Estudo mostra que profissionais desenvolveram doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças respiratórias, depressão e cânceres, entre outras, devido ao contato e à exposição a substâncias químicas, como o agrotóxico Malathion, usado no combate ao mosquito da dengue.
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que agentes de combate a endemias que trabalham com o carro do fumacê têm tido doenças graves por conta das substâncias venenosas usadas para o controle de mosquitos. A pesquisa durou 6 anos.
O relatório aponta que centenas de agentes de saúde estão contaminados e com o sistema imunológico bastante comprometido.
O documento destaca também que os servidores desenvolveram doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças respiratórias, depressão e cânceres, entre outras, devido ao contato e à exposição a substâncias químicas como o agrotóxico Malathion, usado para o controle de vetores patológicos no Rio, como os mosquitos que transmitem a dengue.
Na manhã desta segunda-feira (10), durante audiência pública em um auditório da Escola Nacional de Saúde Pública, em Manguinhos, na Zona Norte, pesquisadores da Fiocruz, deputados e sindicatos que representam esses trabalhadores debateram o tema.
Carro do fumacê: aplicação do remédio em ruas do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo
Exposição e contaminação
As denúncias de exposição e contaminação de servidores a produtos tóxicos têm como base dados apresentados nesta segunda.
A pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores de diferentes instituições públicas, estudantes de pós-graduações e iniciação cientifica e sindicatos, com o apoio do Ministério da Saúde.
Carro do fumacê — Foto: Reprodução/TV Globo
Ariane Larintins, coordenadora do Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fiocruz, fala que o estudo defende o abandono do uso de produtos químicos.
“Esses profissionais que aplicam fumacê, que aplicam raticida, eles mexem com calda e todos esses produtos são venenosos, são perigosos, a gente chama de veneno porque eles são agrotóxicos. [Na pesquisa] a gente vê alterações hematológicas, alterações neurológicas, de lesões no DNA e alterações imunológicas. Nós temos, por exemplo, metade da amostra que a gente testou tem resíduo de DDT em sangue”, diz Ariane.
O DDT é o Diclorodifeniltricloroetano, que era usado para conter o mosquito da malária na Região Amazônica nas décadas de 70 a 90. O pesticida foi banido no Brasil há 30 anos.
“O que a gente está vendo é um processo de longa exposição de um modelo que a gente utiliza no Brasil, que é do estado, de combater endemias não da forma com que deveria ser, eles indo nas casas, ensinando a população como fazer (o combate das doenças). Educação e saúde. Mas, aí, a solução rápida que é o uso do fumacê, por exemplo, que acaba causando todos esses efeitos”.
Deputados de três comissões — Saúde, Ciência e Tecnologia e Cumpra-se) —, que fiscalizam o cumprimento de leis, estão articulando um projeto de lei e vão usar informações da pesquisa como base.
Fonte: G1
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