Em julho de 1960, o então ministro da Defesa cubano, Raúl Castro, pediu detalhes de como a União Soviética protegeria a ilha de um ataque dos Estados Unidos, mas a URSS pediu contenção porque não queria uma “grande guerra”, dizem documentos revelados nesta última sexta-feira (14).
Isso aconteceu dois anos antes da crise dos mísseis de outubro de 1962 colocar o mundo em alerta, depois que os Estados Unidos detectaram a presença de mísseis nucleares do exército soviético em Cuba.
Em 1960, o regime soviético se preguntava sobre o futuro da revolução cubana e enviou o vice-primeiro-ministro Anastas Mikoyan à ilha.
Este último retornou a Moscou “encantado com a energia juvenil” dos ‘barbudos’, que “lideravam um autêntico movimento anti-imperialista”, diz o texto publicado no site do Arquivo de Segurança Nacional, uma ONG vinculada à Universidade George Washington.
A viagem propiciou visitas de delegações cubanas à União Soviética, que se aproximaram ainda mais depois que os Estados Unidos decidiram impor um bloqueio econômico ao país.
Fidel Castro não era um marxista, mas se preocupava com a possibilidade de uma invasão por parte dos Estados Unidos.
Na época, Nikita Khrushchev, primeiro secretário do comitê central do Partido Comunista da União Soviética, fez uma declaração que parecia sugerir que, em caso de uma intervenção americana, seu país defenderia a revolução cubana com todos os meios militares a seu alcance.
“Falando em sentido figurado, em caso de necessidade, os artilheiros soviéticos podem ajudar o povo cubano com seus disparos de foguetes se as forças agressivas do Pentágono se atreverem a lançar uma intervenção contra Cuba”, disse, ao lembrar ao Pentágono que seus foguetes tinham um alcance de 13.000 km de distância.
Contudo, em seu primeiro tête-à-tête com Raúl Castro, Khrushchev foi mais moderado.
“Tentaremos fazer o possível para não permitir uma intervenção contra Cuba, mas não queremos uma guerra”. “É preciso ter em consideração que uma grande guerra pode ser desatada ao defender Cuba”, afirmou.
Raúl disse a Khrushchev que Fidel Castro queria saber “até que ponto as ações da União Soviética poderiam ser decisivas”, diz o documento do Arquivo Estatal da Federação da Rússia, disponível no site do Arquivo de Segurança Nacional.
Khrushchev, por sua vez, reagiu com cautela. Falou da vontade soviética de apoiar Cuba economicamente, inclusive “de se responsabilizar pelo fornecimento de petróleo e outros bens” e de adquirir as 700.000 toneladas de açúcar que os Estados Unidos se recusavam a comprar. Estava convencido de que o bloqueio dos Estados Unidos estaria “condenado ao fracasso”.
Mas “vocês, os líderes da república cubana, devem mostrar contenção para não se deixarem provocar”, acrescentou. “Se tivessem fronteiras comuns com a URSS, os fatos teriam tomado um rumo diferente, mas, como sabemos, sua divisa é com os Estados Unidos”.
* AFP Por: GZH
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