Casos de síndrome respiratória aguda grave voltam a subir no RJ após três meses de queda
26 de dezembro de 2021

Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) voltaram a aumentar no Rio de Janeiro após aproximadamente três meses de queda ininterrupta. Na capital, o número de confirmações semanais saltou de 287 na semana epidemiológica 46 (14 a 20 de novembro) para 633 na semana 49 (5 a 11 de dezembro), uma alta de 120%. As notificações no estado cresceram 30% no mesmo período.

Os dados são da plataforma de informações em Saúde do governo estadual, o tabnet, que segue reunindo informações do Sistema de Informações da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), apesar do sumiço dos dados públicos do Ministério da Saúde nas últimas semanas.

Adapt Link Internet - Black Friday

Para os especialistas, ainda não está claro se o aumento nos indicadores foi provocado somente pela epidemia de influenza na Região Metropolitana ou se também há a influência do próprio coronavírus, cuja nova variante, a Ômicron, tem apenas um caso identificado no estado até agora — uma ocorrência importada na capital, sem transmissão comunitária. No entanto, para o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, o quadro se deve à influenza.

— Tivemos um aumento de casos de SRAG por causa da influenza, e felizmente a maioria desses casos já recebeu alta. Os números absolutos de internações são baixos em comparação com os picos da Covid-19 — diz.

Em todo o estado, o indicador subiu da marca de 700 em meados de novembro para 913 no início deste mês. As notificações totais do estado ainda tendem a ser especialmente subnotificadas, já que muitos municípios não têm a estrutura de que a capital dispõe para atualizar as informações com agilidade.

Esse atraso é a razão por que os números das últimas semanas ainda estão defasados. Para corrigir o problema, o pesquisador Leonardo Bastos, membro do grupo de especialistas Observatório Covid-19 BR e um dos criadores da plataforma InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), submeteu o banco de dados brutos do Sivep-Gripe, onde constam as informações de cada paciente identificado, ao método nowcasting, usado no próprio InfoGripe para detectar variações no cenário epidemiológico em tempo real.

O que ele viu pelas estimativas foi uma ascensão ainda mais acentuada: entre as semanas 43 (24 a 30 de outubro) e a 51, a atual, o número de hospitalizações por SRAG na capital saltou de aproximadamente 250 para cerca de 750, uma alta de 200%. Segundo a análise de Bastos, o aumento foi observado entre jovens adultos (15 a 29 anos) e nos idosos. O grupo de 80 anos ou mais está num patamar aproximado de 200 notificações semanais, um dado que o pesquisador considera preocupante.

— A razão do aumento deve ser influenza e Covid-19 juntos, mas provavelmente com uma proporção maior de influenza. Para confirmar isso, precisamos do dado das pesquisas laboratoriais por amostragem, que têm atraso maior ainda. Então só no ano que vem vamos ter uma ideia do que aconteceu agora em dezembro — diz Bastos.

A maioria dos casos de SRAG identificados passa por internação, que é outro indicador importante para o monitoramento epidemiológico, como mostra o levantamento de Bastos. Na capital, as internações por SRAG cresceram 112% entre as semanas epidemiológicas 46 e 49, quando o indicador saltou de 217 para 462 notificações semanais. No estado, a alta foi de 633 para 800 hospitalizações por semana no mesmo período — um aumento de 26%.

A cidade do Rio tem 11 pessoas internadas com Covid-19 e 25 com influenza. Para Soranz, isso ressalta a força da epidemia de gripe dentro do novo panorama.

— A gente tem mais casos de influenza A H3N2 do que de Covid-19 na cidade. Além disso, nesta época do ano, costumamos ter um aumento nas internações globais por diversas razões. No caso de SRAG, isso acontece por causa do aumento da circulação de pessoas e porque muitas pessoas não têm como cuidar dos idosos, que têm mais chances de desenvolver casos graves — explica o secretário.

Questionada, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que, este ano, foram registrados 362 casos de gripe (H1N1, H3N2, Tipo A sem subtipo discriminado e Influenza B) e 36 mortes pela doença. Em 2019, foram notificados 214 casos de influenza e 69 mortes. A pasta usou como parâmetro o ano de 2019 devido à “atipicidade do ano passado, quando foram notificados 47 casos e 6 mortes por influenza”.

Segundo a SES, em 2021, foram notificados 14 casos e uma morte por H1N1, e 47 casos e sete mortes por H3N2. Já em 2019, foram registrados 170 casos e 63 óbitos por H1N1, e 13 casos e 2 óbitos por H3N2.

A pasta pontua ainda que “o Tabnet recebe dados brutos dos municípios, que precisam passar por revisão para eliminação de inconsistências do banco. As notificações de 2021 referentes à SRAG por influenza ainda estão em investigação e revisão, pois, na Vigilância da Influenza, os casos só são confirmados por diagnóstico laboratorial. Por esse motivo, a SES reforça que os dados oficiais sobre a doença são apenas aqueles divulgados por meio da assessoria de comunicação”.

A SES não informou, contudo, os números referentes aos casos de SRAG. Além disso, nem todos os casos de influenza A H3N2, subtipo predominante nas amostras analisadas este ano por ocasião da epidemia, passam por sequenciamento genômico.

Fonte: Yahoo

Área de comentários

Deixe a sua opinião sobre o post

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentário:

Nome:
E-mail:
Site: