O último registro de sarampo autóctone, ou seja, com transmissão no Brasil, havia ocorrido um junho de 2022, no Amapá
A criança adoeceu em outubro de 2024. O episódio só foi divulgado nesta semana. O último registro de sarampo autóctone, ou seja, com transmissão no Brasil, havia ocorrido um junho de 2022, no Amapá.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, a origem da doença é desconhecida. O paciente não tinha histórico de viagem ao exterior ou de contato com fontes de infecção. Além disso, estava com o esquema vacinal completo. O menino está bem.
“Duas doses oferecem uma proteção muito elevada, em torno de 97%, 98%, mas sempre existe um escape. Em vacinas, em medicina, nunca temos 100%. Isso foi uma falha vacinal. Se essa criança de fato recebeu duas doses, não era esperado adoecer, mas ela está dentro dos 2% que pode acontecer nessa situação”, explica Levi.
Assim que o caso foi notificado, a pasta adotou medidas de controle, o que incluiu bloqueio vacinal e monitoramento de contatos. Até o momento, não houve registro de outros casos suspeitos relacionados ao evento de outubro de 2024, bem como nenhuma nova confirmação no estado.
As equipes de Vigilância Epidemiológica, Atenção Primária e de Imunização da Secretaria da Saúde realizaram uma visita técnica ao município de Itaboraí para acompanhar as ações junto aos técnicos locais.
Em 2024, o estado do Rio de Janeiro notificou 207 casos suspeitos de sarampo, dos quais 205 foram descartados, um foi confirmado e um permanece em investigação. Já em 2025, até o momento, foram notificados 13 casos suspeitos, sendo oito descartados e cinco ainda em análise.
Em novembro do ano passado, após cinco anos, o Brasil foi recertificado pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) pela eliminação de sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita.
Foi a segunda vez que o Brasil recebeu o certificado por erradicação do sarampo. O primeiro foi concedido em 2016, mas perdido em 2018 após fatores como fluxo migratório de países vizinhos, reintrodução do vírus no Brasil e novos surtos da doença.
“O caso dessa criança acende um sinal de alerta que o vírus está circulando. Se ela pegou, tem vírus aqui no Brasil. Isso não nos tira da linha de eliminação, de país livre da circulação do sarampo. Para perder o certificado, tem que ter a transmissão ativa no país, perder o controle do bloqueio dos contatantes daquele caso e a doença se espalhar”, afirma Levi.
Nos Estados Unidos, uma criança morreu por sarampo no oeste do estado do Texas, na quarta-feira (26), segundo autoridades locais de saúde. O óbito é o primeiro de um surto que está se espalhando na região e no estado do Novo México.
A criança de idade escolar não estava vacinada, de acordo com autoridades de Lubbock (Texas) e do Departamento de Serviços de Saúde do Estado.
Quem pode ser vacinado?
O esquema vacinal recomendado pelo Ministério da Saúde prevê duas doses: a primeira aos 12 meses de idade, com a vacina Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola), e a segunda aos 15 meses, com a Tetraviral (que inclui varicela). A cobertura almejada é de pelo menos 95% da população.
Pessoas de 1 a 29 anos devem ter duas doses da Tríplice Viral, enquanto adultos de 30 a 59 anos devem ter pelo menos uma. Profissionais de saúde precisam comprovar duas doses independentemente da idade. Em situações de surto, crianças de 6 a 11 meses podem receber a dose zero.
SARAMPO
Doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode levar à morte. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. Não há tratamento específico contra a doença.
Infectados desenvolvem manchas vermelhas no corpo e febre alta (acima de 38,5°) acompanhada de um ou mais dos seguintes sintomas:
Tosse seca Irritação nos olhos Nariz escorrendo ou entupido Mal-estar intenso; Em torno de três a cinco dias é comum aparecer manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo restante do corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de cinco anos.
De acordo com a médica, o doente pode transmitir para até 16 pessoas. Bebês e imunocomprometidos têm maior risco de evolução para complicação e morte por sarampo, principalmente os desnutridos.
Fonte: O TEMPO

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