Ossos de preguiça gigante revelam presença humana no Brasil há 25 mil anos
16 de julho de 2023

Descoberta de pingentes feitos com ossos do animal extinto no sítio arqueológico de Santa Elina, no Mato Grosso, aponta que humanos chegaram à América do Sul antes do que se pensava

A descoberta de pingentes feitos de ossos de preguiças gigantes extintas revela que há 25 mil anos os humanos já estavam na América do Sul — incluindo o Brasil. A análise foi publicada nesta quarta-feira (12) no periódico Proceedings of the Royal Society B.

O estudo foi realizado por pesquisadores de instituições do Brasil, da França, dos Estados Unidos e da Irlanda. Por aqui, os centros envolvidos são as universidades federais de São Carlos (SP), de Catalão (GO) e da Bahia. Entre os membros do exterior estão cientistas da Universidade de Belfast, da Universidade Paris-Saclay, do European Synchrotron Radiation Facility e dos museus nacionais de história natural dos Estados Unidos e da França.

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As três osteodermas — depósitos ósseos em forma de escamas ou placas — foram encontradas no Abrigo de Santa Elina, um sítio arqueológico localizado na cidade de Jangada, no Mato Grosso. Os ossos estavam perto de ferramentas de pedra com buracos que, segundo a pesquisa, só os humanos poderiam ter feito.

A ideia de que esses detalhes foram feitos pelo Homo sapiens sugere que nossa espécie chegou ao Brasil antes do que se imaginava, entre 25 mil e 27 mil anos atrás. São informações importantes, já que faltam evidências dos primeiros humanos que se estabeleceram na América do Sul e quando isso ocorreu.

Pingente com buraco que, segundo pesquisadores, só pode ter sido feito por humanos — Foto: Divulgação/Thaís Pansani

Pingente com buraco que, segundo pesquisadores, só pode ter sido feito por humanos — Foto: Divulgação/Thaís Pansani

Artefatos pessoais

Os pesquisadores utilizaram uma combinação de técnicas de visualização microscópicas e macroscópicas para descobrir que as osteodermas, incluindo seus buracos, foram polidas e tinham traços de incisões feitas com artefatos de pedra.

Osteodermas foram encontradas no Abrigo de Santa Elina, no Mato Grosso — Foto: Divulgação/Thaís Pansani

Osteodermas foram encontradas no Abrigo de Santa Elina, no Mato Grosso — Foto: Divulgação/Thaís Pansani

“As observações mostram que essas três osteodermas foram transformadas em artefatos pelos humanos, provavelmente ornamentos pessoais”, escreve a equipe no artigo.

“É virtualmente impossível definir o real significado que esses artefatos tinham para os ocupantes de Santa Elina”, disse a coautora Mírian Pacheco, da Universidade Federal de São Carlos, em entrevista ao portal Live Science. De acordo com ela, o formato e o grande número de osteodermas pode ter influenciado a criação de um tipo tão específico de artefato com os pingentes.

Pingentes revelam presença de humanos na América do Sul antes do que se pensava — Foto: Divulgação/Thaís Pansani

Pingentes revelam presença de humanos na América do Sul antes do que se pensava — Foto: Divulgação/Thaís Pansani

As investigações no sítio arqueológico de Santa Elina ocorrem desde 1985. Pesquisas anteriores sobre o local descrevem a presença de mais de mil figuras individuais e sinais nas paredes, centenas de artefatos de pedra e milhares de osteodermas de preguiças. Sendo três delas as descritas no estudo mais recente.

Fonte: Revista Galileu

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