Lava começou a ser expelida às 11h12, hora de Brasília, enquanto começava a ser executado o plano de retirada das pessoas com mobilidade reduzida
O novo vulcão da ilha espanhola de La Palma, na costa noroeste da África, entrou em erupção às 15h12 deste domingo (hora local; 11h12 em Brasília), quando um pequeno terremoto foi detectado no bairro de Las Manchas, no município de El Paso, seguido por uma grande explosão, uma enorme coluna de fumaça e a expulsão de piroclastos (rocha vulcânica). O magma provocou duas fissuras, duas bocas eruptivas diferentes na montanha, pelas quais a lava passou a escorrer. Segundo o Involcan (Instituto Volcanológico de Canarias), em só algumas horas, essas duas fissuras se transformaram em sete.
O presidente Pedro Sánchez adiou sua viagem prevista para este domingo a Nova York, e se deslocou para La Palma. O gestor de navegação aérea na Espanha, Enaire, eminou recomendação preventiva para que não saiam voos com destino à ilha.
Após dois dias tranquilos na ilha de La Palma, a atividade sísmica havia recomeçado com vários terremotos sentidos pela população na manhã deste domingo (o maior de magnitude 3,8), deixando claro que a crise vulcânica se aproximava de um desenlace. Os movimentos foram sentidos em seis localidades canárias. Além disso, numerosos sismos com magnitude acima de 2 se repetem em profundidades cada vez mais superficiais perto da pequena localidade de El Paso, e três deles chegaram a ser sentidos pela população da ilha, segundo os dados do Instituto Geográfico Nacional (IGN) da Espanha. Desde que o fenômeno começou, o IGN registrou mais de 6.600 pequenos tremores na região da Cumbre Vieja, no sul da ilha de La Palma. Na atual situação pré-eruptiva, as autoridades decidiram-se pela “retirada preventiva” de meia centena de pessoas com problemas de mobilidade que vivem nos bairros mais afetados.
A movimentação sísmica do vulcão Cumbre Vieja, iniciada em 11 de setembro, desembocou, em um processo rápido e violento, numa erupção que ocorre meio século depois do Teneguía, até agora o vulcão mais jovem da Espanha. O novo vulcão surgiu em uma zona montanhosa desabitada, enquanto a população com mobilidade reduzida era retirada das localidades próximas. A erupção provocou pequenos incêndios florestais. As autoridades locais estão pedindo para que ninguém se aproxime daquela região. O Serviço Canário de Saúde já atendeu 50 pessoas que tinham começado a sair preventivamente pouco antes da erupção. Foram trasladadas para um antigo quartel de El Fuerte e atendidas pelo pessoal de saúde de Canárias e a Cruz Vermelha.
Na segunda-feira passada, as autoridades elevaram o alerta vulcânico ao nível amarelo, o segundo numa escala de quatro, que exige apenas uma fase de preparação e informação à população, como ocorreu nos últimos dias. Houve várias reuniões informativas com os moradores e foram estabelecidos planos de contingência para a hipótese de alerta laranja e vermelho. Uma das medidas preparatórias consistiu em designar os campos de futebol da área como ponto de encontro. Esse alerta afeta os municípios de Fuencaliente, Los Llanos de Aridane, El Paso e Villa de Mazo, com 35.000 pessoas afetadas ao todo. Por enquanto, os especialistas decidiram neste domingo manter o alerta em nível amarelo. Mas o processo, avisaram, “pode ter uma evolução rápida em curto prazo”, com “a probabilidade de que culmine em erupção, sem que seja possível estabelecer uma janela temporal”.
O enxame sísmico, como é chamada esta concentração temporária de pequenos terremotos em uma só área, alertou os cientistas sobre a possibilidade de uma erupção vulcânica na superfície. A atividade vulcânica em La Palma havia cessado desde a erupção do Teneguía, em 1971, na ponta sul da ilha. Mas em 2017 ela recomeçou, e desde então houve vários enxames, até este último e mais intenso, que começou no último sábado, 11.
Na quinta-feira, os cientistas registraram uma deformação de 10 centímetros no terreno justamente na zona da Cumbre Vieja onde aconteciam os sismos, o que indicaria a presença de magma no subsolo exercendo pressão contra a superfície. Desde então, esta deformação havia cedido, mas neste domingo o IGN informou que a ilha havia voltado a inchar em até 15 centímetros. Além disso, os movimentos sísmicos tinham focos cada vez mais superficiais. Esta crise começou com sismos a mais de 20 quilômetros de profundidade, e os dos últimos dias já rondavam os 5 quilômetros, com alguns, os mais intensos, a apenas algumas centenas de metros da superfície.
O presidente (governador) das ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, conversou com o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, e com outros membros de seu Executivo para preparar a resposta a esta possível erupção. A ministra de Ciência e Inovação, Diana Morant, que viajaria neste domingo a La Palma para averiguar a situação, decidiu cancelar a visita “dados os últimos acontecimentos”, e em seu lugar embarcaria o diretor-geral da Defesa Civil do Ministério do Interior, Leopoldo Marcos. Além disso, foram mobilizados diversos equipamentos, incluído um avião solicitado pelo Governo das Canárias ao Ministério para a Transição Ecológica para monitorar a atividade vulcânica.
O comitê de crise vulcânica (Pevolca) tinha anunciado na sexta-feira que era provável “a ocorrência de terremotos sentidos de maior intensidade, que podem causar danos às edificações”. Também alertaram para a possibilidade de desprendimentos de rochas em Puerto Naos. Por este motivo, caminhos e trilhas florestais foram interditados neste domingo nessa parte da ilha. Além disso, os especialistas tampouco descartaram o começo de outros fenômenos observáveis na superfície, como mudanças de temperatura, aroma e cor da água, ou comportamento anômalo de animais.
[Esta notícia está sendo atualizada]
Fonte: El País
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