O infectologista Carlos Fortaleza, da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que muitas nunca deixaram de existir, mas maioria tem tratamento
Peste bubônica: também chamada de peste negra, trata-se da mesma doença que dizimou um terço da população europeia na Idade Média. De acordo com o infectologista Carlos Fortaleza, da diretoria da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Faculdade de Medicina da Unesp, hoje não há a probabilidade de epidemia dessa doença porque já existem antibióticos para tratamento. É causada por uma bactéria transmitida pela pulga do rato. A doença se manifesta como antigamente: afeta o sistema linfático, causando inflamação e necrose dos glânglios, que soltam pus pela pele. Se não tratada, mata em duas semanas.
Tracoma: relatada na Antiguidade, ainda é uma das causas de cegueira no mundo, principalmente em países pobres. Segundo o infectologista, a doença nunca deixou de existir, sendo negligenciada. Hoje conta com tratamento simples à base de antibiótico. É causada por uma bactéria e transmitida pelo contato. Está relacionada a condições de higiene.
Tuberculose: o infectologista afirma que, embora tenha vestígios da doença até em múmias do Egito, ela só teve relevância durante a Revolução Industrial no final do século 18. “Foi quando as pessoas passaram a morar de forma aglomerada. Os cortiços facilitaram a transmissão da tuberculose, que é transmitida pelo ar. Seu maior impacto foi no século seguinte. Hoje o tratamento é simples à base de antibiótico, mas ainda é muito disseminada em grupos aglomerados, como presídios.
Malária: descrita por Hipócrates, o pai da medicina, na Antiguidade. Foi desaparecendo da Europa junto com as florestas, segundo o professor. No Brasil, houve diminuição de casos nos últimos 30 anos graças a diagnóstico e tratamento adequados. No continente africano, ainda predomina a malária grave, que corresponde a menos de 10% das contraídas no Brasil.
Varíola: essa doença causou várias epidemias ao longo da história, mas não existe mais desde 1977, quando foi relatado o último caso na Somália. No Brasil, a epidemia mais emblemática ocorreu no final do século 19 no Ceará. Havia local para confinar os doentes que se chamava “campo de concentração”, segundo o professor. A varíola é antiga – primeiro caso foi relatado em múmia do Egito. Quando não matava, a doença desfigurava. Ela gerou a primeira vacina da história. “A doença está erradicada, mas o vírus está armazenado nos Estados Unidos, Reino Unido e Rússia e há o temor de bioterrorismo”, afirma o infectologista.
Hanseníase: tem mais de 2 mil anos. Há cerca de 50 anos ainda havia um desconhecimento total sobre a doença, a antiga lepra. Não se sabia o que causava e como tratá-la e a única alternativa era o isolamento. Hoje o Brasil é o segundo país no mundo com a maior incidência, ficando atrás da Índia. É uma doença infecciosa causada por uma micobactéria considerada “prima” da tuberculose. Hoje seu tratamento é simples, com antibiótico, e tem cura.
Cólera: registrada pela primeira vez na Antiguidade, teve sua origem na Índia. É causada por uma bactéria e transmitida por meio da água. Provoca uma diarreia aquosa que faz com que, em poucas horas, a pessoa perca toda água do corpo e morra. Responsável por grandes epidemias na Idade Média e Idade Moderna, segundo o professor. No Brasil, a maior ocorreu em 1993 no Norte e Nordeste. Ainda pode acometer um grande número de pessoas, embora haja tratamento para combatê-la, segundo o infectologista.
Febre tifoide: causada por bactéria por meio da alimentação. Está diminuindo à medida em que as condições sanitárias melhoram no mundo. Dispõe de tratamento à base de antibiótico bastante eficaz, segundo o infectologista. Há relatos da doença desde a Antiguidade, mas foi descrita somente no final do século 19. Ainda faz vítimas, mas seu índice de mortalidade é baixo.
Fonte: R7
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