RIO DE JANEIRO (AP) – Na parte traseira da poluída Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, milhares de manguezais chegam a atingir cerca de 4 metros de altura em uma área anteriormente desmatada.
As 30 mil árvores, plantadas pela organização sem fins lucrativos Instituto Mar Urbano ao longo de quatro anos na área de proteção ambiental de Guapimirim, são um exemplo para as cidades que buscam meios naturais para melhorar a resiliência climática.
Tais ecossistemas são vitais para a proteção contra inundações que se tornaram cada vez mais frequentes em todo o mundo. O estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, ainda está se recuperando de uma enchente devastadora no início deste mês que causou estragos e ceifou vidas, com as águas longe de baixarem para níveis normais.
Os manguezais retardam o avanço da água do mar para os leitos dos rios durante as tempestades, absorvendo-a, e protegem a terra ao estabilizar o solo que, de outra forma, poderia ser arrastado. Eles também atuam como sumidouros de carbono. O reflorestamento na baía do Rio melhorou a limpeza das águas que são criadouros de espécies marinhas. Os caranguejos voltaram, proporcionando uma renda extra para os catadores locais que ajudaram a plantar as árvores.
“Plantar uma árvore neste mangue é um ato de recuperação ambiental e também um ato de luta contra as mudanças climáticas”, disse Ricardo Gomes, diretor da organização sem fins lucrativos, à Associated Press na quinta-feira. “Hoje podemos ficar tristes, porque tudo que foi perdido (no Sul do Brasil), tudo que foi destruído. Mas nunca tivemos tanto conhecimento, tanta tecnologia e recursos para recuperar o nosso meio ambiente.”
A falta de manguezais não foi a causa das enchentes na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, que fica ao lado de uma lagoa. As inundações resultaram em grande parte da água que desceu pelos rios até a área.
O mapa de risco costeiro criado pela Climate Central, um grupo de pesquisa científica sem fins lucrativos, prevê que as áreas a oeste e ao norte de Porto Alegre estarão submersas até 2100. No Rio, ele mostra duas grandes áreas no fundo de sua baía – uma das quais inclui o Rio Guapirimim. área protegida — estará submersa até 2050. Isto sublinha a necessidade de medidas para mitigar a invasão da água do mar.
A vegetação natural como a de Guapimirim “é como uma verdadeira esponja”, evitando ou mitigando enchentes ao reduzir a energia das águas, disse Mauricio Barbosa Muniz, gerente de uma reserva da agência federal brasileira Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. A vegetação da região protege 1 milhão de moradores da cidade de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, e outros.
“Em locais que foram ocupados irregularmente, como cidades, é possível restaurar essas áreas e criar assentamentos humanos resilientes e preparados para os efeitos das mudanças climáticas”, disse Muniz.
Desde 2000, os desastres relacionados com inundações em todo o planeta aumentaram 134 por cento nas duas décadas anteriores, de acordo com um relatório de 2021 da Organização Meteorológica Mundial.
Ambientalistas afirmam que a perda da vegetação natural devido à agricultura e à pecuária no Rio Grande do Sul ampliou as enchentes. Um estudo recente da MapBiomas, uma rede que inclui organizações sem fins lucrativos, universidades e start-ups, diz que o estado brasileiro perdeu 22% de sua vegetação nativa entre 1985 e 2022, o equivalente a uma área maior que o estado americano de Maryland.
As autoridades federais, estaduais e municipais parecem estar de acordo desde a tragédia que será necessário um grande esforço de reflorestamento no Rio Grande do Sul, mas o escopo do investimento e as iniciativas específicas ainda não foram anunciados.
Savarese relatou de São Paulo.
Tradução: Luiz Calderini – Seropédica Online
O pescador André da Silva Santos, 47 anos, o coordenador de restauração de manguezais da ONG Guardiões do Mar, Laiudo Malafaia, e o diretor do Instituto Mar Urbano, Ricardo Gomes, navegam no Rio Caceribu, que deságua na Baía de Guanabara, participando do Projeto Guanabara Verde, que recuperou cerca de 12,5 hectares de manguezal e plantou um total de cerca de 30.500 árvores para preservar a biodiversidade marinha e limpar rios, no Rio de Janeiro, Brasil, 17 de março de 2023. REUTERS/Ricardo Moraes. REPETIÇÃO DE QUALIDADE DE REFILE
Abaixo texto original da PBS Org
Rio de Janeiro bay reforestation shows mangroves’ power to mitigate climate disasters
RIO DE JANEIRO (AP) — At the rear of Rio de Janeiro’s polluted Guanabara Bay, thousands of mangroves rise as tall as 13 feet (about 4 meters) from a previously deforested area.
The 30,000 trees, planted by non-profit organization Instituto Mar Urbano over four years in the Guapimirim environmental protection area, stand as an example for cities seeking natural means to improve climate resilience.
Such ecosystems are vital for protection against floods that have become increasingly frequent around the world. Brazil’s southern state of Rio Grande do Sul is still reeling from a devastating flood earlier this month that wreaked havoc and took lives, with waters far from subsiding to normal levels.
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Mangroves slow sea water’s advance into riverbeds during storm surges by soaking it up, and protects the land by stabilizing soil that otherwise could be washed away. They also act as a carbon sink. The reforestation in Rio’s bay improved the cleanliness of water that’s a breeding ground for marine species. Crabs have returned, providing extra income for the local crab pickers who helped plant the trees.
“To plant a tree in this mangrove is an act of environmental recovery and also an act in the fight against climate change,” Ricardo Gomes, a director at the non-profit, told The Associated Press on Thursday. “Today we can be sad, because of all that has been lost (in Brazil’s South), all that was destroyed. But we never had so much knowledge, so much technology and resources to recover our environment.”
A lack of mangroves wasn’t the cause of flooding around Rio Grande do Sul’s capital, Porto Alegre, that sits beside a lagoon. The flooding largely stemmed from water that flowed down rivers into the area.
The coastal risk map created by Climate Central, a nonprofit science research group, forecasts areas west and north of Porto Alegre will be underwater by 2100. In Rio, it shows two large areas in the back of its bay — one of which includes the Guapirimim protected area — will be underwater by 2050. That underscores the need for action to mitigate sea water’s encroachment.
Natural vegetation like that of Guapimirim “is like a true sponge,” avoiding or mitigating floods by reducing the energy of the waters, Mauricio Barbosa Muniz, the manager of a reserve at Brazil’s federal agency Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation, said. Vegetation in the region safeguards 1 million residents in the city of Sao Goncalo, in Rio’s metropolitan region, and others.
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“In places that were occupied irregularly, such as cities, it is possible to restore those areas and make human settlements that are resilient and prepared for the effects of climate change,” Muniz said.
Since 2000, flood-related disasters across the planet have increased by 134 percent over the two previous decades, according to a 2021 report by the World Meteorological Organization.
Environmentalists say the loss of natural vegetation due to agriculture and cattle ranching in Rio Grande do Sul state amplified the flooding. A recent study by MapBiomas, a network that includes non-profit organizations, universities and start-ups, says the Brazilian state lost 22 percent of its native vegetation between 1985 and 2022, equal to an area greater than the U.S. state of Maryland.
Federal, state and municipal authorities seem to be in agreement since tragedy struck that a massive reforestation effort will be needed in Rio Grande do Sul, but the scope of the investment and specific initiatives are yet to be announced.
Savarese reported from Sao Paulo.
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