Descoberta de pingentes feitos com ossos do animal extinto no sítio arqueológico de Santa Elina, no Mato Grosso, aponta que humanos chegaram à América do Sul antes do que se pensava
A descoberta de pingentes feitos de ossos de preguiças gigantes extintas revela que há 25 mil anos os humanos já estavam na América do Sul — incluindo o Brasil. A análise foi publicada nesta quarta-feira (12) no periódico Proceedings of the Royal Society B.
O estudo foi realizado por pesquisadores de instituições do Brasil, da França, dos Estados Unidos e da Irlanda. Por aqui, os centros envolvidos são as universidades federais de São Carlos (SP), de Catalão (GO) e da Bahia. Entre os membros do exterior estão cientistas da Universidade de Belfast, da Universidade Paris-Saclay, do European Synchrotron Radiation Facility e dos museus nacionais de história natural dos Estados Unidos e da França.
As três osteodermas — depósitos ósseos em forma de escamas ou placas — foram encontradas no Abrigo de Santa Elina, um sítio arqueológico localizado na cidade de Jangada, no Mato Grosso. Os ossos estavam perto de ferramentas de pedra com buracos que, segundo a pesquisa, só os humanos poderiam ter feito.
A ideia de que esses detalhes foram feitos pelo Homo sapiens sugere que nossa espécie chegou ao Brasil antes do que se imaginava, entre 25 mil e 27 mil anos atrás. São informações importantes, já que faltam evidências dos primeiros humanos que se estabeleceram na América do Sul e quando isso ocorreu.
Pingente com buraco que, segundo pesquisadores, só pode ter sido feito por humanos — Foto: Divulgação/Thaís Pansani
Artefatos pessoais
Os pesquisadores utilizaram uma combinação de técnicas de visualização microscópicas e macroscópicas para descobrir que as osteodermas, incluindo seus buracos, foram polidas e tinham traços de incisões feitas com artefatos de pedra.
Osteodermas foram encontradas no Abrigo de Santa Elina, no Mato Grosso — Foto: Divulgação/Thaís Pansani
“As observações mostram que essas três osteodermas foram transformadas em artefatos pelos humanos, provavelmente ornamentos pessoais”, escreve a equipe no artigo.
“É virtualmente impossível definir o real significado que esses artefatos tinham para os ocupantes de Santa Elina”, disse a coautora Mírian Pacheco, da Universidade Federal de São Carlos, em entrevista ao portal Live Science. De acordo com ela, o formato e o grande número de osteodermas pode ter influenciado a criação de um tipo tão específico de artefato com os pingentes.
Pingentes revelam presença de humanos na América do Sul antes do que se pensava — Foto: Divulgação/Thaís Pansani
As investigações no sítio arqueológico de Santa Elina ocorrem desde 1985. Pesquisas anteriores sobre o local descrevem a presença de mais de mil figuras individuais e sinais nas paredes, centenas de artefatos de pedra e milhares de osteodermas de preguiças. Sendo três delas as descritas no estudo mais recente.
Fonte: Revista Galileu
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