Causador de bronquiolite, VSR provoca 54% das síndromes respiratórias agudas graves em Minas Gerais e já matou 11 pessoas. Crianças de até 6 meses e idosos são os mais afetados
As doenças respiratórias estão no auge e quem pensa que a influenza é tudo, se engana. Um perigo maior ainda ronda todos nesta época do ano e ameaça de morte, principalmente, crianças com idade abaixo de 6 meses e adultos maiores de 65 anos.
É o vírus sincicial, que já responde por 54,4% das síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) em Minas Gerais, em 2019, se configurando como o mais importante do período. Sem vacina específica, a prevenção inclui cuidados básicos de higiene e imunizações direcionadas a outras enfermidades, mas que ajudam ainda a evitar doenças associadas e complicadoras, caso da pneumonia.
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um dos principais agentes das infecções que acometem o sistema respiratório de crianças que estão sendo amamentadas e as menores de 2 anos de idade, sendo responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade. A doença ocorre tanto no hemisfério norte quanto no sul.
Na porção superior do globo, é mais comum entre dezembro e janeiro, enquanto na parte inferior o pico é de junho a setembro.
Mutações Rápidas
O médico faz um alerta. Diferentemente de doenças como a dengue e da própria Influenza, cuja nova cepagem aparece de tempos em tempos ou, pelo menos, entre um ano e outro, no VSR pode haver mais de uma variação do vírus durante o mesmo período de incidência, por causa de sua capacidade muito rápida de sofrer mutações – nesse caso, em questão de dias ou meses. Essa, aliás, é uma característica que dificulta a obtenção de uma vacina, ainda em processo de pesquisa.
Tratamento
A boa notícia é que há tratamento, com o antiviral Ribavirina, imunoglobulina e alguns anticorpos usados em situações específicas. “Não são tratamentos convencionais, mas para situações mais graves”, diz. A contaminação é por vias aéreas e pelas mãos das pessoas (veja arte).
As secreções contaminam as mãos e ficam no ambiente por longo período. Os sintomas aparecem entre quatro a cinco dias depois da infecção. Outra característica letal da doença é o fato de ela ser uma infecção viral passível de complicação por infecção bacteriana.
“Uma gripe forte pode ser sincicial respiratório. Crianças abaixo de 6 meses desenvolvem com muita frequência formas graves da doença e nesse grupo infecções secundárias por bactérias são fatores complicadores”, relata.
Entre as bactérias mais comuns está a pneumococo, que pode levar a óbito. Daí a importância da Pneumocócica 10 Valente, integrante do calendário nacional de imunização, que previne contra pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo. “O próprio sincicial provoca pneumonia e pode evoluir para pneumonia bacteriana”, explica Starling.
Drama de perto
As idas ao Hospital Infantil João Paulo II, localizado na Alameda Ezequiel Dias, no Hipercentro de BH, já se tornaram rotina para Mara Alves Santos. O filho dela, Pedro, de apenas 2 meses, enfrenta um quadro de bronquiolite causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VCR).
“Esta é a segunda vez que ele está internado. A primeira hospitalização ocorreu quando ele tinha 20 dias de vida. O bebê ficou 12 dias no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e cinco na enfermaria. “Depois, meu filho ficou 13 dias em casa e voltou a ser internado, no último dia 10”, detalha.
As dificuldades vividas com o bebê, que nasceu com 37 semanas (oito meses e meio, aproximadamente) não são comuns na família, de acordo com a Mara. “Meu menino de 11 anos nunca sofreu desse problema. Teve algumas gripes e resfriados, mas nenhuma doença respiratória grave”.
Ela também lamenta o fato de a doença ser pouco conhecida no senso comum. “Nunca tinha ouvido falar na bronquiolite. Todo mundo conhece bronquite, mas a doença do meu filho é nos bronquíolos”. (Colaborou Gabriel Ronan)
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