Com Pe. Rodrigo Vieira – 1º DIA DO CERCO DE JERICÓ
4 de maio de 2017

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Texto: Júlia Barra

Fotos: Karen Nascimento e Marcella Sena

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“Eu também sofri essa realidade de desprezo, mas hoje não vivo a realidade de um aborto e rejeição, a minha realidade é uma realidade de salvação.”

Estamos no tempo essencial da igreja que é o tempo pascal, é um tempo de profunda renovação da fé da igreja. A fé de cada batizado, ou seja, a minha e a sua fé, pois a fé não é algo filosófico, abstrato. Pois, fé na realidade mais genuína é um encontro pessoal. E vivemos esses 50 dias do tempo como se fosse um único, o dia da ressurreição. E eu e você somos convidados a essa realidade profunda.  E não é diferente de como foi apresentado na semana passada, a realidade de Tomé, porque pra nós é necessário tocar no coração do crucificado que venceu a cruz e ressuscitou.

Somos convidados a renovar nossa experiência com Cristo Ressuscitado que faz com que a nossa fé não seja vã. E quando vemos em Lucas, na liturgia de hoje, aparição de Jesus aos dois discípulos  de Emaús é retratada. E essa aparição apresenta uma realidade muito particular e diferente, pois o Senhor já havia se apresentado antes de diversas maneiras. Mas dessa vez Jesus aparece numa realidade de movimento, de caminho. Lucas tem uma maneira de retrato muito particular da caminhada, como em atos dos apóstolos(autoria de Lucas) o caminho era conhecido como a realidade daqueles que primeiro se convertiam, ou seja, quem acreditava em Jesus e começavam a fazer parte da igreja.

Vos falo isso porque é nessa realidade que entramos no Cerco de Jericó, realidade permanente na nossa caminhada, Deus quer abrir olhos, abrir os ouvidos para além de uma realidade pontual de uma semana, mas para uma conversão em nossas vidas. Pois o Senhor ressuscitou de verdade e Ele quer de fato curar e ressuscitar os nossos corações. Não é coisa de momento não. Nós vivemos numa constante imaturidade, altos e baixos, hoje decidimos pela santidade e amanhã já pecamos, pecado mortal que nos afasta da comunhão. Pois ainda não entendemos que a vida com Cristo não é uma realidade pontual, é uma coisa concreta. A aparição do Senhor ressuscitado é importante para fomentar a nossa fé, mas a ressurreição do Senhor não parou na aparição, Ele segue até o céu, ao lado do Pai e vencendo a morte. Sim, teremos tribulações e incertezas porque humanamente não temos certeza de nada, mas a realidade é o que o dom pascal que Ele nos concede. Isso, os discípulos de Emaús não haviam entendido ainda, porque eles não tinham entendido o mistério da cruz, mesmo tendo vivido com Jesus e escutado todas as coisas a respeito de sua morte. ““Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” (Lc 24,24-26)

Então, irmãos, se você quer viver o Cerco de Jericó de verdade não pode ser vivido sem passar pela realidade de cruz. Porque o ressuscitado é um vitorioso, logo, se não se entende a cruz não há vitória. Porque toda a ressurreição passa pela cruz. Porém nós temos ficado nas nossas cruzes porque não olhamos para elas sob a luz pascal. E muitas das vezes isso nos faz esfriar, porque nós não compreendemos e não conseguimos enxergar essas fraquezas. E o Senhor quer nesse cerco chegar nessa realidade, profundamente tocar nelas transformando-a em uma realidade pascal.

Pois os discípulos tiveram um encontro com o Senhor, Ele tocou em seus corações, mas mesmo assim eles deixaram se abater. Por isso irmãos, é importante tomar posse, pois não é quem se encontrou com o Senhor que está salvo, mas quem persevera. Jesus já havia convivido com aqueles discípulos por 3 anos e eles haviam visto muitos milagres e prodígios. Porém, depois da realidade (desesperadora) de cruz, eles não acreditaram, mesmo tendo ouvido falar da ressurreição. Olha como é grande a misericórdia de Deus, que já havia feito grandes coisas, ressuscitado, eles já haviam escutado sobre a ressurreição e mesmo assim o Senhor se colocou a explicar-lhes as escrituras e se mostrou pra eles, mesmo depois de escutar pacientemente os discípulos e suas tristezas. E depois com toda a paciência, o Senhor lhes chama a atenção  e lhes conta e explica novamente todas as suas obras. “E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.” (Lc 24,27)

Nesse cerco de Jericó o senhor está disposto a fazer contigo tudo isso de novo. É importante que você esteja disposto a enxergar todas as realidades maravilhosas da sua vida, ainda que elas doam. Pois ali vai ser salvífico e experimentarás a ressurreição. Olhar os acontecimentos das nossas vidas e ver que as cruzes são necessárias para que se entenda a ressurreição.

Como comigo e como o Senhor me fez conhecer o meu sacerdócio, ao me debruçar na minha história e deixar que Deus cuidasse do meu caminho. Eu sou filho adotivo e fruto de um aborto de 7 meses. Um menino deficiente mental que catava lixo que me encontrou num terreno baldio. E levou para uma mulher que amamentava e ela foi minha ama de leite. E como ela sabia que minha mãe(adotiva) queria ter um filho homem, pois elas eram amigas, me levou pra ela. Aí me levaram pro medico, e eu estava doente, com bicho, e queimado de sol, correndo risco de vida. Então, minha mãe naquela época (ainda não era de caminhada) viu uma imagem de Nossa Senhora de Fatima e me consagrou à ela, falando que eu não seria filho apenas dela mas também de Maria. E fui crescendo e crescendo, e conheci essa historia quando eu tinha 16 anos. Eu já estava caminhando, começando a caminhar e minha mãe me contou essa historia no dia 1 de outubro de 2002. E a noite eu fui num grupo de oração, era noite de adoração, diante de Jesus Eucarístico que o Senhor me abriu os olhos e me ajudou a me conhecer por mais difícil que fosse, assim como Ele fez ao partilhar o pão com os discípulos.

Irmãos, nós enfrentamos realidades difíceis todos os dias. Eu também sofri essa realidade de desprezo, mas hoje não vivo a realidade de um aborto e rejeição, a minha realidade é uma realidade de salvação. Quando começamos a caminhar nos passo de Jesus, ele começa a transformar nosso caminho em caminho de salvação. Assim como fez com os discípulos de Emaús, que num pedido de fé falaram “fica comigo Jesus” ; pois na sagrada escritura a noite nada podia ser feito, ou seja, a noite chegou e eles não sabiam mais o que fazer, como agir. Essa é uma experiencia totalmente humana, quando chegamos no nosso limite e não sabemos mais o que fazer ou como lutar, é então que precisamos clamar ao Senhor porque é aí que ele começa agir. Quando o Senhor parte o pão, na Eucaristia é uma presença tão forte, que os discípulos mesmo a noite anunciam a presença do Senhor. Porque Deus faz da nossa noite dia, porque ele está contigo.

Olha meu irmão pra sua história, para onde o Senhor quer fazer páscoa. É necessário clamar o Senhor e dizer: fica comigo, Senhor, porque a noite está chegando e o dia indo embora, preciso que fiques comigo. Porque abrasas o nosso coração, ainda que muita coisa esquente nosso peito, elas arrefecem rápido. Mas só a voz do ressuscitado nos dá um fogo e avivamento! Que Deus possa nos dar a graça de sua páscoa de um modo CONSTANTE E PERMANENTE!

De alguma maneira, aqueles discípulos no caminho abriram o coração para Jesus e contaram de sua vida “Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?” Ele perguntou: “O que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu” (Lc 24, 18-24) e Jesus os escutou. Conta, então, para Jesus a sua história, as suas dores pois Ele quer te escutar. Permita-se perdoar além de superar, pois o perdão é salvífico. Apresente a sua realidade de relacionamento com os seus. Conta para o Senhor a tua história e se as mágoas vierem, é o Senhor tocando com suas mãos chagadas para que essas realidades sejam curadas, porque só Senhor pode curar apóstocar a nossa história.

 “A minha história te pertence, Jesus e ela é lugar da tua Salvação!”

Se Deus fizer, Ele é Deus
Se não fizer, Ele é Deus
Se a porta abrir, Ele é Deus
Mas se fechar, continua sendo Deus

Se a doença vier, Ele é Deus
Se curado eu for, Ele é Deus
Se tudo der certo, Ele é Deus
Mas se não der, continua sendo Deus

Minha fé não está firmada
Nas coisas que podes fazer
Eu aprendi a Te adorar pelo que és”