Fiocruz diz que agentes de carros do fumacê desenvolvem doenças graves por causa de aplicação
10 de junho de 2024

Estudo mostra que profissionais desenvolveram doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças respiratórias, depressão e cânceres, entre outras, devido ao contato e à exposição a substâncias químicas, como o agrotóxico Malathion, usado no combate ao mosquito da dengue.

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que agentes de combate a endemias que trabalham com o carro do fumacê têm tido doenças graves por conta das substâncias venenosas usadas para o controle de mosquitos. A pesquisa durou 6 anos.

O relatório aponta que centenas de agentes de saúde estão contaminados e com o sistema imunológico bastante comprometido.

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O documento destaca também que os servidores desenvolveram doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças respiratórias, depressão e cânceres, entre outras, devido ao contato e à exposição a substâncias químicas como o agrotóxico Malathion, usado para o controle de vetores patológicos no Rio, como os mosquitos que transmitem a dengue.

Na manhã desta segunda-feira (10), durante audiência pública em um auditório da Escola Nacional de Saúde Pública, em Manguinhos, na Zona Norte, pesquisadores da Fiocruz, deputados e sindicatos que representam esses trabalhadores debateram o tema.

Carro do fumacê: aplicação do remédio em ruas do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Carro do fumacê: aplicação do remédio em ruas do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Exposição e contaminação

As denúncias de exposição e contaminação de servidores a produtos tóxicos têm como base dados apresentados nesta segunda.

A pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores de diferentes instituições públicas, estudantes de pós-graduações e iniciação cientifica e sindicatos, com o apoio do Ministério da Saúde.

Carro do fumacê — Foto: Reprodução/TV Globo

Carro do fumacê — Foto: Reprodução/TV Globo

Ariane Larintins, coordenadora do Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fiocruz, fala que o estudo defende o abandono do uso de produtos químicos.

“Esses profissionais que aplicam fumacê, que aplicam raticida, eles mexem com calda e todos esses produtos são venenosos, são perigosos, a gente chama de veneno porque eles são agrotóxicos. [Na pesquisa] a gente vê alterações hematológicas, alterações neurológicas, de lesões no DNA e alterações imunológicas. Nós temos, por exemplo, metade da amostra que a gente testou tem resíduo de DDT em sangue”, diz Ariane.

O DDT é o Diclorodifeniltricloroetano, que era usado para conter o mosquito da malária na Região Amazônica nas décadas de 70 a 90. O pesticida foi banido no Brasil há 30 anos.

“O que a gente está vendo é um processo de longa exposição de um modelo que a gente utiliza no Brasil, que é do estado, de combater endemias não da forma com que deveria ser, eles indo nas casas, ensinando a população como fazer (o combate das doenças). Educação e saúde. Mas, aí, a solução rápida que é o uso do fumacê, por exemplo, que acaba causando todos esses efeitos”.

Deputados de três comissões — Saúde, Ciência e Tecnologia e Cumpra-se) —, que fiscalizam o cumprimento de leis, estão articulando um projeto de lei e vão usar informações da pesquisa como base.

Fonte: G1

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