Chikungunya é uma arbovirose causada por um vírus Chikungunya (CHIKV), transmitida através da picada dos principais vetores, os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictos.
Em 2019, de acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, foram notificados no Brasil, 132.205 casos prováveis, demonstrando um grande aumento na incidência da Chikungunya, com as regiões Sudeste e Nordeste apresentando as maiores taxas: 104,6 casos/100 mil habitantes e 59,4 casos/100 mil habitantes, respectivamente, com a confirmação de 92 óbitos pela doença. O estado do Rio de Janeiro concentrou 65% do número total de casos prováveis e 72% do número de óbitos naquele ano.
O aumento na incidência da Chikungunya no Brasil ocorre devido às condições favoráveis à proliferação dos vetores e à maior transmissibilidade do vírus, como o clima quente e úmido, com chuvas constantes, típico de uma região tropical, predominante em grande parte do país.
As mudanças climáticas rápidas, o desmatamento, a migração populacional,a ocupação desordenada de áreas urbanas e as condições sanitárias precárias contribuem para a transmissão da doença, por criarem um ambiente altamente propício à reprodução dos mosquitos e a disseminação da doença.
A fase aguda da doença costuma durar, em média, 7 dias (podendo variar de 3 a 14 dias), mas, na fase crônica, os sintomas podem persistir por meses até anos, podendo levar a incapacitação e sequelas físicas e psicológicas.
A presença de alguns fatores de risco, como idades extremas, como os recém nascidos, os lactentes jovens e as pessoas idosas, associadas a comorbidades prévias, podem favorecer a cronificação da doença .
O vírus foi identificado no Brasil pela primeira vez em 2014 e, em 2018, já eram registrados quase 88.000 casos prováveis de infecção pelo CHIKV, com 60% ocorrendo na região Sudeste. No ano de 2019, de acordo com os dados publicados pelos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde, o número de casos prováveis havia aumentado ainda mais (132.305), evidenciando a proliferação vetorial e o aumento da transmissibilidade da doença. Além disso, sabe-se que, no Brasil, o estado do Rio de Janeiro é o que possui a maior incidência de Chikungunya, a qual vem aumentando gradativamente com o passar dos anos.
Os dados epidemiológicos demonstram a importância da identificação e notificação dos casos de pacientes portadores da doença, para que sejam elaboradas estratégias eficazes para a prevenção e erradicação da doença.
As manifestações clínicas costumam ser autolimitadas, com febre geralmente aguda, dor de cabeça, dor no corpo, decorrente da mialgia, dores articulares, configuradas por uma poliartralgia intensa, que pode vir acompanhada ou não de edema (inchaço), além de manchas avermelhadas no corpo (exantema maculopapular), com coceira(prurido), náuseas e cansaço. Pode ocorrer também perda de cabelo (alopecia), distúrbios do sono e do humor, alterações da memória, déficit de atenção, turvação visual e depressão.
Nos bebês as manifestações podem ser atípicas, dificultando o diagnóstico e podendo cursar com complicações graves, dificultando o diagnóstico e o inicio do tratamento da doença.
Nestes casos, podemos observar manchas avermelhadas (exantema), com formação de vesículas e bolhas,apresentando descamação das extremidades. Pode ainda apresentar quadro de sangramento nasal, gengival,além de vasculite e outras sintomas mais graves a nível do sistema nervoso central.
Na gestação, a Chikungunya apesar de não estar relacionada a predisposição de abortos ou a efeitos teratogênicos (má formação do feto), a chance de transmissão via transplacentária durante o parto, naquelas gestantes com níveis altos de viremia, pode chegar a 50%.
A prevalência das manifestações potencialmente graves ocorrem mais frequentemente em crianças, apesar de todas as faixas etárias estarem igualmente suscetíveis à infecção pelo CHIKV. Os sintomas apresentados descrevem uma curva em “U”, ocorrendo um pico em lactentes e idosos, e um numero mínimo de crianças mais velhas e adultos jovens.
Os sinais de gravidade devem ser pesquisados em todos os pacientes com Chikungunya, como comprometimento neurológico que se manifesta por irritabilidade, sonolência, dor de cabeça intensa e persistente, crises convulsivas ou fraqueza muscular importante. Dor no tórax, palpitações com ou sem arritmia cardíaca, falta de ar, por acometimento pulmonar e/ou cardíaco. Acometimento renal, vômitos persistentes; sangramento de mucosas; ou outros sinais de choque com instabilidade hemodinâmica; justificam internação em ambiente hospitalar.
O diagnóstico pode ser confirmado pela detecção de RNA viral ou anticorpos IgM e IgG específicos na sorologia. Pode ser feito de forma direta, através da detecção do próprio vírus e do seu RNA, ou de forma indireta, através da pesquisa de anticorpos específicos. A escolha do tipo de teste a ser realizado é definida através da relação entre o momento em que foi colhido o exame e o início dos sintomas apresentados pelo paciente
A prevenção é importante para diminuir o risco da população. O controle de vetores e reservatórios é um dos principais alvos da prevenção. O controle baseia-se, na redução do número de depósitos naturais e artificiais de água que possam predispor a proliferação do vetor. Evitar o acúmulo de água parada, estagnada, incentivar a troca de água em recipientes de planta, ao menos uma vez por semana, evitando a utilização de pratos ou discos na parte inferior. Os locais de armazenamento de água devem ser cobertos.
Nos casos de suspeita da doença, a avaliação em uma unidade de saúde de pronto atendimento é mandatória para um diagnóstico preciso e tratamento dos sintomas.
Fonte: O Fluminense
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