Coronavírus: quantas vezes e por quais doenças a OMS já declarou uma ‘emergência de saúde global’
1 de fevereiro de 2020

H1N1, poliomielite, zika e ebola também já foram – e algumas continuam sendo – emergências de saúde globais.

O coronavírus de Wuhan foi declarado uma emergência de saúde global.

O anúncio foi feito na quinta-feira (30/01) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após a confirmação da morte de mais de 200 pessoas na China, onde quase 12 mil casos já foram registrados.

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Até agora, 259 pessoas morreram por causa da doença, todas no país asiático.

Fora da China, cerca de 100 foram confirmados em 24 países. A maioria das pessoas esteve em Wuhan, a província chinesa onde surgiu o novo vírus. No entanto, também existem pacientes infectados por pessoas que viajaram para a China na Alemanha, Japão, Vietnã e Estados Unidos.

A corrida para impedir sua propagação levou as autoridades chinesas a estabelecer quarentenas virtuais para mais de 40 milhões de habitantes.

A OMS declara uma emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII, na sigla em inglês) quando há “um evento extraordinário que constitui um risco à saúde pública de outros Estados através da disseminação internacional da doença”, afirma a agência.

E emite recomendações temporárias que os 192 países membros da organização devem seguir para conter a propagação de uma doença, neste caso o coronavírus ou 2019-nCoV (seu nome técnico).

“Eles devem estar preparados para tomar medidas de contenção, como vigilância ativa, detecção precoce, isolamento e gerenciamento de casos, acompanhamento de contatos e prevenção da propagação 2019-nCoV e fornecer à OMS todos os dados relevantes “, informou o comunicado divulgado pela OMS na quinta-feira.

A organização recomenda que “os países procurem principalmente reduzir a infecção nas pessoas, evitar a transmissão secundária e a propagação internacional e colaborar com a resposta internacional por meio da comunicação e colaboração multissetoriais e participação ativa para aumentar o conhecimento sobre a o vírus e a doença e para impulsionar a pesquisa “.

Antes do coronavírus de Wuhan, a OMS havia declarado a emergência global cinco vezes. E tudo aconteceu nos últimos 20 anos. Confira.

1. H1N1 – 2009

Com a eclosão da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, por sua sigla em Inglês), em 2003, a OMS se propôs a prevenir e controlar novas pandemias.

Em 2005, deu início a uma estratégia de preparação para a pandemia de gripe que exigia que os países desenvolvessem um plano nacional de pandemia e o submetessem à organização.

Esse plano contém as fases de alerta pandêmico, que variam do nível 1, caracterizado por infecções animais e apenas algumas infecções humanas, aos níveis 5 e 6, que incluem uma infecção humana generalizada que atinge proporções globais, explica OMS.

Este novo programa foi testado pela primeira vez com o vírus influenza A (H1N1) que surgiu no México em abril de 2009 e se espalhou rapidamente por todo o mundo.

Os sintomas da gripe incluem febre, tosse, dor de garganta, fadiga, dores musculares e dores de cabeça.

Em junho de 2009, a OMS classificou a influenza A (H1N1) como um nível de alerta 6. E 14 meses depois, em agosto de 2010, anunciou seu fim.

Essa infecção teve um número estimado de mortes variando de 151.700 a 575.400, de acordo com dados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

2. Poliomielite – 2014

Embora em 2012 o mundo estava mais próximo do que nunca da erradicação, o número de casos de poliomielite aumentou em 2013.

A poliomielite é uma doença infecciosa que compromete o sistema nervoso e afeta principalmente crianças. Sua transmissão ocorre de pessoa para pessoa através de secreções respiratórias ou matéria fecal.

Uma em cada 200 infecções causa paralisia irreversível, geralmente das pernas, e 5% a 10% dos doentes morrem de paralisia dos músculos respiratórios, diz a OMS.

Em maio de 2014, a OMS declarou a emergência de saúde pública de interesse internacional.

Naquela época, a organização afirmou, em comunicado, que dez países da Ásia, Oriente Médio e África tiveram surtos ativos que poderiam se espalhar para outras nações através do movimento de pessoas.

E essa emergência ainda é válida. Foram 113 casos de poliomielite até dezembro do ano passado.

“Enquanto houver apenas uma criança infectada, crianças em todos os países correm o risco de contrair poliomielite”, diz a OMS.

Em 7 de janeiro, o Comitê de Emergência da OMS emitiu uma declaração informando que a disseminação internacional da poliomielite continua sendo um problema global de saúde pública.

“O comitê reconhece as preocupações com a longa duração da emergência de saúde global da poliomielite, mas conclui que a situação atual é extraordinária, com um claro risco constante de propagação internacional e a firme necessidade de uma resposta global coordenada”, informou a OMS.

3. Zika – 2016

Em fevereiro de 2016, a OMS declarou o vírus zika uma emergência de saúde global devido à sua rápida disseminação que começou nas Américas.

O zika é transmitido pela picada do mosquito Aedes Aegypti e seus sintomas podem ser confundidos com os da dengue, com febre alta, dor de cabeça, músculos e articulações, inflamação que geralmente se concentra nas mãos e nos pés e pode durar entre quatro e sete dias.

A infecção pelo vírus zika durante a gravidez pode causar o nascimento de bebês com microcefalia e outras malformações congênitas.

Também está associado a outras complicações da gravidez, como parto prematuro e aborto espontâneo.

A emergência global foi encerrada nove meses depois, em novembro de 2016.

De acordo com um relatório da OMS de meados de 2019, um total de 87 países e territórios tiveram evidências de transmissão do vírus Zika por mosquitos nativos.

4. Ebola – 2014 e 2019

O ebola pode se tornar mortal e é altamente contagioso.

Os sintomas são febre alta repentina, fraqueza grave e dores musculares, dores de cabeça e garganta, seguidos por vômitos, diarreia, erupções cutâneas, disfunção renal e hepática e, em alguns casos, sangramento interno e externo.

A primeira emergência global declarada pela OMS ocorreu em agosto de 2014 e durou até março de 2016, registrando 11 mil mortes e quase 30 mil infectados na África Oriental, segundo a OMS.

Uma segunda emergência global foi anunciada em outubro de 2019 e ainda está em vigor hoje devido a um surto da doença na República Democrática do Congo.

De acordo com dados da OMS no final de dezembro, o país está lidando com a segunda maior epidemia de Ebola, com mais de 2,2 mil mortes e 3,3 mil infecções confirmadas desde que o surto foi declarado em 1º de agosto de 2018.

Fonte: TERRA