Primeiro relatório antropológico determinou que o indivíduo provavelmente era homem, com base na análise da pélvis. Agora, porém, pesquisadores descobriram que era do sexo feminino
A pessoa mais importante da Península Ibérica durante a Idade do Cobre era uma mulher, e não um homem, como se pensava até então. É o que revela uma pesquisa publicada nesta quinta-feira (6) na revista científica Scientific Reports.
O túmulo da mulher, agora conhecida como “Senhora de Marfim”, foi descoberto na cidade de Valencina de la Concepción, na Espanha, em 2008. Estima-se que o enterro aconteceu na Idade do Cobre, entre 3,2 mil e 2,2 mil anos atrás. Inicialmente, o corpo foi dado como o de um jovem homem com idade entre 17 e 25 anos.
O túmulo continha ainda uma extensa coleção de itens raros e valiosos da região, como dentes de marfim, pedras, casca de ovo de avestruz, âmbar e uma adaga de pedra de cristal. Esses artefatos sugerem que a pessoa ali enterrada estava no alto escalão daquela sociedade antiga.
Artefatos encontrados no túmulo da mulher conhecida como “Senhora de Marfim” — Foto: Miriam Lucianez Trivino
“O primeiro relatório antropológico determinou que o indivíduo provavelmente era homem, com base na análise da pélvis”, disse Leonardo García Sanjuán, coautor do estudo e professor de pré-história na Universidade de Sevilla, em entrevista ao site Live Science. A região pélvica do esqueleto, no entanto, não estava bem preservada.
Nova análise
Para a nova pesquisa, Sanjuán e seus colegas utilizaram uma abordagem diferente para investigar os resquícios. Eles conduziram uma análise de peptídeo de amelogênese em um dos dentes do esqueleto para ver se continha o gene AMELX, que fica localizado no cromossomo X, um dos dois cromossomos do sexo encontrado em humanos.
Funcionou: após testes com dois dentes do corpo, os arqueólogos detectaram AMELX. “A análise nos disse precisamente que o esqueleto era mulher”, afirmou Sanjuán.
Não havia preciosidades nos túmulos infantis, o que sugere que, naquele período, as pessoas não herdavam o alto status dos pais. Com isso, o estudo aponta que a Senhora de Marfim alcançou sua posição por meio de mérito e conquistas ao longo da vida.
Mulher foi enterrada com artefatos raros em importante local da sociedade da época — Foto: Miriam Lucianez Trivino
“Nos últimos 15 anos, aprendemos que este local é importante e foi a casa da maior civilização da Península Ibérica”, disse o pesquisador. “Acreditamos que era um local central onde as pessoas se encontravam e conectavam com outros de longe. Faz total sentido a Senhora de Marfim ter sido enterrada aqui.”
Nenhum esqueleto masculino com o mesmo tipo de prestígio foi encontrado até o momento. A única tumba luxuosa como a da Senhora de Marfim descoberta na região continha pelo menos 15 mulheres. O achado estava perto do túmulo da mulher mais importante da época e provavelmente foi construído pelas pessoas que a sucederam no alto escalão da sociedade da Península Ibérica na Idade do Cobre.
Fonte: Revista Galileu
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