Nipah: Quais os riscos do vírus letal da Índia chegar ao Brasil?
16 de setembro de 2023

Transmitido por morcegos, alimentos, seres humanos e animais infectados, o vírus pode causar inflamação no cérebro

A Índia emitiu alerta nessa quarta-feira, 12, e vem tomando medidas para evitar a propagação do vírus Nipah após confirmar um novo surto da doença e pelo menos duas mortes. O vírus, conhecido desde 1998, é perigoso pois pode causar inflamação no cérebro e levar à morte. As chances de ele se espalhar e chegar ao Brasil, no entanto, são baixas, segundo especialistas escutados pelo Estadão.

Alexandre Naime Barbosa, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), diz que o vírus tem um método de transmissão semelhante ao Ebola, que exige contato próximo, e por isso tende a se espalhar menos e de forma mais lenta. O Ebola é uma doença grava, com taxa de letalidade alta, que já causou alguns surtos em regiões da África.

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“A probabilidade de esse tipo de vírus, com essa forma de transmissão, se alastrar como o coronavírus (transmitido pelo ar), é muito restrita”, afirma Renato Grinbaum, infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Como se dá a disseminação do vírus Nipah?

O Nipah é transmitido principalmente pelo contato com saliva ou urina de morcegos frugívoros – que se alimentam de frutas, são típicos da Ásia e não existem no Brasil – ou de pessoas ou animais que foram infectados ao entrarem em contato com a saliva desses morcegos.

Por conta dessas características de contágio, o vírus é mais comum em comunidades próximas a florestas asiáticas, em especial nos locais mais pobres, onde as condições sanitárias tendem a ser mais precárias e pode haver consumo de frutas mordidas pelos morcegos ou de água contaminada pela urina dos animais.

Desde que o vírus surgiu, em 1998, os surtos foram esporádicos e com número pequeno infectados, o que reforça a expectativa de que este novo surto seja pontual. No entanto, segundo Naime Barbosa, é importante não negligenciar o poder do vírus, principalmente pela sua alta taxa de letalidade – entre 40% e 75%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para o médico, é essencial que uma vacina seja desenvolvida para prevenir que o vírus sofra mutações e se torne mais contagioso no futuro – hoje, ainda não há imunizante contra o Nipah. “As pessoas viajam muito hoje em dia e por isso a importância do que chamamos de ‘saúde global’, em que toda a comunidade médica deve estar atenta a surtos como este, independentemente do local”, afirma.

De acordo com Naime Barbosa, a tecnologia de RNA mensageiro, utilizada em vacinas contra covid-19, pode ajudar a desenvolver um produto mais eficaz de maneira mais rápida. E como método preventivo, ele ressalta que “é essencial disseminar a importância do saneamento básico e de campanhas de orientação à população.”

Grinbaum concorda com o colega e ressalta que o alerta emitido pela Índia e pela OMS não deve ser motivo de pânico na população mundial. Esses comunicados são comuns, segundo o médico, dentro do modus operandi globalizado das equipes de saúde.

“A Organização Mundial da Saúde faz esses alertas por duas razões básicas: para termos uma vigilância e, caso haja algum erro ou aumento na disseminação, isso seja estudado melhor; e para que o infectologista atue na medicina do viajante, orientando quem vai viajar para locais de risco a tomarem os cuidados necessários e se vacinarem, se for um caso em que há vacina disponível”, afirma Grinbaum.

Quais são os sintomas e o tratamento do Nipan?

Não existe cura certa para o vírus Nipah e nem vacina que possa ajudar a prevenir a infecção. De acordo com a OMS, o principal tratamento disponível são os cuidados de suporte, ou seja, controlar os sintomas e garantir que os infectados tenham o máximo de repouso e hidratação possível.

Os infectados apresentam inicialmente os seguintes sintomas:

Febre;
Dificuldade respiratória;
Dores de cabeça;
Vômitos
Ainda segundo a OMS, em casos mais graves, podem ocorrer encefalite (inflamação no cérebro) e problemas respiratórios agudos. Outros efeitos colaterais relatados incluem convulsões, que podem levar o paciente ao coma e alterações de personalidade.

Assim como ocorre com o coronavírus, alguns infectados permanecem assintomáticos.

Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/nipah-quais-os-riscos-do-virus-letal-da-india-chegar-ao-brasil,0185fd20cce4a849402a7494d3926c489shg91z1.html?utm_source=clipboard

 

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