Risco de coágulos permanece por 49 semanas após Covid-19, diz estudo
25 de setembro de 2022

Estudo avaliou histórico de saúde de 48 milhões de pessoas não vacinadas durante a primeira onda da pandemia, em 2020, na Inglaterra e no País de Gales

Segundo estudo baseado no histórico de saúde de 48 milhões de pessoas não vacinadas durante a primeira onda da pandemia, a Covid-19 aumenta o risco de coágulos sanguíneos por pelo menos 49 semanas após a infecção.

A pesquisa, publicada em 19 de setembro na revista Circulation, foi liderada por pesquisadores das Universidades de Bristol e Cambridge, na Inglaterra; da Universidade de Edimburgo, na Escócia; e de Swansea, no País de Gales. Os cientistas analisaram os dados de saúde produzidos entre janeiro e dezembro de 2020, de toda a população da Inglaterra e de Gales, por meio dos sistemas NHS Digital Trusted Research Environment for England e SAIL Databank for Wales.

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O levantamento sugere que as infecções pelo Sars-CoV-2 levaram a um adicional de 10,5 mil casos de infarto, derrame e trombose (entre outras complicações por coágulos) durante 2020 em Gales e na Inglaterra.

Os pesquisadores observaram que, na primeira semana após o diagnóstico de Covid-19, os pacientes tinham risco 21 vezes maior de ter um infarto ou derrame e 33 vezes maior de desenvolver embolia pulmonar ou trombose venosa profunda. Após quatro semanas, o risco diminuiu para 3,9 vezes e 8 vezes, respectivamente.

De 29 a 49 semanas após o diagnóstico, os riscos foram 1,3 vez maior para coágulos nas artérias, e 1,8 vez maior para coágulos nas veias.

“Temos certeza de que o risco cai rapidamente – principalmente para ataques cardíacos e derrames – mas a descoberta de que permanece elevado por algum tempo destaca os efeitos a longo prazo da Covid-19 que estamos apenas começando a entender”, afirma um dos líderes do estudo, Jonathan Sterne, professor de Estatística Médica e Epidemiologia da Universidade de Bristol, em comunicado.

Enquanto a maioria dos estudos aponta o risco de complicações para pacientes hospitalizados, este levantamento considerou também os dados de pessoas infectadas que tiveram quadros leves e intermediários — ainda que o risco para elas não fosse tão grande quanto para as de casos graves.

Os autores calculam que o risco foi maior para homens com mais de 80 anos, representando um adicional de 2 a cada 100 infectados que podem ter derrame ou infarto após a infecção por Covid-19.

“Mostramos que mesmo as pessoas que não foram hospitalizadas enfrentaram um risco maior de coágulos sanguíneos na primeira onda”, aponta Angela Wood, professora de Bioestatística da Universidade de Cambridge. “Embora o risco para esses indivíduos permaneça pequeno, o efeito na saúde do público pode ser substancial e as estratégias para prevenir eventos vasculares serão importantes à medida que continuarmos com a pandemia.”

Os autores também ressaltam a importância de seguir medidas preventivas para pacientes de alto risco, receitando, por exemplo, medicações para baixar a pressão arterial, o que pode reduzir casos sérios de coágulos.

Após analisar os dados de 2020, quando ainda não havia vacinação em massa no Reino Unido, agora os pesquisadores estão focados em avaliar os resultados da imunização nessas taxas de risco, levando em consideração também o surgimento das variantes delta e ômicron.

Fonte: Revista Galileu

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