Quando Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República, havia um ônibus passando por perto. Sempre tem um passando.
Marechal Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889 ao Proclamar a República, no Rio de Janeiro, tinha antes vivenciado um dos momentos políticos mais agitados da história que contribuíram para o fim do império.
Na verdade, Deodoro foi um “eleito” entre os simpatizantes pelo regime republicano justamente por ter desde o início de sua carreira militar simpatia pela Monarquia. Além da posição de destaque do Marechal, essa escolha daria mais credibilidade ao movimento contra o regime da realeza e mostrava que a Monarquia, na visão destes engajados, já não era mais propícia para as necessidades do País.
O clima político era de descontentamento total. D. Pedro II não conseguia mais agradar na totalidade sequer uma corrente política, econômica ou social. Os conservadores estavam descontentes com o fim da escravidão, sem nenhuma indenização, e término de incentivos às grandes fazendas. Os progressistas também estavam insatisfeitos com a falta de liberdade, de modernização política e com as características centralizadoras da Monarquia. Economicamente o país não crescia.
Mas foram os militares da época que tomaram a frente prática contra a Monarquia. No entanto, foi na religião que os favoráveis à república tinham seus ideais discutidos e reforçados. As correntes filosóficas pela República ganhavam força entre grupos praticantes da maçonaria.
Eles se apegavam ao positivismo que tinha posições que vinham ao encontro dos ideais republicanos. De Auguste Conte, o positivismo em 1881 fincava oficialmente sua bandeira no País, com a fundação da Igreja Positivista do Brasil. Os líderes brasileiros desta igreja, Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes, mobilizavam os civis para a República.
Mas como dizem muitos policiais e soldados, a teoria é boa, mas militar só aprende no campo de batalha.
E foi justamente a experiência da Guerra do Paraguai que despertou a revolta dos militares brasileiros contra a monarquia. Foi no combate que eles tiveram acesso aos ideais mais desenvolvidos de militares de outras nações e diferentes patentes. Eles perceberam que lutavam por um país que pouco os valorizava. O exército brasileiro estava em condições muito abaixo do ideal. Isso sem contar com a total falta de liberdade dos militares. Para dar qualquer declaração à imprensa, seja um simples sim ou não, as altas patentes do exército tinham de pedir autorização ao Ministro da Guerra, que na maioria das vezes era um civil. Os militares também não tinham liberdade de ações.
Do lado da Monarquia, o presidente do Conselho de Ministro do Império, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Barão de Ouro Preto, tentou o último recurso para salvar o regime. Uma reforma política, que consistia em maior liberdade para as províncias, liberdade de voto distrital e fim do Senado vitalício eram algumas das propostas que foram rejeitadas pela mesquinha Câmara Geral.
O golpe militar que destituiu D. Pedro II foi inevitável. A proclamação da República foi feita justamente na Praça da Aclamação a D. Pedro I, hoje Praça da República no Rio de Janeiro. A praça ficava em frente a residência de Marechal Deodoro e nos anos de 1700 era um marco de divisão entre o perímetro urbano e o rural. Em 1854 foi palco da primeira estação ferroviária brasileira urbana, a Gare D. Pedro II. Até hoje é ponto de várias linhas de ônibus. Quando Deodoro proclamou a república, ônibus de 2 andares puxados a cavalo cercavam a praça, de acordo com historiadores. Em 1838, era criada a Cia de ônibus, de José Ribeiro da Silva, Manoel Odorico Mendes e Carlos Augusto Taunay. Na foto da Praça da República do Rio, dos anos de 1930, aparece um dos ônibus de 2 andares da Light, Daimler sobre chassi Guy. O veículo foi importado pela empresa mediante a crise energética que prejudicou os bondes elétricos.
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