O total do investimento é de R$ 1,2 bilhão e a empresa vai entregar mais de 400 mil m³ de biometano por dia até 2023
O Grupo Urca Energia anunciou nesta quinta (27/1) a aquisição da Gás Verde S.A, empresa que produz biometano a partir de resíduos de aterro sanitário, em Seropédica, além de duas plantas de geração de energia a partir de biogás em Nova Iguaçu e São Gonçalo, todas localizadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Com a aquisição, a empresa se posiciona como a principal produtora de biometano do país. Juntas, as três usinas vão gerar mais de 400 mil m³ de biometano por dia.
O valor total envolvendo aquisição e novos investimentos nas plantas é na ordem de R$ 1,2 bilhão. A empresa também informou que investirá na expansão da usina de produção de biometano em Seropédica, e na substituição das duas térmicas a biogás por plantas de biometano até 2023, em Nova Iguaçu e São Gonçalo.
A produção atual de Seropédica de 120 mil m³ por dia já representa 50% do market share nacional na produção de biometano. A previsão é aumentar essa participação em 2024, com a plena operação das plantas de São Gonçalo e Nova Iguaçu, que será a maior planta de BioGNL do Brasil.
O gás natural renovável produzido hoje pela Gás Verde é comprimido e distribuído para clientes industriais, como a siderúrgica Ternium e Ambev, por exemplo, e para postos de gás natural veicular do Rio de Janeiro.
Marcel Jorand, diretor executivo do grupo Urca Energia e CEO da Gás Verde, afirma que a aquisição ocorre em um momento estratégico, no qual as empresas se inserem na transição energética e buscam soluções para alcançar suas metas ESG.
“O Brasil assumiu o compromisso de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030. A aquisição da Gás Verde reforça o nosso alinhamento às metas da ONU de redução das emissões de gases de efeito estufa. A adoção de biocombustíveis é o caminho mais eficiente para uma mudança efetiva no processo produtivo das empresas”, afirma.
O executivo explica ainda que além do aspecto ambiental, o biometano permite mais previsibilidade no planejamento da indústria, uma vez que a produção é 100% nacional e, portanto, seus preços não estão atrelados a oscilações do câmbio e do preço do petróleo, como acontece com o gás natural.
O Grupo Urca está presente no Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, onde estão seus 13 projetos em geração, distribuição e comercialização de energia. Até 2023, a companhia pretende investir R$ 3 bilhões.
Em 2022, o grupo deve registrar faturamento consolidado superior aos R$ 500 milhões.
A aquisição da Gás Verde contou com a consultoria da Sporos e foi feita com recursos próprios dos acionistas, além de uma linha de financiamento do BTG.
Biometano para descarbonizar transportes
Com as mesmas propriedades do gás natural, o biometano pode ser utilizado como combustível para indústrias, veículos e frotas pesadas. É produzido a partir do processo de purificação do biogás oriundo de diversos substratos, como resíduos urbanos e agropecuários, por exemplo.
No caso do biogás do setor sucroenergético, o Plano Decenal de Energia 2031 projeta uma maior inserção na matriz, tanto para geração elétrica, quanto para substituir o diesel.
A estimativa é que o potencial de produção em 2031 seja de 7,1 bilhões de m³ oriundos da vinhaça e da torta de filtro e de 5,7 bilhões de m³ das palhas e pontas da cana-de-açúcar.
Por serem uma fonte de energia nova no país, o biogás e o biometano buscam no Congresso Nacional políticas de fomento e isonomia para conseguir competir em escala.
Protocolado em novembro, o PL 3865/2021, do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), cria o Programa de Incentivo à Produção e ao Aproveitamento de Biogás, Biometano e Coprodutos Associados — PIBB com uma série de benefícios e subsídios ao setor.
O cerne está na articulação de iniciativas de geração de energia, por meio de incentivos tributários e créditos com juros diferenciados para a implantação de usinas.
EPBR
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