“Maio roxo” alerta para as doenças do intestino
13 de maio de 2019

Sociedade Brasileira de Coloproctologia alerta que incidência de doença de Crohn e retocolite ulcerativa vem aumentando nos países em desenvolvimento 

Apesar de não ter causa comprovada, estima-se que as doenças inflamatórias intestinais (DII) estejam relacionadas aos chamados hábitos de vida ocidentais, como alto consumo de comidas gordurosas e produtos industrializados, além de fatores hereditários e imunológicos. No Brasil, as DII atingem 13,25 em cada 100 mil habitantes, sendo 53,83% de doença de Crohn e 46,16% de retocolite ulcerativa, segundo dados apresentados no I Congresso Brasileiro de Doenças Inflamatórias no Brasil (GEDIIB), realizado em abril, em Campinas.

Para conscientizar sobre o problema, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) realiza a campanha Maio Roxo. No Portal da Coloproctologia e na página da Sociedade no Facebook , o público leigo obterá informações e dicas sobre a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Serão realizadas ainda ações de esclarecimento ao público em algumas cidades.

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As DII atingem ambos os sexos, principalmente os jovens (entre 20 e 40 anos), podendo acarretar prejuízos no dia a dia do paciente. “Apesar de ainda não haver uma cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem permitir o controle e uma melhor qualidade de vida”, afirma o presidente da SBCP, Dr. Henrique Fillmann.

Entre os sintomas são comuns diarreia (com pus, muco ou sangue), cólicas, gases, fraqueza, perda de apetite e febre. Podem ocorrer ainda problemas oculares, articulares, cutâneos e no fígado.

Incidência

Em países desenvolvidos a incidência de DII está estabilizada, porém a sua prevalência continua aumentando. “Já em países em desenvolvimento, como o Brasil, devido ao processo de ocidentalização e industrialização, estamos vivendo o que os países desenvolvidos viveram na década de 50, ou seja, um aumento da incidência de DII”, afirma a Dra. Gilmara Pandolfo, membro titular da SBCP.

No estado de São Paulo, a incidência é maior para a doença de Crohn (DC) do que para a retocolite ulcerativa (RCU). A prevalência é 53,05, sendo maior para a retocolite ulcerativa, com 28,5 em cada 100 mil habitantes, e 24,5 em cada 100 mil habitantes para Crohn. De acordo com a médica, esses dados, apresentados no GEDIIB, também podem refletir o perfil das DII no restante do país.

Doença de Crohn

A doença de Crohn é uma inflamação crônica que pode se manifestar em qualquer parte do tubo digestivo (da boca ao ânus), sendo mais comum no final do intestino delgado e do grosso. O tabagismo e o histórico familiar estão entre os fatores de risco da doença.

O diagnóstico é feito por meio da colonoscopia com biópsia. Outros exames como radiografia do abdome, tomografia computadorizada, ressonância magnética e exames laboratoriais auxiliam da identificação.

Em alguns casos pode ser necessário realizar cirurgias para retirada de segmentos do intestino em razão de oclusão, sangramento ou perfuração e tratamento de lesões anais. Também pode ser recomendada a confecção de estomas (bolsas coletoras de fezes acopladas na pele do abdome).

Retocolite ulcerativa

A retocolite ulcerativa é uma inflamação na mucosa do intestino grosso que se caracteriza por diarreia crônica com sangue e anemia. A ausência de lesões no intestino delgado é um dos fatores que podem diferenciá-la da doença de Crohn. O diagnóstico é feito por colonoscopia com biópsia.

Dependendo do caso, o tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico. Também pode ser necessária a colocação de estomas.

Pacientes com DII devem manter uma dieta equilibrada, evitando alimentos gordurosos, como frituras, leite integral e queijo amarelo.

Câncer colorretal

Pacientes com DII possuem maior risco de câncer colorretal quando comparados à população em geral. A colonoscopia é o melhor método para diagnosticar e tratar lesões potencialmente cancerosas relacionadas às DII. Sendo assim, a partir de oito a dez anos de diagnóstico do problema no intestino grosso, recomenda-se a realização periódica do exame.

Fonte: Portal da Coloproctologia