Rio tem explosão de casos de chikungunya
25 de abril de 2018

De janeiro a março, já são 4.262 pacientes com a doença no estado, equivalente ao total do ano passado e quase o triplo do registrado nos três primeiros meses de 2017

 Após epidemias de dengue e zika nos últimos anos, o Estado do Rio sofre agora com o aumento da chikungunya. Apenas nos três primeiros meses do ano foram anotados 4.262 casos da doença, enquanto em todo o ano de 2017 foram 4.305 registros. O número é quase o triplo do mesmo período do ano passado, de 1.585 casos.

A infecção, assim como a dengue e a zika, é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Os sintomas também são similares: febre alta, dores no corpo e manchas vermelhas com coceira intensa. O que diferencia a chikungunya é geralmente uma dor forte nas articulações que dificulta até atividades rotineiras, como escovar os dentes. Em fases agudas, os sintomas podem perdurar por mais de 90 dias.

Segundo Alexandre Chieppe, médico da subsecretaria de vigilância em saúde do estado, o aumento do número de casos já era esperado. “A chikungunya é uma doença relativamente nova no Brasil, então quase toda a população está suscetível ao vírus, já que ele circula há pouco tempo. Entretanto, ainda são surtos isolados em municípios como São Gonçalo, Niterói e Nova Iguaçu. Isso acende um sinal de alerta para a prevenção, mas não pode ser comparado à dengue”, explicou.
 

Chieppe também é otimista em relação aos próximos meses. “A tendência é o pico de transmissão acontecer entre março e abril. Depois, com a diminuição das chuvas e da temperatura, a população de insetos é reduzida.”

A analista de marketing Anna Ferreira, de 46 anos, contraiu a enfermidade em fevereiro, após um banho de rio em Cachoeiras de Macacu. “Em dois dias, já comecei a sentir os sintomas de fraqueza, que foi evoluindo para dor nas juntas, um mal estar generalizado e febre alta. No hospital, o médico diagnosticou dengue, mas com o passar dos dias fiquei com o corpo coberto de placas vermelhas e inchaço nas pernas e determinaram chikungunya”, relatou.

O quadro de Anna ainda piorou após duas semanas e ela teve de ser internada. “A doença baixou meu sistema imunológico e contraí a infecção erisipela. Foi assustador. Mesmo após 70 dias, continuo sentindo dores nas mãos e no quadril”, disse.

A dor nas juntas também acomete Albertina de Carvalho, de 84 anos. Depois de um ano do diagnóstico da doença, a moradora do Méier ainda sofre com o sintoma. “Quando a mão incha, ela não consegue nem abrir a geladeira. O remédio só alivia por sete dias e a dor volta pior. Até tratamento de reumatologia ela fez”, contou Maria das Graças, nora da idosa, que também teve chikungunya.

Por ser transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a melhor forma de evitar a ampliação da chikungunya é eliminar os criadouros, evitando deixar água parada e destampada ou sem cloro. Ainda não existe vacina contra a enfermidade.

Teste rápido não chegou ao estado

A Fiocruz desenvolveu no ano passado um teste rápido para detectar simultaneamente infecções por zika, dengue e chikungunya.

O chamado Kit Nat possibilita a comprovação da infecção entre 20 e 30 minutos, diminuindo o tempo e possíveis erros de diagnóstico. Além disso, os custos para o SUS (Sistema Único de Saúde) também são reduzidos, pois não é necessário a utilização de estrutura laboratorial para os testes.

Desde agosto de 2017, o Ministério da Saúde incluiu nos procedimentos do SUS o teste rápido, que por enquanto foi distribuído para os estados do Ceará, Amazonas, Roraima, Piauí, Bahia, Minas Gerais e Goiás. O investimento foi de R$ 76 milhões.

O subsecretário de vigilância de saúde do Estado do Rio, Alexandre Chieppe, tranquiliza a população de que o estado tem o suporte necessário para o controle e diagnóstico das três doenças, mesmo ainda sem o teste.

“A rede de saúde está dando conta do aumento do número de casos de chikungunya. E a contingência, que é a preparação para dar conta de uma eventual epidemia, dessas infecções está posta”, explicou ele.

De acordo com Chieppe, os 92 municípios possuem planos de contingência prontos, com ações de prevenção e assistência estruturados contra as enfermidades.