Informações foram apresentadas no I Encontro sobre doença renal
Informações da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) ressaltam que a cada ano, são diagnosticados 35 mil pacientes com lesões renais no Brasil. O tratamento preventivo evitaria a atual lista de espera, 12 mil pessoas que aguardam por um transplante ou por uma vaga em clínicas especializadas no atendimento de hemodiálise.
O cenário brasileiro e regional foi apresentado nesta sexta-feira (29), em Campo Grande, durante o I Encontro Público-Privado sobre Doença Renal Crônica e Terapia Renal Substitutiva, no auditório da Assembleia Legislativa.
De acordo com a vice-presidente da Sociedade Latino-Americana de Nefrologia, doutora Carmen Tzanno, muitos desafios precisam ser superados para que os doentes renais crônicos tenham melhor qualidade de vida.
“Atualmente, 7% dos municípios brasileiros têm clínicas de nefrologia, além disso, mais de 65% dos especialistas e dos serviços se concentram na região Sudeste, deixando o Norte e Nordeste em condição precária. Outro problema é a diminuição no número de clínicas que pararam de atender o SUS, sete estabelecimentos somente no primeiro trimestre de 2018”, detalha.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, participou do evento e defende o atendimento preventivo da população, principalmente entre o público com diagnóstico de hipertensão arterial e diabetes. “Estes pacientes são a maioria do público que necessita da hemodiálise, portanto é preciso investir na atenção básica, a fim de evitar que o problema avance. Outro desafio que temos é aumentar o número de transplantados e distribuir de forma mais eficiente os serviços concentrados na região sudeste do país”, observa.
SITUAÇÃO REGIONAL
A presidente da Associação Beneficente dos Renais Crônicos (Abrec) e médica nefrologista, Maria Aparecida Arroyo, o número de pessoas que apresentam doenças renais aumenta anualmente, com proporção de um paciente para cada 10 pessoas avaliadas.
“Temos também a questão do aumento de pacientes idosos, levando em conta que a população aumentou a longevidade. Então esta faixa etária representa atualmente 30% do público que necessita de diálise”, pontua.
Segundo a nefrologista, a eficiência no tratamento de diálise garante uma sobrevida de 20 anos ao paciente que permanece mais tempo no atendimento, limitando assim o surgimento de novas vagas. “Em Campo Grande a situação está sob controle, mas, em algumas cidades do interior a situação se complica, a ponto de alguns pacientes falecerem aguardando tratamento”, acrescenta.
Dados divulgados em 2018 pelo Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica revelam que no Mato Grosso do Sul, existem cerca de duas mil pessoas renais crônicas, sendo que mais da metade do público mora na Capital.
EM BUSCA DA CURA
O cinegrafista, Jairton Bezerra, 44 anos, é doente renal crônico e militante na causa dos pacientes. Diagnosticado há cinco anos, ele acredita que é preciso esclarecer a sociedade sobre as dificuldades que os pacientes enfrentam.
“São várias reivindicações, desde repasses atrasados do SUS para as clínicas conveniadas até a falta de uma Central de Transplante. É inadmissível uma capital como Campo Grande não oferecer esse serviço e por isso, tive que recorrer a capital paulista, aonde estou tentando realizar um transplante”, argumenta.
Em Mato Grosso do Sul existem 12 clínicas que oferecem o serviço de hemodiálise, no entanto, o valor repassado aos conveniados pelo SUS é de R$ 195,00 e há três anos não é feita atualização de valor. O médico Daniel Calazans, que apresentou os dados do censo 2018 do SBN fez uma comparação sobre o reajuste do serviço.
“Em 15 anos, houve crescimento de 15% no valor do repasse, enquanto que o salário mínimo aumentou mais de 400%”, revela.
Fonte: Correio do Estado
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