O Brasil vem registrando nos últimos anos um novo perfil de mortes por doenças. De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde,..
O Brasil vem registrando nos últimos anos um novo perfil de mortes por doenças. De acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, entre 1990 e 2017, houve o aumento de 27% em mortes causadas por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – elas respondem por 73% das mortes no mundo. Está entre as dez principais causas de morte no País. Em suma: a população, que no passado sofria por doenças infecciosas, hoje morre por doenças crônicas. O cenário de doenças crônicas no Brasil foi tema do 14º ENECOB – Promoção da saúde – Os desafios do atendimento aos brasileiros, realizado nos dias 18 e 19 de dezembro no Brasília Palace Hotel.
Dentre as principais causas nesse grupo estão as doenças cardiovasculares, neoplasias e doenças respiratórias. Essa transição acontece pela diminuição da taxa de fecundidade e aumento do envelhecimento, redução de doenças ligadas a situações vulneráveis de infraestrutura e condições nutricionais.
Patrícia Vasconcelos, do Departamento de Vigilância das Doenças Agravos não Transmissíveis do Ministério da Saúde, explica: “Hoje a gente tem um padrão onde existe uma melhora da condição de vida das pessoas, da condição social e em contrapartida existe o consumo de alimentos que não são ricos em nutrientes. Começam a consumir uma alimentação que não é adequada; essa troca de alimentos com muito sódio e açúcar faz também ter esse aumento nas doenças crônicas.”
Determinantes modificadores, como a alimentação inadequada, o tabagismo, a falta de atividade física e o uso nocivo de álcool são os principais fatores resultantes em DCNT. O Ministério da Saúde monitora o cenário por meio de Inquéritos de Saúde de Base Populacional, que monitoram esses fatores de risco e evidenciam uma mudança importante em hábitos da população.
De acordo com a Pesquisa Nacional da Saúde, o tabagismo caiu de 34,8%, em 1989, para 14,7% em 2013. O consumo de álcool se estabilizou e os hábitos saudáveis também estão mais presentes na vida dos brasileiros.
Qualidade de vida
O estímulo da qualidade de vida é importante quando se trata de promoção da saúde. “Não estamos falando só de uma questão de escolha das pessoas, não é a população que escolhe se comportar mal. É fundamental superar essa lógica de cognição do indivíduo. O que está em volta desse processo todo tem um impacto às vezes muito maior que a própria escolha. Existem elementos mais complexos relacionados ao modo de vida hoje da nossa população”, diz a Analista de Políticas Sociais do Ministério da Saúde, Ana Luiza Moura.
A influência de fatores sociais e ambientais no desenvolvimento de doenças crônicas é determinante do processo de intervenção para garantir um modo de vida mais saudável. Acesso aos alimentos, jornada de trabalho, mobilidade urbana e espaços públicos para a prática de atividades são barreiras enfrentadas pela população.
“A gente tem elementos estruturais na sociedade que se a gente não mexer nisso essa escolha ou essa possibilidade vai ficando cada vez mais complicado para o indivíduo. As atividades dificilmente são exercidas quando o contexto em que ele está inserido não favorece” , argumenta Ana Luiza.
Envelhecimento populacional
Nunca tivemos tantos idosos na sociedade. Segundo dados da ONU, a parcela na faixa etária com mais de 60 anos atualmente é maior do que a somatória de todos os idosos na história da humanidade. Dentre as principais causas de morte também estão as doenças cardiovasculares e neoplasias. “O câncer é uma doença do envelhecimento e cada vez mais que a gente tem esse diagnóstico.” explica a Dra Theodora Karnakis, Coordenadora de Oncogeriatria ICESP/ FMUSP e Hospital Sírio Libanês.
Vivemos um marco do envelhecimento ativo, onde cada vez mais temos idosos com autonomia. “A mídia vende muitas vezes a imagem de que envelhecer é uma coisa ruim. O envelhecimento traz perdas, mas pode sim ser bem sucedido a depender da forma que nós trabalhamos isso. Tudo que é ‘anti-age’ vende, mas isso está errado. Todos nós vamos envelhecer e não existem terapias anti-envelhecimento. Existe, sim, um envelhecimento saudável e prevenindo”, explica Dra Theodora Karnakis.
Fonte: Diario da Amazonia
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