atualizou seu guidance para a safra 23/24, reforçando a visão positiva de aumento da área de produção. No entanto, os números divulgados já eram esperados e analistas esperam uma reação neutra dos papéis.

A companhia atualizou o valor de mercado do seu portfólio, sugerindo um NAV (Valor Presente Líquido) por ação de R$ 37,20 (implicando potencial de valorização de 23% para os preços de tela se considerarmos o desconto histórico).

O time de análise da XP ainda destaca que o ambiente para o etanol continua desafiador com a paridade abaixo das médias históricas apesar da recente alta no preço da gasolina pela Petrobras (PETR4), outro fator que deve continuar pesando negativamente nas ações da BrasilAgro.

Além disso, de acordo com destacado pela gestão da empresa em notícias recentes, ela deve mudar a estratégia considerando o momento do ciclo, provavelmente diminuindo as vendas de fazendas no curto prazo, ofuscando a expectativa de pagamento de dividendos e removendo um importante gatilho para as ações da empresa.

Por fim, a XP reitera recomendação neutra para ações do BrasilAgro, principalmente devido à sua visão baixista sobre os preços das commodities e às perspectivas mais incertas sobre os dividendos.

A Eleven, por sua vez, possui recomendação de compra para as ações, reforçando a visão positiva após o resultado.

A casa de análise aponta que a safra poderia ter sido melhor e que a companhia sofreu com questões climáticas em diversas regiões, o que afetou a produtividade. A produção de milho safrinha foi afetada tanto pela diminuição da área plantada, quanto por problemas climáticos no MT, que derrubaram em 27% a produção. Já soja e algodão foram 6% e 27% abaixo das expectativas, respectivamente, em função das estiagens na Bahia. Para a safra 2023/2024, a companhia estima uma área em produção de 185,7 mil hectares, 10% acima da área plantada em 2022/2023 (168,7 mil hectares). Já a produção deve atingir 446 mil ton (+ 26% a/a), com incremento de 21% e 32,5% nas produções de soja e milho respectivamente.

“Acreditamos que a safra de 2023/2024 deverá retomar a produtividade vista em anos anteriores. A companhia se encontra com 25% de soja e 6% do milho hedgeados e aguarda uma melhora nos preços dos grãos para continuar travando seus preços. Além disso, tivemos a queda superior a 50% nos preços de alguns fertilizantes, o que já deve trazer um alívio para as margens mesmo com os preços das commodities também mais baixos”, avaliam os analistas.

Além do seu resultado trimestral, a companhia também divulgou a reavaliação de seu portfólio de terras, que apresentou redução de seu valor, atingindo R$ 3,1 bilhões, em razão da recente queda dos preços das commodities e das vendas de terras realizadas no período.

O valor atual do hectare médio útil da companhia atingiu R$ 25.465,43. A companhia também está com 41% de suas terras desenvolvidas, um cenário favorável para a continuidade da estratégia para vendas de terras.

A Eleven também destaca que o Conselho de Administração propôs o pagamento de dividendos no valor de R$ 320 milhões, um valor de R$ 3,24 por ação e um yield de 13,3%. O pagamento será submetido à aprovação em Assembleia de Acionistas a ser realizada em 24 de outubro de 2023. “Dessa forma, mantemos nosso preço-alvo para a AGRO3 em R$ 37,00 e reforçamos a recomendação de compra”, destacou.

Fonte: InfoMoney

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