João Ramalho é um famoso explorador português muito importante para o início da colonização do Brasil e para a história de SP. Não sabe-se muito sobre a origem dele, só sabe-se que era português. Uns dizem que era nobre e que teria sido nomeado cavaleiro pelo Rei Dom João II em 1487 mas tudo indica que fosse pobre e analfabeto mesmo. Uns dizem que ele nasceu em Vouzela (distrito de Viseu) e outros que seria natural de Barcelos (distrito de Braga).
Uns dizem que nasceu em 1493, outros que seria ainda mais velho. Não se tem certeza nem mesmo que o nome dele era João Ramalho já que alguns alegam que seu verdadeiro nome seria João Maldonado de Balbode. Há também quem diga que ele fosse o primeiro dos vários judeus/marranos que migrariam para o Brasil fugindo da Inquisição portuguesa nos 3 séculos de período colonial.
João Ramalho e um de seus filhos
Também não se sabe como foi que João Ramalho veio parar no Brasil. Uns dizem que ele seria náufrago, outros que foi degredado por cometer algum crime em Portugal, outros que foi voluntário para morar no Brasil e socializar-se com os índios em preparação para a futura colonização. O ano exato em que veio pra cá também não é conhecido. Uns dizem que ele veio pra cá em 1515, outros dizem que chegou ao Brasil em algum momento entre 1508 e 1511, outros que veio com Cabral em 1500 e há quem diga que ele já estava aqui desde 1490 insinuando que o cara chegou à América antes mesmo que Colombo – Cristóvão descobriu a América em 1492.
Sobre sua chegada ao Brasil a única coisa em que todas as fontes concordam é que João Ramalho é o primeiro europeu a se mudar pro Brasil, a morar aqui. De alguma forma, ao chegar ao que hoje é o estado de São Paulo, Ramalho conseguiu socializar-se com os indígenas locais – os tupiniquins e guaianases – ao ponto de tornar-se um de seus principais líderes chegando a ser genro do cacique Tibiriçá, que era a principal liderança indígena na região. Dizem que João Ramalho era tão poderoso e influente entre os índios locais que ele conseguia facilmente reunir num único dia um exército de 5 mil guerreiros (que era muita coisa pro Brasil dos períodos pré-colonial e colonial).
Tibiriçá e um de seus netos
João Ramalho tornou-se uma peça-chave na geopolítica local realizando alianças políticas entre as diversas tribos, derrotando em guerras as tribos adversárias dos tupiniquins e guaianases como os tamoios e pacificando a região e também serviu como facilitador da colonização portuguesa da região. Graças à proteção de João Ramalho e seu sogro Tibiriçá Martim Afonso de Sousa fundou a vila de São Vicente (a cidade mais antiga do Brasil) em 1532 e posteriormente a aldeia de São Paulo dos Campos de Piratininga (atual cidade de São Paulo) em 1554 – São Paulo foi fundada onde antes ficava a aldeia de Piratininga, capital dos domínios de Tibiriçá.
O próprio Ramalho lideraria a fundação em 1550 da vila de Santo André da Borda do Campo (que ficava em algum lugar na região onde hoje ficam os municípios de Santo André, São Caetano do Sul e São Bernardo do Campo), que é considerada a primeira povoação não indígena do Brasil construída mais distanciada do litoral, mais para o interior do continente, o que lhe rendeu o apelido de “O Patriarca do Campo” – devido a ataques dos índios tamoios, Santo André da Borda do Campo deixou de existir em 1560 e seus habitantes foram evacuados para São Paulo por ordem do governador-geral Mem de Sá.
Uma estátua de João Ramalho no centro de Santo André – SP
O primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, nomeou João Ramalho 1º Capitão de Guerra de São Paulo, Alcaide-Mor do Campo (os alcaides eram algo parecido com os nossos atuais prefeitos) e Guarda-Mor do Rei. Ele foi ainda eleito várias vezes vereador em Santo André da Borda do Campo e em São Paulo de Piratininga. Liderou, junto com seu sogro, a defesa de São Paulo contra um grande ataque tamoio (que resultou no fim de Santo André da Borda do Campo) conhecido hoje em dia como cerco ou guerra de Piratininga – na ocasião, ele foi nomeado por decisão popular Capitão-Mor da Praça de São Paulo. A derrota tamoia nesse evento histórico consolidou a presença portuguesa na região.
João Ramalho é considerado por muitos como o fundador da “dinastia dos mamelucos” (“mamelucos” era como chamavam-se em SP colonial os mestiços de índios com brancos) já que os filhos que teve com a filha de Tibiriçá são vistos como os primeiros pardos (mestiços) da história brasileira. Os descendentes de Ramalho eram conhecidos como “Casa de Piratininga” porque foram muito influentes na política de SP colonial e dentre eles estiveram muitos bandeirantes como Domingos Luís Leme e Fernão de Camargo, o que também lhe rendeu o epíteto de “Patriarca dos Bandeirantes” e “Pai dos Paulistas”.
Entre os descendentes de João Ramalho também está a rainha Sílvia da Suécia (que também descende do rei D. Afonso III de Portugal) e a escritora Lygia Fagundes Telles (conhecida como “A Dama da Literatura Brasileira” e “A Maior Escritora Brasileira”).
As ruínas de Santo André da Borda do Campo
Fonte: Quora
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