O DIÁRIO DO RIO retoma a série de reportagens contando um pouco sobre os personagens históricos que dão nomes às nossas ruas
Um das principais vias do Rio de Janeiro, a Rua Frei Caneca se notabiliza por ser um dos eixos de ligação entre as regiões centrais da cidade. Com bom fluxo de trânsito em toda sua extensão, o trecho possui uma série de prédios com fachadas que remetem ao Rio Antigo, além de diversos condomínios residenciais e comerciais.
A Frei Caneca é famosa pelo grande conjunto habitacional que já abrigou o maior complexo penitenciário do Brasil, inaugurado em 1850 e implodido em 2010. Do passado, restou apenas o pórtico de entrada e os altos muros de pedra tombados pelo patrimônio histórico.
Nos fundos da antiga prisão, onde funcionava o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (no segundo andar do atual Instituto de Perícias), hoje fica o Museu Penitenciário, cujo acervo faz uma passeio pela história do sistema penal no Rio de Janeiro.
Além de ser a sede do Hemorio e do tradicional clube Gafieira Elite, a Frei Caneca fica localizada entre uma série de equipamentos importantes da cidade, como a Praça da Apoteose, a Marquês de Sapucaí e Batalhão de Polícia de Choque.
Mas afinal, que foi Frei Caneca?
Frei Joaquim do Amor Divino Caneca (1779-1825) foi um religioso e revolucionário brasileiro. Apoiou a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador em 1824, movimentos pela independência do Brasil.
Era conhecido como Frei Caneca porque, na infância modesta, vendia canecas nas ruelas pobres de Recife, no período do Brasil Colônia, Joaquim do Amor Divino Rabelo ordenou-se em 1799, no Convento do Carmo, e foi professor de geometria, retórica, poesia, filosofia e moral.
Nascido no Recife, no dia 20 de agosto de 1779, Frei Caneca era filho do português Domingos da Silva Rabelo e Francisca Maria Alexandrina de Siqueira, que moravam em Fora de Portas, próximo do demolido Arco do Bom Jesus. Seu pai era tanoeiro – fabricava vasilhames de flandres, daí o apelido de Caneca.
Foi um dos grandes pensadores literários no momento da Independência brasileira. Vivia em Pernambuco quando da inquietação em torno da separação com Portugal e lugar onde a agitação era maior do que no resto do país. Muito combativo, lutava contra o despotismo (o poder absoluto e autoritário) e as relações de dependência que caracterizavam a situação colonial.
Em 1817, Frei Caneca iniciou sua ação política com a Revolução Republicana em Pernambuco. Com o fracasso do movimento foi preso e enviado para Salvador, sendo libertado em 1821 pelo movimento constitucionalista de Portugal, regressando então a Pernambuco.
Escreveu, em 1822, “Dissertação sobre o que se deve entender por pátria do cidadão e deveres deste para com a mesma pátria” e, em 1823, “O caçador atirando à arara pernambucana” e as “Cartas de Pítia a Damão”.
Redige e publica, também em 1823, o Typhis Pernambucano, jornal de sua propriedade, do qual foi fundador e principal editor. O jornal era semanal e autofinanciado e um veículo usado por Frei Caneca para criticar a situação política do seu tempo e atingir as massas, esclarecendo-as sobre a defesa dos seus direitos.
Em 1824, tornou-se um dos conselheiros da junta de Manuel de Carvalho Paes de Andrade, opinando contra o reconhecimento de Francisco Paes Barreto como presidente de Pernambuco, a favor da invasão de Alagoas e contra o juramento da Constituição outorgada por D. Pedro I.
Neste mesmo ano, as províncias do Norte se opõem ao poder imperial formando a Confederação do Equador. Frei Caneca foi um dos seus chefes, e após o seu fracasso, retirou-se para o interior, na companhia de parte das tropas, ocasião em que escreveu o “Intinerário”.
Ainda em 1824, foi preso no Ceará e submetido a julgamento pela Comissão Militar, sendo condenado à morte por enforcamento.
A 13 de janeiro de 1825, foi executado no Forte das Cinco Pontas, no Recife. Porém, na ocasião da execução não houve carrasco que se prestasse a enforcá-lo, sendo então fuzilado, ocasião em que demonstrou grande serenidade e coragem.
Foi enterrado no Convento do Carmo, no Recife e sua morte foi considerada heróica, cercada de uma auréola de legenda mística pelo povo do Nordeste.
*Fontes: E-Biografia e assessoria de imprensa do Senado
Por: Diário do Rio
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