Foi realizado neste sábado (8/06), Cerimônia de juramento à Bandeira e entrega de Espadim para os Aspirantes que integram a Turma “Patriarca da Independência”, o evento foi realizado na Escola Naval da Marinha do Brasil.
Centenas de pessoas assistiram emocionados o desfile dos novos Aspirantes acompanhados pela Banda da Marinha, que tocaram impecavelmente vários Hinos Militares. A cerimônia foi presidida pelo Ministro de Estado da Defesa General de Exército, Fernando Azevedo e Silva.
Entre os novos Aspirantes estava meu Sobrinho, Guilherme Curres, acompanhado por toda família, amigos e namorada, orgulhosos por terem mais um militar na família. “Guilherme optou por renunciar a uma vida de maior conforto, para ingressar numa carreira desafiadora, fundada na hierarquia e disciplina, e na dedicação ao serviço da Pátria, isso nos deixa muito orgulhosos” Destaca sua Tia Tânia.
História da Maria do Brasil
A transmigração da Família Real portuguesa foi fundamental para que, mais tarde, ocorresse a independência unificada de todo o território de colonização portuguesa na América.
A Revolução Liberal, iniciada no Porto, em Portugal, exigiu o regresso do governo português à Europa, acabou com o poder absoluto do rei e tentou fazer com que o Brasil retornasse à condição de colônia. Criaram-se duas facções no Reino de Portugal, Brasil e Algarves, os que eram favoráveis às Cortes e os que apoiavam a causa do Príncipe D. Pedro, que permanecera no Brasil.
Com as tentativas das Cortes de fazer D. Pedro regressar para a Europa, iniciou-se a cisão da Marinha de Portugal. Desde o princípio de 1822 alguns comandantes de navios passaram a obedecer somente ao Príncipe e o apoiaram nas ocasiões em que houve ameaças de uso de força. Começava a se formar o embrião da Marinha do Brasil.
Em 7 de setembro de 1822, o Príncipe Regente D. Pedro e sua comitiva, após visitar a vila de Santos, retornavam para São Paulo, quando ao chegar próximo ao Riacho Ipiranga encontraram-se com emissários vindos do Rio de Janeiro que traziam importantes novidades de Lisboa, além de cartas de José Bonifácio e da Princesa D. Leopoldina.
Por meio dessas correspondências, D. Pedro viu o novo posicionamento político de Portugal em relação ao Brasil, impondo uma série de exigências, dentre elas: a total submissão do príncipe às Cortes reunidas em Lisboa, continuando como regente até a publicação da Constituição, com autoridade apenas nas províncias em que já a exercia; a nomeação pelo Rei de novo ministério; a anulação da convocação do Conselho de Procuradores-Gerais das Províncias; e a decisão de instaurar processo contra a Junta Governativa de São Paulo por ter pedido ao príncipe que ficasse no Brasil. Estas exigências de Portugal foram consideradas inaceitáveis por D. Pedro que tomou a decisão de tornar o Brasil independente de Portugal. Após proclamar a Independência em 7 de setembro, foi aclamado Imperador do Brasil, em 1° de dezembro de 1822.
Para eliminar os focos de resistência interna à autoridade do novo Imperador, que eram mais fortes nas províncias da Bahia, Maranhão, Grão-Pará e Cisplatina, e rechaçar qualquer tentativa de recolonização por parte da antiga metrópole, foi necessário o aprestamento de forças terrestres e, principalmente, o preparo de uma força naval capaz de obter o controle do mar, interceptando a vinda de reforços portugueses, bloqueando as posições inimigas e mantendo livres as comunicações marítimas do novo Império. Segundo informações enviadas pelo agente brasileiro em Londres, Felisberto Caldeira Brant Pontes – futuro Marquês de Barbacena –, uma poderosa expedição estava sendo preparada para ser enviada ao Brasil, ainda em 1822. O tempo urgia e as dificuldades eram muitas.
Em fins de 1822, o material flutuante ainda era muito escasso, com navios que tinham sua origem na Marinha de Portugal e que passaram a constituir o primeiro núcleo da Esquadra brasileira, composto pelas Fragatas União e Real Carolina; Corvetas Maria da Glória e Liberal; Brigue Real Pedro, Brigue-Escuna Real, 13 escunas – das quais sete encontravam-se estacionadas no Prata – e de, aproximadamente, 20 navios-transportes e canhoneiras. Os outros navios estacionados no Rio de Janeiro, somente três eram utilizáveis, a Nau Martins de Freitas, a Fragata Sucesso e o Brigue Reino Unido, os quais foram prontamente reparados no Arsenal de Marinha. A Nau Príncipe Real, que trouxe D. João VI ao Brasil, só pôde ser utilizada como navio-prisão, devido ao péssimo estado que se encontrava.
Em janeiro de 1823, foi lançada subscrição pública nacional visando a angariar recursos que ajudassem a acelerar o aparelhamento da Esquadra brasileira. O Imperador e a Imperatriz tomaram a liderança com a compra de 350 ações, sendo seguidos por patriotas de toda nação. O plano alcançou grande êxito tendo atingido, em junho de 1823, uma soma de 33 mil réis.
Em abril de 1823, a Esquadra estava constituída por uma nau, quatro fragatas, duas corvetas, três brigues-escunas, 12 escunas e 20 navios-transportes e canhoneiras. No que se relacionava ao recrutamento e preparo do pessoal embarcadoEm Breve.
“…a princípio, parecia não haver falta de oficiais para a nova Marinha: 160tinham se estabelecido no Brasil desde 1808, mas a maioria era deportugueses, e tornou-se necessário verificar primeiro sua lealdade. Com estafinalidade Cunha Moreira estabeleceu uma comissão, em 5 de dezembro de1822, para perguntar a cada oficial se ele desejava servir ao Brasil ou voltarpara Portugal. Ficou logo claro que a grande maioria aderia à causabrasileira, e quando foram retirados os nomes dos mais velhos e dos incapazes,restou um total de 94. Era evidente que o Brasil tinha oficiais superiores emnúmero suficiente, mas a quantidade de oficiais inferiores dava apenas paraguarnecer os navios já em comissão nos estabelecimentos de guerra.” 1
Havia, também, indícios de que a marujada não era confiável, pois muitos eram oriundos da Marinha de Portugal. Outro problema era com a falta de experiência no mar de muitos dos homens que foram recrutados como marinheiros.
Na Inglaterra, Felisberto Caldeira Brant Pontes, autorizado por D. Pedro I, negociou a compra de navios, munições, fez levantamento de empréstimos e coordenou o recrutamento de oficiais e marinheiros estrangeiros para servirem à Marinha Imperial brasileira.
O Governo brasileiro resolveu então convidar Thomas Cochrane, oficial de grande experiência e que fez brilhante carreira na Royal Navy como comandante de fragatas durante as Guerras Napoleônicas, para comandar a Esquadra brasileira. Enquanto Cochrane apreciava o convite recebido, o Governo Imperial recrutou outros oficiais estrangeiros para seu serviço, dentre eles: David Jewett – que foi oficial na Marinhas dos Estados Unidos – e John Taylor, oficial da ativa da Royal Navy.
Após algumas rodadas de negociações, finalmente Cochrane aceitou a proposta brasileira sendo nomeado Primeiro-Almirante – posto criado em caráter excepcional – e trouxe consigo mais quatro oficiais britânicos, dentre eles John Pascoe Grenfell.
Em 21 de março de 1823, o Almirante Cochrane içou seu pavilhão na Nau Pedro I (ex- Martins Freitas) e partiu para Salvador levando ordens do Ministro Cunha Moreira para que estabelecesse um rigoroso bloqueio, destruindo e tomando as forças portuguesas que encontrasse, fazendo o maior dano possível ao inimigo.
Desde 1821, a Bahia estava ocupada por uma junta governativa fiel aos interesses das Cortes portuguesas, sustentada por uma tropa ferrenhamente colonialista sob o comando do General Madeira de Melo. Em fins de 1822, já havia a determinação do Imperador para que as demais províncias ajudassem os patriotas baianos que resistiam à presença militar portuguesa na Bahia.
Vários combates foram travados, dentre eles, a Batalha do Pirajá, em novembro de 1822, com vitória para os nacionais fazendo os portugueses passarem à defensiva.
Como o Exército Imperial cercou Salvador por terra, tornou a cidade dependente dos suprimentos trazidos por mar ou através das vias marítimas costeiras, entre a Ilha de Itaparica e o continente. Em outubro de 1822, Madeira de Melo havia atacado aquela ilha numa tentativa de assegurar essa rota vital, mas foi batido por uma flotilha naval comandada pelo Segundo-Tenente João de Oliveira Bottas. Em janeiro de 1823, com o apoio da Esquadra portuguesa na Bahia, lançou outro grande ataque à Ilha de Itaparica, mas após dois dias de intensos combates foram batidos.
Em abril, chegou à Bahia a Esquadra brasileira comandada pelo Almirante Cochrane, pronta para dar combate à Força Naval portuguesa comandada pelo Almirante Félix dos Campos. O encontro das duas esquadras ocorreu em 4 de maio de 1823 – o resultado desse primeiro combate ficou indefinido, por ter ocorrido desobediência dos marinheiros de origem portuguesa na Esquadra brasileira.
Enquanto a Esquadra brasileira bloqueava a entrada da Baía de Todos os Santos, apreendendo os navios que tentavam furar o bloqueio, as forças de terra comandadas pelo Coronel Lima e Silva tornavam ainda mais difícil a situação em que se encontrava o General Madeira de Melo, que impossibilitado de receber apoio logístico decidiu deixar a Bahia em 2 de julho de 1823 e retornar a Portugal. No mar, a Esquadra brasileira deu perseguição ao inimigo até ter a certeza que rumava para Europa. A Fragata Niterói, comandada por John Taylor, foi destacada para seguir a Esquadra lusa, principalmente para verificar para onde se dirigia e acompanhou-a até o Tejo, fazendo diversas presas.
Partiu então Cochrane a bordo da Nau Pedro I para o Maranhão, onde uma junta governativa ainda resistia ao processo de Independência. Chegou à barra do porto de São Luís em 26 de julho de 1823 e, ardilosamente, anunciou a aproximação de poderosas forças navais e terrestres. Sem ter como constatar que a ameaça não passava de um blefe do experiente chefe naval, o Maranhão decidiu aderir ao movimento de Independência.
O Almirante Cochrane decidiu enviar ao Grão-Pará o Capitão-Tenente Grenfell no comando do Brigue Maranhão, que chegou a Belém em 10 de agosto de 1823. Com o mesmo ardil usado por Cochrane para dobrar a Junta Governativa do Maranhão conseguiu, apesar de ter encontrado alguma resistência, que se proclamasse à adesão do Pará ao Império.
Na Província Cisplatina continuava a resistência de D. Álvaro Macedo – chefe militar português que se opunha à Independência e que, em Montevidéu, organizou uma flotilha com alguns transportes que arrecadara. Em 21 de outubro de 1823, Álvaro Macedo tentou com quatro navios romper o bloqueio imposto pela Força Naval Brasileira formada por sete navios, comandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra Pedro Antônio Nunes. Violento combate foi travado em 21 de outubro de 1823, conseguindo os navios brasileiros impedir a tentativa portuguesa de furar o bloqueio. Esse combate ficou conhecido como o Combate de Montevidéu. Em 18 de novembro de 1823, devido ao cerco terrestre e ao bloqueio naval, os portugueses renderam-se, desaparecendo desta feita o último foco de resistência em todo o território de colonização portuguesa na América.
O instrumento decisivo para alcançar a independência unificada do Brasil certamente foi a feliz decisão do Governo Imperial, sob as influências de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, e Caldeira Brant Pontes, de aprestar uma esquadra capaz de garantir o controle do mar, negando-o aos portugueses; possibilitar o deslocamento de tropas de maneira mais rápida; cortar as linhas de recebimento de suprimento e reforço do inimigo por mar.
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VALE, Brian. Estratégia, poder marítimo e a criação da Marinha do Brasil. In: Revista
Navigator. Rio de Janeiro Serviço de Documentação Geral da Marinha, nº 4, dez. 1971. p. 10.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
ALBUQUERQUE, Luiz Porto e. História do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação
Geral da Marinha, 1985.
CAMINHA, João Carlos Gonçalves. Formação da Marinha Imperial. In: Revista Navigator, Rio
de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, nº 10, dez.1974. p.5-28.
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO DA MARINHA. História Naval Brasileira. Terceiro
Volume, Tomo I. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2002.
VALE, Brian. Estratégia, poder marítimo e a criação da Marinha do Brasil 1822-23. In: Revista
Navigator, Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, nº 4, dez.1971. p. 5-21.
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