Geralmente é entre 3 e 5 anos que algumas crianças se relacionam com o amigo que só existe na imaginação delas. Longe de ser perturbador, o fenômeno é natural. Mas como reagir à “presença” do amigo imaginário do filho?
Quando Blandine ouviu sua filha de cinco anos conversando sozinha no quartinho dela, ela não deu muita bola. Mas quando Marie quebrou um copo e acusou Bouboule pelo acidente, apontando para o espaço, ela entendeu que sua filha tinha amigo imaginário.
Esse fenômeno, completamente normal, acontece com duas em cada três crianças. Invisível, às vezes representado por um brinquedo ou uma boneca, o amigo imaginário pode ser muito presente ou muito discreto.
Sua função psicológica é plural. Um amigo imaginário pode ajudar a preencher a solidão de uma criança introvertida, especialmente se ela tiver uma grande diferença de idade em relação aos irmãos ou for filha única.
Graças ao amigo imaginário, a criança encena amizades que lhe servem de treinamento para entender e dominar melhor as relações sociais. É também por meio dela que a criança expressa seus pensamentos e sentimentos. Ele também é seu bode expiatório quando faz alguma arte, diz palavrões ou quer fazer o que bem entende.
“Para a criança, a imaginação é uma forma de filtrar a realidade e se proteger dela quando não gosta”, explica o psiquiatra infantil Stéphane Clerget à Aleteia. E para tranquilizar os pais preocupados, ele diz: “Isso faz parte do desenvolvimento natural. O amigo imaginário costuma desaparecer quando a criança entra na escola primária, por volta dos seis ou sete anos”.
Como reagir à presença de um amigo imaginário?
“Não conseguimos ter mais filhos. Isso deve ter afetado nosso filho, Ambroise. Aos quatro anos de idade, ele começou a falar sobre um certo George. Na escola, a professora achou que era o irmãozinho dela”, lembra Alice. A maioria das crianças sabe que seu amigo realmente não existe e os outros não o veem. Mas alguns, especialmente os mais jovens, acreditam firmemente neles.
Nesse caso, é importante não repreender a criança ou dizer que seu amigo imaginário não existe. “Nós aceitamos, ouvimos nosso filho falar sobre isso. E a gente leva em consideração o que ele faz o amigo falar porque é isso que ele quer falar. Por exemplo, se o amigo tem medo de fantasmas à noite, levamos isso em consideração”, aconselha Stéphane Clerget.
Aceitar o amigo imaginário sim, mas sem dar muita importância a ele. “Marie nos disse que Bouboule gostava de cereal de chocolate pela manhã. Agora fico na dúvida se devo acrescentar um prato para Bouboule no café da manhã…”, questiona Blandine, 30 anos. “Não agimos como se ele realmente existisse. Não colocamos um prato na mesa e não falamos com esse amigo. Acima de tudo, não mencionamos se a criança não falar sobre isso”, responde Clerget.
Quando o amigo imaginário faz coisas estúpidas
“Em casa, Paul, o amigo imaginário de nosso filho Augustin, manda no poleiro. Ele contradiz sistematicamente tudo o que dizemos a ele”, desabafa Antoine. Para isso, Stéphane Clerget lembra outra regra importante: responsabilize a criança e lembre-a das regras quando usar seu amigo imaginário.
“Se ele o culpar por seus absurdos, lembramos da regra. Se ele disser: ‘Não fui eu, foi o Zazou que quebrou a lâmpada com a bola’, é uma forma de ele dizer que não fez de propósito. Então dizemos a ele que não importa, não devemos jogar a bola na sala. O mesmo acontece quando o amigo imaginário ‘autoriza’ a criança a fazer coisas que seus pais lhe proibiram. ‘Você deve sempre explicar os motivos das proibições e lembrar que são os pais que decidem em casa e não Zazou’”, insiste o psiquiatra.
Uma vez adaptado o bom comportamento dos pais para com o amigo imaginário do filho, a presença deste novo membro da família não deve preocupar. Ela não tem nada de negativo. Por outro lado, “podemos ter a opinião de um especialista se esse amigo imaginário persistir para além dos sete ou oito anos de idade de uma criança e, sobretudo, se a criança comunicar apenas através deste amigo e não tiver um amigo real, mesmo que tenha distúrbios associados a visões’, conclui Stéphane Clerget.
Fonte: Aleteia
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