Putin convoca 300 mil reservistas e ameaça Ocidente com guerra nuclear (Vídeo)
22 de setembro de 2022

 

Em um pronunciamento à nação pela TV, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta quarta-feira (21) que convocará cerca de 300 mil cidadãos da reserva para se unirem às tropas russas na Ucrânia, prorrogou o contrato de soldados no campo de batalha e fez ameaças nucleares ao Ocidente.

Esta é a primeira mobilização militar feita pela Rússia desde a Segunda Guerra Mundial.

“Isto não é um blefe”, declarou o líder russo. “Vários representantes do alto escalão de países da Otan falam da possibilidade e admissibilidade de usar armas de destruição em massa contra a Rússia. Falam até de ameaça nuclear. Quero dizer a quem diz isso que nosso país possui uma variedade de armas de destruição, algumas mais modernas até que as dos países da Otan.”

No discurso, também sem precedentes desde o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro, Putin disse já ter assinado o decreto que estabelece a convocação dos cerca de 300 mil reservistas, o que gerou revolta de parte da população e busca por passagens saindo de Moscou.

O líder russo não deixou claro a partir de quando os reservistas começarão a ser convocados, e nem quanto tempo será necessário para convocar todos eles. O que ficou claro, segundo Putin, é que apenas os que já têm alguma experiência militar entraram na lista da mobilização.

Ele anunciou ainda ter prorrogado indefinidamente os contratos dos soldados que já estão lutando no país vizinho e aumentado os gastos com a produção de armamentos.

O discurso ameaçador de Putin preocupou o Ocidente (veja mais abaixo) e foi feito em um momento no qual o governo ucraniano faz uma forte e veloz operação de contraofensiva, com o apoio logístico dos países europeus e dos Estados Unidos.

No pronunciamento, o presidente russo disse também que dará apoio aos referendos de separação da Ucrânia anunciados em regiões como Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, invadidas pela Rússia. As consultas públicas ocorrerão neste fim de semana.

Além do financiamento da produção de armas nessas regiões, Putin afirmou também que dará status legal aos voluntários combatendo ao lado das tropas russas nessas frentes.

Dentro da Rússia, o anúncio gerou reações. Poucas horas depois do pronunciamento de Putin, centenas de pessoas fizeram protestos em Moscou, e ao menos 66 pessoas foram presas, de acordo com o grupo de monitoramento da perseguição política na Rússia OvdInfo.

Reações

Já fora do país, o discurso de Putin gerou reações imediatas de governantes da Europa.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que não acredita que a Rússia usará armas nucleares em uma entrevista ao canal alemão Bild TV. “Não acho que essas armas serão usadas. Não acho que o mundo deixará isso acontecer”, afirmou o chefe de Estado ucraniano.

Putin “quer afogar a Ucrânia em sangue, incluindo o de seus próprios soldados”, afirmou Zelensky, referindo-se à mobilização parcial decretada pelo presidente russo. “Ele precisa de um exército de vários milhões de pessoas contra nós, porque vê que grande parte dos que chegam fogem”, afirmou.

O líder ucraniano ainda disse que os russos mobilizaram cadetes, “meninos que não sabiam lutar, que não conseguiram nem terminar o treinamento”.

Em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) desta quarta-feira (21), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que ninguém ameaça a Rússia e que a guerra na Ucrânia é “uma guerra de um homem só”.

Apesar de mostrarem certa preocupação com o tom ameaçador de Putin, representantes de países como Alemanha e Reino Unido avaliaram que as novas ações anunciadas pelo líder russo são o sinal de que Moscou está perdendo a guerra na Ucrânia.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, chamou as palavras de Putin de “retórica perigosa e imprudente”.

“Vamos garantir que não haja mal-entendidos em Moscou sobre exatamente como vamos reagir. Claro que depende do tipo de situação ou de que tipo ou armas eles podem usar. O mais importante é evitar que isso aconteça, e é por isso que estamos sendo muito claros em nossas comunicações com a Rússia sobre as consequências sem precedentes desse ataque”, declarou Stoltenberg.

Até o papa Francisco, em audiência semanal no Vaticano, falou sobre a ameaça travada por Putin. “É uma loucura pensar em usar armas nucleares neste momento”, declarou o pontífice durante sua audiência semanal no Vaticano.

Já o porta-voz da União Europeia falou de uma “aposta nuclear muito perigosa” feita por Putin, e a ministra de Relações Exteriores do Reino Unido, Gillian Keegan, disse que o discurso é uma “escalada preocupante”.

Vídeo; Estadão
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