O BioParque do Rio lançou um projeto pioneiro para proteger a rã-de-seropédica (Physalaemus soaresi), uma espécie criticamente ameaçada de extinção. Endêmica da Floresta Nacional Mário Xavier, em Seropédica, a espécie sofre com a destruição de seu habitat devido a atividades humanas, incluindo poluição e descarte irregular de lixo na região.
Ameaças ao habitat e ações urgentes
A rã-de-seropédica vive em um território extremamente restrito, o que a torna especialmente vulnerável a impactos ambientais. Especialistas alertam que a degradação de seu habitat, aliada a incêndios florestais e expansão urbana, coloca a espécie em risco iminente de desaparecer.
Em 2023, a ONG Amphibian Ark, em conjunto com o ICMBio, realizou um levantamento das espécies de anfíbios mais ameaçadas no Brasil, recomendando ações de conservação ex-situ (fora do ambiente natural). A rã-de-seropédica foi identificada como uma prioridade, e o BioParque do Rio foi selecionado como uma das três instituições para liderar os esforços de preservação.
Investimentos e estrutura especializada
Com o apoio financeiro de R$ 190 mil – sendo R$ 100 mil do Grupo Cataratas e R$ 90 mil do próprio BioParque – foi construído um laboratório especializado para desenvolver técnicas de manejo e reprodução de espécies ameaçadas. O espaço inclui salas projetadas para atender às necessidades sanitárias e ambientais específicas de répteis e anfíbios.
Como a rã-de-seropédica nunca foi mantida sob cuidados humanos, ainda não existem protocolos estabelecidos para sua reprodução. Por isso, o projeto começa com uma espécie semelhante, a rã-signifer (Physalaemus signifer), que não está em risco de extinção. Segundo os pesquisadores, o aprendizado obtido com essa espécie será fundamental para aplicar técnicas à rã-de-seropédica no futuro.
População de segurança e reintrodução
O objetivo do projeto é criar uma população de segurança, garantindo a sobrevivência da rã-de-seropédica diante de ameaças como incêndios ou mudanças no uso do solo. Além disso, a equipe planeja estudar áreas adequadas para a reintrodução da espécie na natureza, ampliando sua distribuição e reduzindo o risco de extinção.
“Queremos desenvolver protocolos que garantam a reprodução e o manejo da rã-de-seropédica em ambientes controlados. A ideia é reduzir os riscos associados à perda de habitat e, a longo prazo, trabalhar na reintrodução da espécie em novas áreas”, afirma Marcos Traad, diretor técnico do Grupo Cataratas.
Importância do projeto para a Baixada Fluminense
A iniciativa é um marco não apenas para a preservação da biodiversidade, mas também para a Floresta Nacional Mário Xavier, uma área crucial para a fauna e flora da Baixada Fluminense. A proteção dessa rã endêmica reforça a importância de preservar o ecossistema local, beneficiando outras espécies que dependem do mesmo habitat.
O projeto também destaca o potencial da região em ser protagonista na conservação ambiental, despertando a atenção para a necessidade de políticas públicas e maior engajamento da sociedade na proteção das riquezas naturais da Baixada.
Conclusão
A rã-de-seropédica, símbolo de um ecossistema único e ameaçado, agora conta com um projeto que pode garantir sua sobrevivência para as próximas gerações. Iniciativas como essa reforçam a necessidade de investir em ciência e conservação, mostrando que a preservação de espécies ameaçadas também passa pelo cuidado com o território e suas comunidades.
Fonte: Site Baixada
Rã-de-Seropédica ganha projeto de proteção do BioParque do Rio
Notícias de Seropédica, do Brasil e do Mundo
Deixe a sua opinião sobre o post