Trump planeja novo poder de fogo nuclear para dissuadir conflitos
14 de janeiro de 2018

O plano teria como objetivo minimizar a possibilidade de um conflito nuclear, mas críticos argumentam que o resultado seria o oposto.

Com a Rússia em mente, a administração Trump planeja desenvolver um novo poder de fogo nuclear que possa tornar mais fácil deter ameaças aos aliados europeus. O plano, ainda não aprovado pelo presidente Donald Trump, tem como objetivo minimizar a possibilidade de um conflito nuclear, mas críticos argumentam que o resultado seria o oposto.

A proposta faz parte de um documento conhecido oficialmente como “revisão da postura nuclear”, que coloca os EUA de uma maneira geral em uma posição nuclear mais agressiva. É a primeira revisão desse tipo desde 2010 e está entre os vários estudos de estratégia de segurança empreendidos desde que Trump assumiu o cargo. Em muitos aspectos, reafirma a política nuclear de Barack Obama, incluindo o compromisso de substituir todos os elementos-chave do arsenal nuclear com novas e mais modernas armas nas próximas duas décadas.O documento diz também que os EUA vão aderir aos acordos de controle de armas existentes, mas expressa dúvidas sobre as perspectivas para novos pactos.

A doutrina nuclear de Trump deve ser publicada no início de fevereiro, seguida de uma política sobre o papel e o desenvolvimento das defesas norte-americanas contra mísseis balísticos.

A diferença da doutrina de Trump com a abordagem de Obama está intenção de reduzir o papel das armas nucleares na política de defesa dos EUA. Como Obama, Trump consideraria o uso de armas nucleares apenas em “circunstâncias extremas”, mas o atual presidente mantém um grau de ambiguidade sobre o que isso significa. No entanto, Trump vê um papel mais dissuasivo para essas armas, conforme refletido no plano de desenvolvimento de novas capacidades para combater a Rússia na Europa.

Um esboço do relatório da política nuclear foi divulgado na quinta-feira (11/01) pela imprensa norte-americana. Procurado para comentar o assunto, o Pentágono chamou o documento de “pré decisório”, um relatório inacabado e ainda por ser revisado e aprovado por Trump, que o ordenou há um ano.

A Rússia e, até certo ponto, a China, são apontados como problemas de política nuclear que exigiriam uma abordagem mais dura. A opinião da administração Trump é que as políticas e ações russas estão repletas de potencial de erro de cálculo que levariam a uma escalada descontrolada de conflitos na Europa.

O documento especifica uma doutrina russa conhecida como “intensificar para moderar”, na qual Moscou usaria ou ameaçaria usar armas nucleares de menor potência em um conflito limitado e convencional na Europa, na esperança de que isso obrigaria os EUA e a Otan a recuarem.

A administração Trump propõe uma solução em duas etapas. Primeiro, uma alteração em um “pequeno número” de mísseis balísticos de longo alcance existentes, transportados por submarinos estratégicos, para adequá-los a ogivas nucleares de menor rendimento. Além disso, “a longo prazo”, os EUA desenvolveriam um míssil nuclear de lançamento marítimo, restabelecendo um armamento que existia durante a Guerra Fria, e que foi aposentado em 2011 pela administração Obama. Juntas, estas duas etapas estariam destinadas a dissuadir ainda mais a “agressão regional”.

O interesse pela condição e pelo papel das armas nucleares dos EUA cresceu a medida que a Coreia do Norte desenvolve seu próprio arsenal nuclear. A administração Trump vê as ameaças norte-coreanas, juntamente com o que considera uma retórica nuclear provocativa da Rússia, como evidência de que as condições de segurança já não dão suporte à ideia de que os EUA podem depender menos de armas nucleares ou limitar seu papel na defesa nacional.