Casa de Pedra em Seropédica: Um Tesouro Esquecido da Rota do Ouro
28 de outubro de 2024

Seropédica, um município com raízes profundas na história e na cultura rural do Brasil, guarda em seu território um monumento que é testemunha de tempos passados e grandes eventos econômicos do país: a Casa de Pedra, localizada no Assentamento das Casas Altas, perto do Arco Metropolitano (BR 493). A edificação remonta a um período em que o ouro extraído de Minas Gerais era transportado ao porto de Santos com destino a Portugal, passando pela antiga rota de São Paulo (Estrada Real hoje BR-465) e pela Estrada Velha das Minas, que ligava a região de Vila Rica (atual Ouro Preto) a outros centros coloniais.

A Estrada Real ou o Caminho do Ouro era o nome alusivo a qualquer via terrestre que, à época do Brasil Colônia, era percorrida no processo de povoamento e exploração econômica de seus recursos.

Entre os séculos XVII e XIX um conjunto de vias terrestres, muitas delas simples reapropriações de antigas trilhas indígenas (peabirus), aproximou diferentes regiões do território brasileiro. Os peabiru (na língua tupi, “pe” – caminho; “abiru” – gramado amassado) são antigos caminhos, utilizados pelos indígenas sul-americanos desde muito antes do descobrimento pelos europeus, ligando o litoral ao interior do continente.

Este caminho ligava o Rio de Janeiro às Minas Gerais e foi aberto há mais de 300 anos pela Coroa Portuguesa. Nas partes já conhecidas e revitalizadas (principalmente em Paraty) , a Estrada Real tornou-se um destino turístico reconhecido no Brasil e no exterior. A estrada passa por 199 municípios, 169 em Minas Gerais, 22 em São Paulo e 9 no Rio de Janeiro, e tem 1,6 mil quilômetros de extensão.

Embora sua data exata de construção não seja conhecida, há indícios históricos e relatos de moradores locais que atribuem à Casa de Pedra uma função vital no século XVIII: a de armazenamento temporário do ouro que viajava pelo extenso e perigoso trajeto. No passado, Seropédica, então povoado do Bananal, era ponto de passagem obrigatório, conectando o fluxo de riquezas entre Minas Gerais e o litoral paulista. A estrutura da Casa de Pedra, feita com encaixe artesanal de blocos de rocha sólida, resistiu ao tempo e ainda hoje conserva sua imponência, embora enfrente o abandono e a falta de reconhecimento.

Infelizmente, a Casa de Pedra encontra-se em estado de degradação. Seu terreno permanece sem manutenção, com intervenções arquitetônicas inadequadas, como janelas e portas de concreto e grades, que alteram suas características originais. Além disso, invasões e depredações no local têm sido motivo de preocupação entre os moradores do Assentamento das Casas Altas, que lamentam a falta de atenção das autoridades para preservar esse tesouro histórico.

A preservação desse monumento é uma responsabilidade coletiva. Seropédica, uma cidade com uma história rica e envolvente, merece que sua memória seja valorizada e protegida. A Casa de Pedra não é apenas uma edificação antiga; ela é um símbolo da nossa herança colonial e do papel significativo que o município desempenhou na economia do Brasil durante o ciclo do ouro. Para garantir que essa história não seja apagada pelo tempo, é essencial que iniciativas de restauração e preservação sejam implementadas.

Reavivar a memória da Casa de Pedra é, acima de tudo, valorizar a identidade e a cultura da comunidade seropedicada, conectando o passado ao presente e fazendo jus ao legado de uma região que foi essencial para o desenvolvimento do Brasil colonial.

 

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