Fiocruz Brasília e TV Pinel lançam novo episódio de websérie sobre a Reforma Psiquiátrica
15 de julho de 2024

Fiocruz Brasíli

O Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad) da Fiocruz Brasília e a TV Pinel lançaram o quarto episódio da websérie Retratos da Reforma Psiquiátrica brasileira. A nova produção audiovisual traz o foco para as trabalhadoras da saúde e para a assistência de base territorial, com três mulheres que contam os esforços cotidianos da transição ocorridos nos municípios de Barbacena (por Leandra Vidal), Paracambi (por Oliésia Esteves) e Juiz de Fora (por Rosane Jacques).

Leandra, Oliésia e Rosane abordam as mudanças materiais, culturais e subjetivas no âmbito social e sobre a tessitura de tramas de acolhimento, dignidade, respeito e garantias de direitos que exigia uma sustentação diária. “Por seus relatos, lembramos que a Reforma acontece no mundo concreto pelo empenho das pessoas reais, envolvidas, desejosas de dias melhores. Essas três trabalhadoras mostram consonâncias em muitas dificuldades, mas também em sucessos, crescimentos e inspirações. Mostram que a ‘produção de vida’ em liberdade é obra de persistência, afeto e coragem que ultrapassa a noção de ‘cura’, ampliando possibilidades de invenção da saúde de forma singular na conquista da autonomia e da contratualidade social”, conta a historiadora e pesquisadora da Fiocruz Brasília Fernanda Severo, integrante da direção coletiva da websérie. 

Entre 2017 e 2019, em parceria entre o Nusmad da Fiocruz Brasília e a TV Pinel, foram coletadas 28 narrativas em primeira pessoa com sujeitos históricos das políticas públicas contemporâneas de Saúde Mental, trabalhadores e usuários. Histórias de vida e trabalho que interpelam o lugar social da loucura e da inclusão social, visando colaborar com a redução de estigmas em relação à população egressa de instituições totais. O acervo deu origem à websérie Retratos da Reforma Psiquiátrica brasileira, que traz histórias reveladoras da humanidade que a Reforma Psiquiátrica apostou e construiu no Brasil, com depoimentos de usuários egressos de longas internações e trabalhadores. Seus primeiros episódios foram compostos durante a pandemia de Covid-19 e são parte da produção audiovisual do canal Morar em Liberdade, que junto com a série Cantantes e outros curtas, tem versões em inglês e italiano.

O projeto Memórias da Saúde Mental: Cultura, Comunicação e Direitos Humanos/Morar em Liberdade, do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad), que é vinculado a uma meta de atividades descentralizadas do Departamento de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (Desmad) e integra a Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, produz e difunde acervo multimídia de testemunhos da Reforma Psiquiátrica Brasileira e, assim, lança luz nos processos de desinstitucionalização consolidados por meio da Rede de Atenção Psicossocial no Brasil. O novo ciclo deste projeto de ciência, arte e comunicação pela Saúde Mental e pela Reforma Psiquiátrica brasileira antimanicomial é uma pesquisa histórica interdisciplinar coordenada de forma colaborativa e interinstitucional por profissionais do Nusmad, sediados em Brasília e no Rio de Janeiro. Desde o princípio, a pesquisadora e historiadora Fernanda Severo integrou nesse grupo de trabalho outros historiadores, psicólogos, jornalistas, artistas gráficos, profissionais de fotografia e audiovisual e usuários da saúde mental da Região Sudeste. A concepção dos novos formatos e ações comunicacionais sobre o cuidado em liberdade consolida uma memória do tempo presente para que se possa sustentar a energia para seguir trabalhando pelo cuidado de base territorial no Brasil.

Confira a playlist da websérie (todos os episódios em português e as versões em inglês e italiano)

Histórico da pesquisa

A pesquisa é de vertente sócio histórica longitudinal, iniciada em 2017, e prioriza os dispositivos das políticas públicas contemporâneas de saúde mental em suas múltiplas interfaces com a garantia de direitos humanos. É um projeto interdisciplinar de resgate, guarda e difusão de trajetórias de vida da Reforma Psiquiátrica brasileira que inclui histórias de si e narrativas dos formuladores e gestores de políticas públicas, trabalhadores da atenção psicossocial, representantes do Legislativo, do executivo federal, dos movimentos sociais e usuários da saúde mental. Como experiência comunicacional da ciência, consolida um acervo histórico de pesquisa qualitativa sobre políticas de Saúde Mental, especificamente os desdobramentos históricos da Reforma Psiquiátrica Brasileira (1991-2023). Atualmente tem um acervo de cerca de 40 horas de documentação audiovisual, com entrevistas realizadas entre 2017 e 2019 com ex-internos e trabalhadores da Atenção Psicossocial de Juiz de Fora (MG), Barbacena (MG) e Paracambi (RJ) e com gestores, formuladores e trabalhadores das políticas públicas de saúde mental.

A pesquisa tem um acervo de cerca de 40 horas de documentação audiovisual, com entrevistas com ex-internos e trabalhadores da Atenção Psicossocial, formuladores e trabalhadores da saúde mental
(Imagem: Divulgação)

Seu banco de dados multimídia, desde 2020, é depositado em repositório institucional (Ciência Aberta) no Arca Dados da Fiocruz, sendo a primeira pesquisa qualitativa da área inserida em repositório de Ciência Aberta. Esta ação fomenta diálogos em comunidades técnico-científicas e em disciplinas do Mestrado em Políticas Públicas em Saúde da Escola de Governo Fiocruz. Além da websérie, tem entre suas ações comunicacionais a Linha do Tempo da Reforma Psiquiátrica brasileira, a instalação artística Morar em liberdade – Retratos da Reforma Psiquiátrica brasileira e uma linha editorial multimídia.

 

Fonte: Agência Fiocruz

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