Conheça a Jiboia, priminha (não tão “inha” assim) da Sucuri
16 de abril de 2023

Há algumas semanas, a população da cidade do Rio de Janeiro foi surpreendida pela notícia da soltura de uma píton (serpente asiática/africana) na Floresta da Tijuca. Na falta de um taxonomista (profissional apto a identificar e classificar os seres), zoólogo (especialista em animais) ou herpetólogo (especialista em répteis), o animal teria sido confundido com uma jiboia pelo órgão responsável por sua apreensão e liberado em seu suposto hábitat.

O fato causou sérias preocupações aos especialistas, uma vez que a cobra em questão, por ser exótica (não nativa da região), não possuía predadores naturais no ecossistema em que foi solta, podendo provocar danos ao ambiente devido a seus hábitos alimentares.

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Mas afinal, como são as jiboias?

Membros da família Boidae, ocupam o segundo lugar em tamanho no Brasil, perdendo apenas para as sucuris, pertencentes à mesma família. A jiboia apresenta porte médio a grande, variando entre 1,8 metro e três metros, podendo chegar aos quatro metros.

Podem ser encontradas do México ao norte da Argentina, incluindo o Brasil, onde há duas subespécies, distribuindo-se pelas cinco regiões do país.

Sua coloração varia entre cinza a quase preta, passando pelo marrom, apresentando manchas características por todo o corpo.

Coloração da jiboia pode variar entre marrom e manchas pretas e cinzas – Foto: Kurt Bauschardtfrom Edmonton, Canada, CC BY-SA 2.0

Possui cabeça retangular, destacada do corpo. Nas escamas em torno da boca, há as chamadas fossetas labiais que, assim como as fossetas loreais das serpentes viperídeas (grupo ao qual pertencem as jararacas e cascavéis, entre outras) permitem a localização de animais pelo calor que eles emitem do corpo.

Outra característica apresentada por este animal (mas não exclusiva dele) é a presença de vestígios visíveis de patas traseiras, um elemento herdado de seus ancestrais.

Patas traseiras visíveis, característica vestigial herdada de seus ancestrais – Foto: Stefan3345, CC BY-SA 4.0

Não é peçonhenta, mas quando importunada pode colocar-se em posição de defesa e produzir um som conhecido como “bafo da jiboia”, que nada mais é do que a forte expiração de ar dos pulmões, que provoca um ruído. Também podem morder.

Hábitos da jiboia
De hábitos preferencialmente noturnos, pode ser encontrada também durante o dia, deslocando-se lentamente pelo solo ou em cima das árvores.

Alimenta-se de pequenos mamíferos (macacos, inclusive), aves, anfíbios e lagartos, pegos de surpresa por uma estratégia eficiente de “espera” e bote.

Dona de uma musculatura robusta, costuma matar suas presas por constrição, ou seja, enrola-se ao redor das mesmas em um “abraço” apertado, que as impede de respirar, fazendo-as desfalecer ou morrer. Um engenhoso mecanismo envolvendo as costelas da serpente permite que sua respiração não seja prejudicada durante o processo.

Após a ingestão da presa, costuma ficar em repouso, enquanto faz a digestão (daí o termo “jiboiar” quando alguém fica sonolento e repousa após ingerir uma refeição farta ou “pesada”).

Quanto à reprodução, as jiboias são vivíparas, ou seja, os filhotes, medindo em torno de 50 centímetros, nascem diretamente do ventre da mãe, sem a postura de ovos. Quando adultas, as fêmeas são maiores que os machos.

Jiboia “camuflada” em meio à folhagem seca no chão da mata – Foto: Wilfredor, CC BY-SA 4.0

Ameaças às jiboias existem
Apesar de as jiboias não estarem em perigo de extinção, ameaças a elas existem, seja por conta de sua pele utilizada na confecção de roupas, sapatos e outros acessórios de moda, seja por conta da captura e comércio ilegais como animais de estimação. A degradação do hábitat também é uma realidade. Outra ameaça, tão grave quanto as anteriores, é a ignorância por parte de pessoas que as agridem, por uma série de (injustificáveis) “razões”.

Além disso, os ataques por animais domésticos, provenientes da urbanização, é um perigo mais do que real. Lembram da píton, citada no início desta postagem? Pois é, ela foi encontrada e atacada por um cão que passeava pela floresta (que é uma unidade de conservação), não resistiu aos ferimentos e veio a falecer após o resgate. Triste caso de dois animais errados, na hora errada, em um lugar mais do que errado.

Mas isso já é uma outra história…

Fonte: Fauna News

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