Transmitido por morcegos, alimentos, seres humanos e animais infectados, o vírus pode causar inflamação no cérebro
A Índia emitiu alerta nessa quarta-feira, 12, e vem tomando medidas para evitar a propagação do vírus Nipah após confirmar um novo surto da doença e pelo menos duas mortes. O vírus, conhecido desde 1998, é perigoso pois pode causar inflamação no cérebro e levar à morte. As chances de ele se espalhar e chegar ao Brasil, no entanto, são baixas, segundo especialistas escutados pelo Estadão.
Alexandre Naime Barbosa, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), diz que o vírus tem um método de transmissão semelhante ao Ebola, que exige contato próximo, e por isso tende a se espalhar menos e de forma mais lenta. O Ebola é uma doença grava, com taxa de letalidade alta, que já causou alguns surtos em regiões da África.
“A probabilidade de esse tipo de vírus, com essa forma de transmissão, se alastrar como o coronavírus (transmitido pelo ar), é muito restrita”, afirma Renato Grinbaum, infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Como se dá a disseminação do vírus Nipah?
O Nipah é transmitido principalmente pelo contato com saliva ou urina de morcegos frugívoros – que se alimentam de frutas, são típicos da Ásia e não existem no Brasil – ou de pessoas ou animais que foram infectados ao entrarem em contato com a saliva desses morcegos.
Por conta dessas características de contágio, o vírus é mais comum em comunidades próximas a florestas asiáticas, em especial nos locais mais pobres, onde as condições sanitárias tendem a ser mais precárias e pode haver consumo de frutas mordidas pelos morcegos ou de água contaminada pela urina dos animais.
Desde que o vírus surgiu, em 1998, os surtos foram esporádicos e com número pequeno infectados, o que reforça a expectativa de que este novo surto seja pontual. No entanto, segundo Naime Barbosa, é importante não negligenciar o poder do vírus, principalmente pela sua alta taxa de letalidade – entre 40% e 75%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para o médico, é essencial que uma vacina seja desenvolvida para prevenir que o vírus sofra mutações e se torne mais contagioso no futuro – hoje, ainda não há imunizante contra o Nipah. “As pessoas viajam muito hoje em dia e por isso a importância do que chamamos de ‘saúde global’, em que toda a comunidade médica deve estar atenta a surtos como este, independentemente do local”, afirma.
De acordo com Naime Barbosa, a tecnologia de RNA mensageiro, utilizada em vacinas contra covid-19, pode ajudar a desenvolver um produto mais eficaz de maneira mais rápida. E como método preventivo, ele ressalta que “é essencial disseminar a importância do saneamento básico e de campanhas de orientação à população.”
Grinbaum concorda com o colega e ressalta que o alerta emitido pela Índia e pela OMS não deve ser motivo de pânico na população mundial. Esses comunicados são comuns, segundo o médico, dentro do modus operandi globalizado das equipes de saúde.
“A Organização Mundial da Saúde faz esses alertas por duas razões básicas: para termos uma vigilância e, caso haja algum erro ou aumento na disseminação, isso seja estudado melhor; e para que o infectologista atue na medicina do viajante, orientando quem vai viajar para locais de risco a tomarem os cuidados necessários e se vacinarem, se for um caso em que há vacina disponível”, afirma Grinbaum.
Quais são os sintomas e o tratamento do Nipan?
Não existe cura certa para o vírus Nipah e nem vacina que possa ajudar a prevenir a infecção. De acordo com a OMS, o principal tratamento disponível são os cuidados de suporte, ou seja, controlar os sintomas e garantir que os infectados tenham o máximo de repouso e hidratação possível.
Os infectados apresentam inicialmente os seguintes sintomas:
Febre;
Dificuldade respiratória;
Dores de cabeça;
Vômitos
Ainda segundo a OMS, em casos mais graves, podem ocorrer encefalite (inflamação no cérebro) e problemas respiratórios agudos. Outros efeitos colaterais relatados incluem convulsões, que podem levar o paciente ao coma e alterações de personalidade.
Assim como ocorre com o coronavírus, alguns infectados permanecem assintomáticos.
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