Estava eu outro dia, ‘teologizando’ sobre vários aspectos da Páscoa, quando me fui acometido de idéias, digamos, um pouco transcendentais. Digo, pensamentos e raciocínios que não estavam imbuídos de critérios imanentes à minha natureza frágil e pequena, mas que, vieram do divino. Dessa forma, ao falar de Páscoa, fiquei impossibilitado de tecer aqueles costumeiros comentários simplistas , e que de nada nos fazem lembrar do verdadeiro sentido da Páscoa. Mas analisando a Páscoa no seu sentido cristão, que nos fala da ressurreição de Jesus, o que de fato foi um evento que marcou a humanidade para sempre, e que através dessa vitória temos Nele a salvação, quero refletir um pouco sobre, nada mais e nada menos do que o seu sacrifício na Cruz.
A Cruz da História é somente a da Crucificação. A Cruz é o que vem antes de tudo, inclusive da Crucificação. O Cordeiro de Deus foi imolado antes da criação de qualquer criação. A onisciência e a onipotência do Deus Pai ja havia determinado isso com total amor.
Nós cristãos pensamos que nossa salvação veio do sofrimento de Jesus por nós! Sofrimento não salva, apenas torna amargo e mata. Nossa salvação não vem da Crucificação, mas da Cruz! A Crucificação é um cenário! A Cruz é o sacrifício eterno que teve na Crucificação apenas o seu cenário histórico! Na Cruz está registrado o plano redentor da Crucificação! Na Cruz encontramos o mundo sendo divido em dois: O mundo espiritual e o mundo físico. A Cruz é o elo que liga o homem a Deus novamente.
Quando Paulo diz que só se gloriava na Cruz, ele não nos aponta um espetáculo histórico, o qual ele nunca nem perdeu tempo em “descrever” como evento martirizante e agonizante. Para ele a Cruz era “o mistério outrora oculto e agora revelado” — com todas as implicações da Graça em nosso favor. A Crucificação estava exposta às interpretação dos sentidos humanos: “Este era verdadeiramente Filho de Deus” — confessava o centurião, perplexo com o modo como Jesus morrera. Também reagia assustado diante do fato que a terra tremia enquanto a escuridão envolvia subitamente a tarde daquele dia. A Cruz, todavia, é infinitamente maior que a Crucificação. O Sangue que purifica de todo pecado não um líquido; é uma oferta de amor perdoador que existiu como tal ainda antes que qualquer forma de sangue tivesse sido criada.
Na Páscoa, portanto, celebra-se o cordeiro simbólico que aparece desde o Gênesis. Ganha rito instituído no Êxodo, é praticado durante séculos e tem sua Realização Histórica na Crucificação. A Cruz, no entanto, é o Fator Criador por trás de toda criação: o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo!
Nessa consciência o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Por isso é que eu posso caminhar sem medo. Não procurarei aquilo que faz sofrer e que é pecado. Mas também não vivo mais as fobias e neuroses do pecado. É a certeza da Graça eterna aquilo que nos dá paz para viver na terra. Sem o êxodo da Crucificação apenas como cenário para a Cruz como bem eterno que garante paz com Deus e vida na terra, ninguém tem paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
A Crucificação é o Cenário exterior. A Cruz tem que ser a Realidade interior! A Crucificação revela a maldade humana! A Cruz revela a salvação de Deus! Quem crê é Justificado e tem paz com Deus. Além disso, já passou da morte para a vida! E desse modo cremos todos nós e por isso temos vida.
Não olhe pra Crucificação…ela representa apenas um rito legal de uma cultura, na tentativa de punir a qualquer um que transgredisse os sagrados costumes e os seus códigos morais tétricos e farisaicos. Olhe para a Cruz! Para o sacrifício em si, aspergido e enaltecido pelo mais precioso sangue.
Obrigado Jesus pela sua ressurreição! Obrigado Deus Pai por ter manifestado ao mundo pecador, sua maior prova de amor.
Feliz Páscoa e que Deus nos abençoe!
J.C.Marques
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