Não aconteceu logo de imediato, como poderia ser previsto. Isto abalou a autoconfiança de Tieme, que passara a questionar o seu próprio valor. Afinal, o que ela havia construído mesmo? Teve dúvidas dos resultados profissionais que antes foram tão bem reconhecidos. Estendeu o questionamento para a própria vida, minimizando a construção de sua família, um belo trabalho em equipe, como ela e o Gustavo gostavam de se referir.
Surgiu um primeiro cliente, depois um segundo e ainda outras oportunidades, no ritmo do próprio tempo, este senhor que comanda a vida e sobre o qual não temos poder. As sementes plantadas começavam a dar frutos que precisariam ser bem cuidados.
Mas Tieme estava insegura de seu próprio valor. Será que deveria cobrar pelo seu serviço, mesmo sem estar tão certa de poder dar conta dele? E se não correspondesse à expectativa do cliente? Talvez fosse melhor oferecer o serviço sem cobrar. O segundo trabalho, Tieme rejeitou, alegando uma desculpa qualquer. Amigos e conhecidos acenavam interesse em contratá-la e Tieme desconversava. Na sua cabeça, a questão era: como cobrar pelo seu serviço?
Reflexões levaram Tieme a perceber que havia uma questão anterior a esta. Como Tieme estava percebendo o seu próprio valor, tudo que havia feito, todas as qualificações que conquistou, tudo que havia construído? Se a situação ocorresse com uma outra pessoa, o que Tieme diria para ela?
Tieme refletiu profundamente e, aos poucos, como se estivesse fora dela mesma, as respostas começaram a surgir. Sim, ela tinha valor e competência. Poderia ser útil e fazer diferença. Era justo cobrar. Era uma questão de equilíbrio. Que fazia parte do princípio da reciprocidade, da contrapartida, da devolução. Não funcionaria se não fosse desta forma. Uma coisa seria doar, conscientemente, em uma situação especial; outra, seria não atribuir valor por um serviço profissional. Se não cobrasse, não haveria o momento da doação. Era o que Tieme diria para a própria Tieme.
Seria também o que muitos profissionais diriam para si mesmos. A maior parte deles, principalmente no início, tem dificuldades de cobrar pelo seu próprio serviço, como se fosse algo errado. Que sendo para amigos ou conhecidos então, deveriam oferecer gratuitamente. Não teriam este dilema se estivessem cobrando por um produto material ou por um serviço de terceiros. Muitos mantêm esta dificuldade, mesmo quando já experientes. Isto já aconteceu com você, caro leitor? Como você cobra pelo seu trabalho?
No caso de Tieme, parecia de volta a mulher confiante e empreendedora. Ela buscava agora novas respostas. Qual seria o valor monetário de seu trabalho? O que o mercado paga? Quanto Tieme objetiva ter de renda? Quais os seus custos diretos? Quantas horas pretende trabalhar por semana? Quantas poderia doar conscientemente? Qual o alvo de seu preço-hora? Quais os próximos passos? E mais e mais perguntas surgiam na sua cabeça. Tieme teria agora muito a fazer. E não tinha mais dúvidas: de forma justa, vai cobrar pelo que vai oferecer.
Sobre o autor
JulioSampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista
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