Estiagem faz incidência da síndrome do olho seco passar de 10% para 20%
A estiagem prolongada que assola o país, dobrou no último mês o número de pessoas que chegam aos consultórios oftalmológicos se queixando de coceira nos olhos, ardor, irritação, visão embaçada que piora no final do dia e dificuldade para trabalhar no computador. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, é a síndrome do olho seco que passou de 10% para 20% dos atendimentos realizados neste período, conforme prontuários do hospital.
A doença, esclarece, é resultado da menor produção de lágrima ou da alteração em um de seus três ingredientes: gordura, água e muco. O ar seco, pondera, provoca a maior evaporação da camada aquosa da lágrima que umedece o globo ocular e evita infecções por conter substâncias antibactericidas. Isso explica porque a maior evaporação do filme lacrimal pode causar lesões superficiais na córnea, lente frontal e transparente do olho. Também predispõe à conjuntivite, uma inflamação da conjuntiva, membrana que recobre a face interna das pálpebras e a esclera, parte branca do olho.
Questão hormonal
O oftalmologista afirma que os grupos mais atingidos pela síndrome do olho seco são as mulheres e quem já passou dos 50 anos. Isso porque, têm queda na produção da camada gordurosa da lágrima que evita a evaporação da camada aquosa. Na mulher, ressalta, isso acontece por conta das oscilações hormonais durante o período reprodutivo e diminuição da produção desses hormônios após a menopausa. Entre homens com mais de 50 anos é a queda na produção da testosterona que provoca o ressecamento dos olhos.
Vida digital
Queiroz Neto afirma que o uso intensivo do computador também contribui com a síndrome. Isso porque, normalmente, piscamos cerca de vinte vezes por minuto e na frente do monitor de seis a sete vezes. Resultado: A evaporação é maior porque as camadas não se misturam. Para melhorar a lubrificação dos olhos no computador, as dicas do médico são piscar voluntariamente e posicionar o monitor 20o abaixo dos olhos.
Outros fatores de risco
O especialista ressalta que doenças imunológicas como lúpus, síndrome de Stevens-Johnson e penfigóide também ressecam a lágrima. O uso contínuo de medicamentos para hipertensão, digestão, depressão, alergia ou pílula anticoncepcional também aumenta o risco. Até a maquiagem mal retirada pode influir na lubrificação ocular, comenta, caso a camada de muco da lágrima que tem a função de reter impurezas fique sobrecarregada e ocorra obstrução dos ductos lacrimais.
Diagnóstico e tratamento
O especialista diz que o diagnóstico é feito com papel filtro centimetrado colocado na base do olho para o oftalmologista observar se depois de 5 minutos menos de um terço fica molhado. O tratamento pode ser feito com colírio lubrificante, exigir o uso de pomada de vaselina, implante de um plugue no canal lacrimal e até uso de colírio imunossupressor em casos de inflamação das vias lacrimais. Como existem vários tipos de olho seco com causas distintas não dá nem para pensar em usar a receita de outra pessoa.
Prevenção
As principais dicas do médico para prevenir a síndrome do olho seco são:
– Incluir na dieta vitaminas A e E encontradas em frutas, verduras e legumes.
– Evitar carne bovina, carboidratos e gordura.
– Consumir fontes de Ômega 3 encontrado em semente de linhaça, nozes e sardinha.
– Eliminar o uso de aquecedor de ar sempre que possível.
– Manter os ambientes livres de poeira e com vasilha de água para hidratar o ar.
– Beba água com frequência para hidratar o corpo.
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