Terra ultrapassa quase 7 de 9 limites planetários e corre risco de catástrofes irreversíveis
19 de outubro de 2024

Um novo estudo liderado por cientistas do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK) revela que a Terra pode ter ultrapassado sete dos nove limites planetários que garantem a estabilidade do meio ambiente.

Segundo os pesquisadores, exceder esses limites pode desencadear catástrofes ambientais de proporções globais, como a extinção de espécies, derretimento de geleiras, desertificação de grandes áreas e perdas de ecossistemas.

Neste cenário, o aquecimento global contribui fortemente para acelerar essas transformações negativas, potencializando impactos adversos em escala global. As áreas mais preocupantes incluem mudanças no uso da terra, perda de biodiversidade e alterações climáticas.

Entenda os limites planetários ultrapassados

  • Desmatamento e urbanização: a transformação de ecossistemas naturais em áreas agrícolas e urbanas ameaça a biodiversidade e a regulação climática.
  • Aquecimento global: a elevação nas emissões de gases de efeito estufa acelera as mudanças climáticas, elevando riscos como secas e inundações.
  • Perda de biodiversidade: a extinção acelerada de espécies devido à degradação dos habitats coloca em risco a integridade dos ecossistemas globais.
  • Ciclo do nitrogênio e fósforo: uso excessivo de fertilizantes amplia fluxos de nitrogênio e fósforo, excedendo limites seguros e causando eutrofização e zonas mortas aquáticas.
  • Uso de água doce: crescente demanda por água está atingindo níveis críticos, com 18% da superfície terrestre experienciando mudanças significativas no ciclo da água.
  • Poluição química por microplásticos: aumento na circulação de substâncias químicas sintéticas, como microplásticos, excede limites seguros, afetando a saúde humana e a biodiversidade
 

Embora seis limites já tenham sido ultrapassados, a acidificação dos oceanos, que está próxima de ocorrer, ainda se encontra dentro dos limites seguros. A absorção de CO2 pelos oceanos aumenta sua acidez, afetando organismos marinhos que formam estruturas calcárias, como corais e moluscos.

Imagem: Enessa Varnaeva/Shutterstock

Enquanto isso, os aerossóis na atmosfera, apesar de alterarem os padrões climáticos regionais e afetarem a saúde humana, ainda estão sendo controlados dentro de níveis seguros graças às tecnologias de controle de poluição e regulamentações mais estritas.

Além disso, a camada de ozônio, que já foi gravemente degradada, agora mostra sinais de recuperação devido a esforços internacionais significativos para reduzir substâncias nocivas, demonstrando que ainda não ultrapassou um ponto crítico de dano irreversível.

 

Impactos e soluções para a crise climática

O estudo identifica várias causas diretas para a ultrapassagem dos limites, incluindo a agricultura intensiva, a poluição por nitrogênio e fósforo e a acidificação dos oceanos. Cada um desses fatores contribui para a degradação do meio ambiente de maneiras que podem ser irreversíveis se não forem controlados imediatamente.

Mudanças no uso da terra

Cerca de 90% da desflorestação entre 2000 e 2018 ocorreu devido à expansão de terras agrícolas. A cobertura florestal global é apenas 59% do que deveria ser, com a taxa ideal para florestas tropicais e boreais bem acima dos níveis atuais.

Mudanças climáticas

Os níveis de CO2 atingiram cerca de 422 ppm em 2024, excedendo o limite seguro de 350 ppm estabelecido para manter o equilíbrio climático. A força do aquecimento na atmosfera também ultrapassa os níveis considerados seguros, exacerbando fenômenos climáticos extremos.

Biodiversidade

A extinção de espécies continua em um ritmo alarmante, com importantes implicações para a integridade dos ecossistemas globais.

O estudo também destaca a importância de medidas urgentes para reverter essas tendências, incluindo a proteção de áreas naturais, a redução da poluição química e a gestão sustentável dos recursos hídricos. Essas ações não apenas contribuem para evitar futuras catástrofes ambientais, mas também para manter a qualidade de vida na Terra para as gerações futuras.

A pesquisa conclui que é essencial que governos, empresas e sociedades civis trabalhem juntos para desenvolver e implementar políticas que possam efetivamente endereçar esses desafios globais.

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