Nomes antigos: Um dos primeiros nomes da Sexta-feira Santa foi: Parasceve, que era o nome do dia de preparação para a Páscoa dos judeus; segundo os evangelhos, nesse dia é que, Jesus foi crucificado. Tertuliano dava-lhe, no século III, o nome de Dies Paschae, Dia da Páscoa. No século IV, Sto. Ambrósio chamava essa sexta-feira de Díes amaritúdinis: Dia da amargura. Ainda agora é chamada também de Sexta-feira Maior.
Desde os tempos primitivos do cristianismo, nesse dia não se celebrava a eucaristia. Havia apenas leituras e orações. As cerimônias litúrgicas desse dia trazem ainda a marca de uma antiguidade muito grande. É composta de três partes:
1) Leituras e orações:A liturgia começa diretamente com leituras dos profetas, cantos e a leitura dialogada da Paixão. Há depois uma série de orações solenes pelas necessidades da Igreja e do mundo. A tradição dessas orações, abandonada no século VI, foi retomada pela nova liturgia depois do Concílio Vaticano II, que introduziu em todas as missas as assim chamadas “orações dos fiéis” ou “Oração da Comunidade”.
2) Adoração da Cruz:Desde logo é preciso fazer um esclarecimento: Aqui a palavra “adoração” significa apenas veneração solene. Adoração, no sentido próprio, pode ser prestada só a Deus.
A cerimônia da Adoração da Cruz, teve origem em Jerusalém, no século IV, depois que Constantino encontrou as relíquias da Cruz do Salvador. Aos poucos a cerimônia foi sendo adotada também por outras cidades onde havia relíquias da Cruz. Mais tarde, foi assumida por todas as Igrejas. Prestando uma veneração especial à Cruz ou ao Crucifixo, manifestamos nossa fé no Cristo Redentor, que nos salvou por sua morte. Adorando a cruz, é de fato ao Cristo que adoramos, reconhecendo nele o Filho de Deus Encarnado e oferecido em sacrifício por nós.
3) Comunhão:Desde os tempos mais antigos foi costume não celebrar a Missa na Sexta-feira Santa. Geralmente a explicação dada é que assim a Igreja quer manifestar seu luto pela morte do Salvador. Até o século VIII não havia nem mesmo a comunhão, que só aos poucos foi introduzida na liturgia do dia. Em l622, foi proibida a comunhão dos fiéis. Isso continuou até os nossos dias, quando foi reintroduzida.
Sábado Santo
Desde os tempos primitivos, também no Sábado Santo não havia celebração da missa. Os fiéis reuniam-se nas igrejas para uma última preparação dos que iam ser admitidos ao batismo. Eles tinham acabado de aprender o Credo, e nesse dia eram trazidos para diante da comunidade, para fazerem uma solene declaração de fé.
Ao cair da tarde começava a solene vigília, que se prolongava até o nascer do sol do Domingo da Ressurreição. Com o passar do tempo, o início dessa vigília foi sendo colocado cada vez mais cedo, até ser realizada na manhã do próprio sábado. Assim foi até a reforma realizada pelo papa Pio XII que, apropriadamente recolocou a Vigília Pascal na noite do Sábado Santo. Assim, já não tem cabimento falar em Sábado da Aleluia. A comemoração da ressurreição é agora feita com muito mais sentido nas horas noturnas.
Solene vigília de Páscoa:
Seu horário de início varia um tanto de lugar para lugar. De modo geral está marcado em torno das 22 horas. Sua liturgia consta de quatro partes:
1) a bênção do fogo novo: Essa cerimônia começou a ser realizada de modo mais geral só a partir do século IX. No pátio, à entrada da igreja, acendia-se o fogo, usando pedras. Talvez inicialmente não fosse propriamente uma cerimônia, mas apenas um gesto normal, imposto pelas circunstâncias. Na quinta-feira, tinham sido apagadas todas as luzes da igreja. Era preciso reacendê-las para as funções noturnas. O meio normal para se conseguir fogo era o uso de pedras, uma vez que não dispunham de nossos meios modernos.
Aos poucos o ato foi sendo enriquecido com simbolismos. O que, aliás, não é de se estranhar: para os antigos o fogo era sempre um elemento misterioso. Era símbolo da vida, lembrava a divindade. Nada mais natural que esse simbolismo fosse aproveitado pelos cristãos. A própria oração da bênção do fogo diz-nos que “O Cristo é a pedra usada por Deus para acender em nós o fogo da claridade divina”. Esse simbolismo, aliás, do Cristo que ilumina, aquece e é centro de vida, era mais claro ainda para os antigos. Isso porque, na Sexta-feira Santa, era costume apagar o fogão e todas as luzes das casas. Era no fogo novo que cada família acendia uma lâmpada para levar para casa e acender tudo de novo.
2) a bênção do Círio Pascal: Com o fogo novo, solenemente tirado da pedra e benzido, acende-se o Círio Pascal (vela grossa de cera), que é solenemente levado para dentro da igreja, que ainda está às escuras. O diácono, que leva o círio, na entrada, depois no meio da igreja, e finalmente quase chegando ao altar, pára e canta alegremente: A LUZ DE CRISTO!!
Isso já nos ajuda a perceber o que significa a cerimônia: glorificação alegre do Cristo que ilumina o mundo. A cada vez que o diácono canta A LUZ DE CRISTO!, o celebrante, o clero e o povo vão acendendo também suas velas na chama do círio. Em breve toda a igreja está iluminada por velas, que foram todas acesas na mesma chama. Cristo é a Luz, da qual todos os homens recebem a vida, a mesma vida em todos. O Círio Pascal é colocado ao lado do altar. Canta-se então uma das melodias mais belas de toda a música da Igreja: o Exultet – Alegre-se agora toda a multidão dos anjos do céus… Não sabemos com certeza quando começou essa tradição litúrgica. O certo é que já encontramos referências lá pelo ano 384.
3) a bênção da água batismal: Nos primeiros séculos da Igreja, era neste sábado que se fazia o Batismo dos que, durante um tempo mais ou menos longo, tinham sido preparados para a admissão na comunidade. Os que já tinham abraçado a fé cristã, mas ainda estavam recebendo a catequese, chamavam-se catecúmenos. Nessa noite de vigília recebiam as últimas instruções e ouviam com a comunidade leituras da Escritura apropriadas para a circunstância. Logo em seguida o bispo, rodeado pelos sacerdotes e acompanhado pelos catecúmenos e seus padrinhos, dirigiam-se para a fonte batismal, enquanto os fiéis permaneciam na Igreja. A fonte batismal geralmente estava colocada num ambiente separado, chamado Batistério. Durante muitos séculos a fonte batismal era como que uma pequena piscina, onde as pessoas podiam ser mergulhadas na água. Desde os primeiros séculos também, em alguns lugares a fonte estava colocada num local um pouco mais baixo que o piso do batistério, tendo ao centro uma coluna com um reservatório de água. Água que era abundantemente derramada sobre a cabeça dos neófitos (palavra grega que significa novas plantas).
Hoje, temos na Vigília Pascal apenas lembranças dessas cerimônias dos primeiros séculos. Mas lembranças ainda suficientes para nos fazer perceber o significado de nosso batismo, pelo qual nos unimos à morte e à ressurreição de Cristo.
4) a Missa de Páscoa:
É a maior solenidade do ano. Até o século XI, era só nesse dia que os simples padres podiam cantar solenemente o Glória a Deus nas alturas. Nesse momento do canto do Glória, como ainda hoje, novamente os sinos e o órgão irrompiam numa grande explosão de alegria. Cristo venceu a morte, também para nós existe a tranquila garantia de vida e esperança.
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